China tem aval do governo e quer usar Fórmula 1 para 'volta à normalidade' pós-covid

Com a determinação da suspensão do fim da quarentena para viajantes a partir de 8 de janeiro, a China quer usar a etapa da Fórmula 1 para recuperar a aceitação internacional do país, abalada por causa da covid-19

Depois de determinar a suspensão da exigência de quarentena para viajantes a partir de 8 de janeiro, a China quer mostrar ao mundo que o país já está voltando à normalidade após mais uma forte onda da covid-19. E as autoridades locais querem usar justamente a Fórmula 1 como carro-chefe para recuperar a aceitação internacional do país.

No início de dezembro, a F1 confirmou o cancelamento da corrida chinesa por conta das restrições anti-covid, que na ocasião estabelecia cinco dias em um centro de isolamento e outros três em casa para aqueles que contraíssem a doença. A categoria entendeu, então, que não poderia pedir às equipes para se deslocarem ao país asiático, já que todos os empregados correriam o risco de serem detidos no caso de uma possível contaminação.

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GP da China não acontece desde 2019 (Foto: F1)

Com a mudança nas regras sanitárias, a intenção da China é manter a etapa da F1 na data original, em 16 de abril. De acordo com o site holandês RacingNews365.com, a promotora do GP chinês, a Juss Events, já recebeu o sinal verde do governo para negociar com a Formula One Group em reunião realizada quarta-feira (4).

Ainda segundo a publicação, a reunião foi presidida pelo secretário do Partido Comunista Chinês, Chen Jining, que planeja usar a F1 para mostrar ao mundo um retorno à normalidade esportiva. O evento também ajudaria a trazer novamente aceitação internacional para o país, uma vez que nações como os Estados Unidos, Japão, Reino Unido, entre outros europeus, voltaram a exigir testes negativos de covid-19 para passageiros procedentes da China — decisão, aliás, que irritou o governo, tanto que a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, ameaçou retribuir a medida na mesma moeda.

Sobre o retorno da etapa para o calendário de 2023, o apoio do governo é um ponto forte e que seria difícil de ser contestado, principalmente pela data original do GP da China ainda estar aberta. Ainda assim, a questão da covid é um fator que preocupa a Fórmula 1. Por conta do aumento das taxas de infecção da doença em solo chinês, a categoria teme que funcionários sejam obrigados a entrar em quarentena no retorno à Europa após o evento.

Há outra questão também comprometida pela quarentena: o circuito de Xangai precisa passar por uma inspeção completa da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) para garantir que a pista esteja de acordo com a certificação Grau 1, exigida pela entidade. Com o bloqueio, nenhuma verificação foi possível. O RacingNews365.com também apurou que uma extensão de contrato da China com a F1 depende da realização da corrida deste ano.

A China estreou no calendário da F1 em 2004. Desde então, foram 16 provas ininterruptas até 2019, a última vez que a categoria correu em Xangai. Na ocasião, Lewis Hamilton comandou o 1-2 da Mercedes junto a Valtteri Bottas, com Sebastian Vettel — então na Ferrari — completando o pódio.