Verstappen é favorito em qualquer cenário na Bélgica. Para o resto, é jogo de adivinhação

As condições adversas da sexta-feira (28) em Spa-Francorchamps tornam qualquer análise para a corrida de domingo uma incógnita. Afinal, o TL1 acabou sendo inútil pela chuva e a classificação disse pouco sobre o ritmo real da maior parte do grid. Mas há uma certeza: Max Verstappen, mesmo longe da pole, larga favorito no GP da Bélgica

Há apenas uma constante na Fórmula 1 em 2023. E que nem chuva ou uma eventual punição são capazes de parar. Max Verstappen seguiu seu ritmo forte novamente e se colocou imbatível em Spa-Francorchamps. O holandês até invocou um elemento de suspense na fase intermediária da classificação desta sexta-feira (28), mas ficou só nisso. Quando a coisa foi para valer mesmo e a pista se viu no melhor estado, o bicampeão não hesitou e, mais uma vez, esmagou a concorrência ao cravar o tempo mais veloz do dia, que lhe renderia uma pole avassaladora. No entanto, a troca inadvertida da transmissão vai empurrá-lo para o sexto lugar do grid, dando a Charles Leclerc a chance de partir da posição de honra no domingo. E isso por só já empresta um inesperado ar de imprevisibilidade à competição pelo posto de melhor do resto no GP da Bélgica, mas também chama a atenção para os demais pontos de interrogação que o agitado dia nas Ardenas rendeu.

É que, além da chuva que desabou em Spa, a corrida sprint deste fim de semana também muda a programação técnica das equipes, e isso também faz com que todo mundo assuma alguns riscos a mais. Por exemplo, o longo e complexo traçado belga exige um compromisso com a velocidade pura, mas também demanda downforce e equilíbrio, para um cuidado melhor com os pneus. É preciso escolher suas batalhas, por assim dizer. Ou se tenta ganhar vantagem na grande reta Kemmel ou se procura um balanço para o segundo setor mais sinuoso da pista. Ainda tem o risco da chuva, que acaba sempre por limitar a performance. E foi exatamente isso que aconteceu nesta sexta.

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O primeiro treino livre encharcado tirou qualquer possibilidade de simulação de corrida ou qualquer coisa. Depois, a classificação foi mais uma questão de entender cada fase do que propriamente trabalhar para o domingo. E com um asfalto que foi mudando ao longo do tempo, todo mundo precisou fazer uma escolha. Verstappen e a Red Bull decidiram pela velocidade, talvez já pensando no ganho de posições daqui a dois dias, quando Max sair para uma prova de recuperação. Por isso, o primeiro e o terceiro setores do holandês foram muito fortes. A pole veio na genialidade ao também voar no trecho intermediário — lição que tomou no Q2, quando quase ficou fora da fase decisiva.

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“Foi muito próximo [a eliminação no Q2], as condições estavam muito difíceis, a pista foi secando muito rápido e, na minha última volta, não tive confiança para acelerar no setor 2, então tive muita sorte de ficar na décima colocação. No Q3, tive dois jogos de pneus e pude abusar um pouco mais, que foi o que fiz na última tentativa. Estar na pole novamente é muito bom, apesar da punição, mas foi o melhor que dava para fazer”, reconheceu Verstappen.

"Sabemos que o carro é muito competitivo mesmo nessas situações difíceis e nós demonstramos isso hoje”, emendou o bicampeão, que colocou mais de 0s8 em cima do segundo colocado.

Portanto, é quase impossível imaginar Verstappen fora da briga pela vitória. A única ressalva é mesmo a largada: o piloto do carro #1 está mais atrás do que de costume, em uma pista que tem como primeira curva a apertada La Source. Em condições normais, é uma questão apenas de paciência, como em 2022, quando Max largou de 14º e partiu para um triunfo maiúsculo. Agora, se a chuva der as caras, todo cuidado é pouco, muito embora a sorte pareça estar ao lado do líder do campeonato.

Mas se Verstappen parece favorito em qualquer cenário, a disputa atrás dele se mostra de novo acirrada e também marcada pelas escolhas de cada equipe. A Ferrari preferiu um acerto mais agressivo, mesmo diante do temor do desgaste excessivo de pneus. Leclerc se mostrou veloz desde o início da classificação, com um ritmo maior em linha reta. Mas aqui é importante também destacar que o monegasco foi capaz de superar os problemas que já o afligiram nessa temporada em condições semelhantes de pista úmida/seca, como em Barcelona, por exemplo.

Verstappen crava pole, mas punição tira e entrega a Leclerc: os melhores momentos da classificação do GP da Bélgica de F1 (Vídeo: F1 TV)

“Não foi uma má classificação para nós, especialmente nessas condições, é sempre complicado juntar tudo”, começou Leclerc, que vai largar na pole-position pela segunda vez na temporada – a primeira foi no GP do Azerbaijão. “Trabalhei bastante nessas condições, pois não me sentia confortável algumas corridas atrás, e parece que valeu a pena. Fomos um pouco cedo demais para a última volta, a pole definitivamente não era nossa hoje e o Max estava muito rápido. Poderíamos ter ficado um pouco mais perto, mas temos uma ótima posição de largada para domingo”, acrescentou.

Logo atrás de Leclerc está Sergio Pérez, que enfim foi capaz de chegar mais perto da ponta do grid. O mexicano também tem uma configuração mais próxima do colega de equipe, o que deve tornar o início da corrida dos mais interessantes. Enquanto isso, a segunda fila abre com Lewis Hamilton. E aqui também há um compromisso com a velocidade de reta. A Mercedes decidiu dividir o acerto dos dois carros, e isso explica também a diferença de performance da dupla. No caso, o heptacampeão andou com uma asa traseira com pouco downforce, o que se traduziu em um desempenho impressionante nos trechos de maior velocidade, sobretudo em reta — o inglês lidera, inclusive, o speed trap do dia.

Já a configuração do carro de George Russell, que larga em sétimo, explorou o downforce, daí o melhor ritmo no setor intermediário. É uma opção interessante: embora torne mais difícil a volta única, certamente é um acerto que vai se pagar em corrida, especialmente se a pista estiver molhada. “São asas traseiras diferentes. Lewis foi mais capaz de extrair desempenho com este acerto, já George não rendeu, apesar de ser vantajoso para uma boa performance no domingo”, disse o chefão da Mercedes, Toto Wolff.

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Outra equipe que também optou por um caminho semelhante ao de Russell foi a McLaren. E isso também ajuda a entender a performance mais conservadora dos ingleses. Os carros laranja têm mais downforce e uma asa menos agressiva que a da concorrência. Claramente, a equipe inglesa espera mais da corrida.

E a prova de domingo tem algumas especificidades. A previsão do tempo não chega a descartar completamente a chuva — pois Spa é Spa, e tudo acontecer —, mas a chance de pista seca é grande, então o desgaste de pneus será um elemento decisivo, o que vai colocar à prova as escolhas de cada um. Por ora, é um grande jogo de adivinhação, principalmente diante da chuva esperada para o sábado.

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