Verstappen pega McLaren em reta e embola briga pela vitória no GP da Inglaterra

Em uma manobra ousada, a Red Bull foi capaz de entregar a Max Verstappen um carro velocíssimo em Silverstone — ninguém andou mais em reta do que os taurinos. E isso bastou para que o tetracampeão estragasse os planos da McLaren. A pole, em uma volta daquelas, coloca o neerlandês em uma posição que ele adora, saindo de azarão a favorito. A graça do GP da Inglaterra será entender como os papaias vão lidar com esse Max dono de si, diante ainda da briga interna entre Oscar Piastri e Lando Norris — segundo e terceiro no grid, respectivamente

Bastou apenas tirar um pouco mais de asa. Essa foi a resposta básica da Red Bull para a estonteante pole de Max Verstappen neste sábado (5) em Silverstone. É claro que foi necessário um pouco mais, só que é impossível não apreciar a ousadia dos taurinos. Depois de uma sexta-feira desastrosa em que o neerlandês saiu incrédulo com a falta de desempenho do RB21, a equipe de engenheiros decidiu ir para o tudo ou nada. Inicialmente, foi capaz de minimizar o irritante desequilíbrio da parte dianteira do carro e, na sequência, reduziu a carga aerodinâmica, para voar nas retas e curvas de alta. O resto ficou por conta da genialidade do tetracampeão, que chamou os rivais para o jogo e, sem erros, percorreu os 5.891 m do traçado inglês da F1 em 1min24s892, para tomar para si o posto de honra do grid e alugar uma pequena cobertura na cabeça dos oponentes. Agora, o piloto #1 é também muito favorito à vitória.

A Red Bull promoveu um excelente trabalho em termos de configuração do RB21 entre sexta e sábado. O principal ponto foi neutralizar o problema da frente do carro, que escapava a todo instante. E isso precisou ser feito passo a passo durante o TL3 e a classificação. Não é como se a equipe tivesse eliminado de vez o problema, mas foi possível controlar melhor o carro. Aí veio a decisão de ampliar a performance em reta, uma vez que o carro azul-marinho tinha nas curvas de baixa velocidade um déficit grande para a McLaren. Os técnicos tiraram asa traseira, fazendo o modelo austríaco ganhar velocidade nas retas de Silverstone, uma compensação das mais interessantes. O clima mais frio também ajudou na medida em que mitigou o desgaste dos pneus. Dessa forma, Verstappen se viu com uma grande chance nas mãos e não a desperdiçou.

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"Sabíamos que se conseguíssemos eliminar essa saída de frente do carro, estaríamos entre os primeiros", reconheceu o consultor Helmut Marko aos jornalistas em Silverstone. "Passo a passo, o equilíbrio melhorou. Fizemos uma pequena mudança após a primeira volta no Q3, e então o fator Max Verstappen chegou: uma volta incrível, mais uma vez impecável", completou. O chefe da Red Bull, Christian Horner, foi além. "Uma volta maravilhosa de Max, mas o crédito também é todo da equipe", falou Horner à Sky Sports. "Estávamos ajustando, otimizando tudo, então demos a ele um bom carro para a classificação e ele conseguiu. Uma volta poderosa no final. Cravou a pole, o que é muito especial."

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"Adicionamos um pouco mais de desempenho ao carro e o equilibramos. Verstappen se saiu bem, como sempre faz. Estamos correndo com as asas bem menores. Você pode ver que somos rápidos nas retas e que conseguimos nosso tempo de volta de uma maneira diferente dos outros", confirmou.

"Se isso é bom ou ruim para amanhã, quem sabe? Vamos descobrir", ainda disse o inglês. De fato, será interessante entender como essa opção tão agressiva vai funcionar em corrida. Considerando a pista seca — há uma pequena chance de chuva para o início da corrida —, Max precisa de uma boa largada e, de cara para o vento, pode determinar o ritmo que lhe agradar, pensando também na degradação dos pneus. Agora, se o cenário mudar, o neerlandês terá a seu dispor um carro rápido de reta e capaz de superar os adversários eventualmente. Mas, de novo, o cuidado com os compostos será fundamental. Esse filme já foi visto nesta temporada, inclusive, para o bem e para o mal — Japão e Miami estão aí ainda vivos na memória.

De outro lado, há essa McLaren também muito forte. O líder do campeonato obteve uma importante segunda colocação no grid e é uma ameaça a Verstappen. Embora o acerto do carro laranja seja um pouco mais perto da zona de conforto, ou seja, trabalha melhor nos trechos de baixa velocidade e curvas, a largada segue sendo um ponto crucial para as pretensões de Piastri, que, no fundo, só deseja chegar à frente do companheiro Norris, que sai em terceiro. E talvez essa seja a maior preocupação dos papaias, a briga interna. Só que o disfarce, por ora, reside na apreensão quanto ao que podem fazer os rivais, sobretudo a Ferrari, que larga atrás dos carros britânicos.

