Alpine sai do Bahrein como incógnita do ano: qual a verdadeira face da A523?

A Alpine deixou o GP do Bahrein na sexta colocação do Mundial de Construtores da F1 2023. Mas, analisando tudo que aconteceu no fim de semana da equipe formada por Pierre Gasly e Esteban Ocon, alguém é capaz de afirmar que essa é a posição real dos franceses na ordem de forças? Não parece ser o caso.

Quer dizer, pode ser e pode não ser. Simplesmente porque é impossível cravar se o resultado final no Bahrein subestimou ou superestimou o poder da Alpine. Existem argumentos bem sólidos que podem defender as duas teses, afinal. É hora de tentar entender ambas.

Quarta colocada na F1 2022 após uma disputa estranha, mas apertada contra a McLaren, a Alpine entrou em 2023 como, teoricamente, a equipe capaz de tentar aproximar a 'F1 B' do top-3. Logo na pré-temporada ficou claro que, não, não serão os franceses que farão isso, já que a Aston Martin chegou com tudo com o 'RB18 verde'.

Com um abismo para as três principais equipes e a Aston Martin tão forte, resta, em um primeiro momento, brigar por top-5, ainda que a Alpine use um discurso mais otimista que fala em consolidação como quarta força e aproximação mais feroz do bloco das forças maiores.

“Se Pierre se classificar onde pode e colocarmos os dois carros no top-10, acho que marcaremos muitos pontos e vamos brigar pelo quarto lugar”, cravou o chefe Otmar Szafnauer.

Vamos aproveitar o gancho do dirigente romeno, pois. O primeiro ponto que gera dúvidas sobre a Alpine é justamente a classificação, mas talvez seja o menor deles. É que a nona colocação de Ocon no grid não é nada espetacular, enquanto o vigésimo posto de Gasly, esse sim, parece completamente sem sentido. De todo modo, em volta única, não parece um carro nem perto de brigar por top-4, convenhamos.

Em ritmo de corrida, as dúvidas já são maiores. Pierre fez uma corridaça e saiu de vigésimo justamente para nono, enquanto Esteban pegou o elevador no sentido oposto e saiu de dentro do top-10 para um abandono quando já estava em último, com direito a três punições recebidas, asa quebrada em toque na largada, um festival de tumultos.

“Começando de onde começamos, acho que não tinha muito a mais que pudéssemos conseguir”, explicou Gasly. “Precisamos trabalhar. As quatro melhores equipes estão conseguindo brigar pelo pódio, agora que a Aston Martin encostou nas três principais [Red Bull, Ferrari e Mercedes], mas acho que temos uma ótima base”, avaliou.

Ainda que o incidente da largada tenha comprometido e as punições tenham enterrado as chances de Ocon, o ritmo também não era dos melhores, não. É por isso que é tão difícil cravar se Gasly foi empurrado por um ótimo carro ou se estava em um dia inspirado mesmo e fez milagre.

E ainda tem o lado da equipe nessa história toda, hein? Na reação de Pierre, a Alpine brilhou com dois undercuts e ainda uma chamada perfeita para pneus macios no safety-car virtual. Com Ocon, até erro na hora de pagar punição cometeu. Afinal de contas, qual a face real da operação do time?

A Alpine vem de um ano forte, não parece ter um carro ruim e conta com uma das melhores duplas do grid com Gasly e Ocon, mas tem muito a provar. E a primeira pergunta parece ser clara: vai ser capaz de ter resultados decentes com os dois carros ao mesmo tempo? Se resolver essa questão, ao menos um top-5 deve pegar sem maiores sustos na F1 2023.

A Fórmula 1 continua a temporada com o GP da Arábia Saudita, no circuito de rua de Jedá, entre os dias 17 e 19 de março.

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