Retrospectiva 2022: Aprilia dá salto, e Aleix Espargaró se vê protagonista na MotoGP

A temporada 2022 trouxe protagonistas esperados, mas também deixou a surpreende marca de um Aleix Espargaró no papel de astro, embalado pela evolução da Aprilia, que, enfim, mostrou a que veio na MotoGP

Você sabia que Aleix Espargaró era o piloto que ele mostrou ser na temporada 2022 da MotoGP? Não? Talvez nem ele. Na 13ª temporada da carreira na classe rainha do Mundial de Motovelocidade, o catalão deu um impressionante salto de performance, aproveitando a evolução demonstrada pela RS-GP da Aprilia.

Depois de ter sido uma das peças na evolução da Suzuki, Aleix chegou à casa de Noale em 2017 e amargou todas as dificuldades de um protótipo que tardou a evoluir. A título de curiosidade, somadas as quatro primeiras temporadas com a equipe, o mais velho dos irmãos Espargaró acumulou menos pontos do que em 2022: foram 211 no combinado de 2017, 2018, 2019 e 2020 e 212 em 2022.

Aleix Espargaró deu um enorme salto na temporada 2022 da MotoGP (Foto: Aprilia)
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Mas esta temporada foi diferente. É verdade que o primeiro sinal de melhora veio em 2021 e está ligado a chegada de Massimo Rivola, que trocou a Fórmula 1 pela MotoGP para assumir o papel de diretor-executivo da Aprilia. Com o dirigente, o diretor-técnico Romano Albesiano ficou livre para focar na moto e aí o salto de qualidade finalmente veio.

Ainda assim, ninguém imaginou que a Aprilia pudesse lutar pelo título em 2022. Mas foi o que aconteceu. Ao longo de boa parte da temporada, Aleix seguiu vivo na disputa, mas faltou ao time italiano justamente a experiência de quem já esteve nesse papel. Alguns erros custaram muito, muito caro.

Só que 2022 encerra deixando algumas imagens memoráveis para o piloto de Granollers. A temporada que começou com um quarto lugar no Catar e um nono na Indonésia chegou ao ponto alto na Argentina, onde o irmão de Pol viveu um fim de semana dominante: pole, vitória e volta mais rápida. E ele ainda saiu de Termas de Río Hondo na liderança do Mundial de Pilotos, sete pontos à frente de Brad Binder, o então segundo colocado.

Na corrida seguinte, em Austin, faltou competitividade, mas o 11º lugar não abalou a confiança. Nos quatro GPs seguintes — Portugal, Espanha, França e Itália —, Aleix foi ao pódio pelo terceiro lugar, mantendo uma regularidade impressionante. Na Catalunha, foi quinto depois de um momento bizarro: errou a contagem de voltas e passou a cumprimentar a torcida uma volta antes da bandeirada, perdendo o segundo lugar. Na Alemanha, foi quarto.

No GP da Holanda, Aleix tinha ritmo para vencer, mas acabou prejudicado por um dia ruim de Fabio Quartararo. O francês errou ainda no início da corrida e colocou o catalão para fora da pista. Em uma bela prova de recuperação e com uma dupla ultrapassagem memorável, o mais velho dos irmãos Espargaró assegurou o quarto lugar.

Mas, depois da pausa para as férias, os resultados foram menos brilhantes e o #41 conseguiu um único pódio, um terceiro lugar em Aragão. A principal marca desta fase do campeonato, contudo, foram erros da equipe.

No GP do Japão, por exemplo, os técnicos do time esqueceram de retirar da RS-GP um mapa de motor que limitava o desempenho do propulsor, o que forçou Aleix a fazer um pit-stop para trocar de moto. Resultado? Ele acabou em 11º. Na última corrida do ano, na Comunidade Valenciana, quando ainda brigava pela terceira colocação no Mundial, Espargaró teve de abandonar por uma quebra explicada oficialmente como pane seca. Assim, caiu para quarto na tabela do Mundial de Pilotos, atrás de Enea Bastianini.

Mesmo na quarta colocação, Aleix tem todos os motivos para se orgulhar da temporada, já que deu um enorme salto de performance, foi protagonista e mostrou uma Aprilia muito mais forte do que outrora. Agora, é aparar as arestas e voltar em 2023 para tentar repetir a dose.