"Preciso dizer que, olhando os tempos de volta que a Ferrari tem conseguido em cada sessão, ela parece ser o time mais forte", analisou o chefe Andrea Stella. "Provavelmente, ainda é. Acho que as distâncias estão muito pequenas. E Verstappen saiu para o fim do Q3 alguns minutos depois, ou um minuto depois. Pode haver uma variação de vento que pode afetar aqui e ali", emendou.

Oscar Piastri foi capaz de se colocar na primeira fila, à frente de Lando Norris (Foto: AFP)

"Tudo está muito apertado. É difícil dizer qual é a equipe mais forte, mas a Ferrari definitivamente pareceu ser a mais competitiva, mesmo se olharmos para o Q2. Acho que estavam em primeiro e segundo de forma bem convincente naquele momento. Então, parece que as atualizações que eles levaram para a Áustria estão funcionando muito bem”, destacou.

E falando na Ferrari, Charles Leclerc e Lewis Hamilton vão dividir uma amarga terceira fila do grid. Após um Q2 impressionante, em que a equipe italiana pareceu entregar novamente a performance veloz dos treinos, a fase final da classificação foi uma montanha-russa. De início, Hamilton e Leclerc apareceram bem, mas a tentativa de final de ambos foi marcada por erros, e isso tirou qualquer chance de posições melhores no grid. O heptacampeão, inclusive, apontou onde perdeu tempo e reconheceu que o segundo posto era possível, apesar de Verstappen. De toda a forma, o ritmo de corrida é a arma que o time vermelho tem neste domingo para, ao menos, entrar em uma briga contra a Mercedes de George Russell, a grande surpresa mesmo do top-5.

Apesar do clima ameno em Silverstone, a esquadra prateada enfrentou problemas neste sábado, um pouco devido aos ventos fortes e um pouco em função dos pneus. Mesmo assim, Russell foi capaz de driblar os contratempos e, na volta final, cravou o quarto melhor tempo, também abrindo a chance de uma corrida mais parelha diante da torcida inglesa. E o mais surpreendente: a diferença para Verstappen ficou em menos de 0s2.

Por fim, o GP da Inglaterra também se desenha uma corrida interessante do ponto de vista da estratégia, uma vez que a tática mais rápida se resume a uma parada, com o uso dos compostos médios e duros. Só que, como tem acontecido ao longo da temporada, o domingo tem reservado surpresas neste sentido e, diante de uma pista que força demais os pneus, devido às curvas de alta velocidade, mais de um pit-stop não está totalmente descartado, assim como a utilização dos pneus macios. Isso, claro, se a chuva não se fizer presente.

Lewis Hamilton decepcionou a torcida inglesa em Silverstone (Foto: AFP)

"Nenhuma das estratégias é clara. De fato, a diferença entre simulação para uma corrida com uma ou duas paradas é muito pequena, da ordem de 2 a 3s. Portanto, a escolha dependerá principalmente do desempenho de cada carro e da degradação relativa dos pneus. A escolha mais rápida é usar médio-duro, com um pit-stop entre as voltas 19 e 25. Aqueles que optarem por fazer duas paradas, novamente com o C2 e o C3, devem fazer a primeira entre as voltas 12 e 18 e a segunda entre as voltas 32 e 38", disse Mario Isola, chefe da Pirelli.

"Esta é uma pista muito exigente, devido às altas forças laterais geradas pelas muitas curvas de alta velocidade, e o desgaste real da banda de rodagem dos pneus também é um fator. Todos os três compostos se mostraram viáveis ​​para a corrida. Obviamente, o duro e o médio oferecem um desempenho mais consistente em um longo trecho, mas o macio pode entrar em jogo tanto na largada, para aqueles que buscam recuperar posições na largada, quanto nas etapas finais."

GP da Inglaterra acontece de 4 a 6 de julho, em Silverstone, pela 12ª etapa da temporada 2025. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades AO VIVO E EM TEMPO REAL, além de classificação e corrida em SEGUNDA TELA no YouTube, em parceria com a Voz do Esporte. O Briefing chega para analisar após o fim de cada dia de atividades nas redes sociais e na GPTV.

Além da cobertura tradicional, o GRANDE PRÊMIO estará IN LOCO em Silverstone para acompanhar todas as emoções da etapa com o repórter Leonid Kliuev.

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SessãoBRA*CBVPOR
ANG
MOZ
Corrida11:0013:0015:0016:00

*Horário de Brasília

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