Acosta brilha de cara, ganha protagonismo na MotoGP e encanta até adversários
Pedro Acosta não precisou de muito tempo para chamar atenção na MotoGP. Passadas as primeiras duas etapas de 2024, o espanhol já conquistou protagonismo e encantou até mesmo os rivais — inclusive aqueles diretamente ameaçados por ele
Pedro Acosta desembarcou na MotoGP cercado de expectativas. Afinal, o piloto de 19 anos carrega na bagagem dois títulos em apenas três anos de Mundial de Motovelocidade — foi campeão da Moto3 em 2021 e da Moto2 em 2023. E o titular da GasGas Tech3 precisou de só duas etapas para mostrar a que veio.
Ainda na pré-temporada, Acosta mostrou velocidade, se colocando entre os ponteiros aqui e ali. Mas restava uma dúvida: o desempenho seria igualmente bom quando as coisas fossem para valer?
O GP do Catar não serviu para dar certezas, já que era o palco da pré-temporada. Acosta tinha feito muitas voltas na pista de Lusail, então não foi uma grande surpresa quando ele registrou o terceiro melhor tempo nas duas primeiras sessões de treinos. Na manhã de sábado, quando a MotoGP efetivamente definiu quem iria direito ao Q2, já que uma inesperada chuva alterou a programação do fim de semana, o #31 assegurou o sexto posto, indo direto para a fase final da classificação.
No Q2, Acosta foi só 0s341 mais lento do que o pole Jorge Martín e ficou com a oitava colocação. Na corrida sprint, o oitavo lugar não foi ruim, mas tampouco deixou a impressão que viria depois. No domingo, um espanhol atrevido se meteu a fazer ultrapassagens e brigar entre os ponteiros. A inexperiência, porém, cobrou um preço: com os pneus desgastados, Pedro recebeu a bandeirada na nona colocação, 11s595 atrás do vencedor Francesco Bagnaia.
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Mas, desde a fase de testes, Acosta vinha avisando que a performance de verdade seria vista apenas em Portugal, um fim de semana ‘normal’, sem as voltas extras resultantes dos testes. O fim de semana em Portimão começou com um 15º tempo, mais de 1s atrás do líder. O que seria normal para um novato.
No treino seguinte, já valendo para a separação dos dez mais rápidos, Pedro ficou em 11º, a só 0s039 de avançar direto à fase final da classificação. O segundo tempo no Q1 o colocou na briga pelas quatro primeiras filas do grid, e uma volta em 1min38s138 o garantiu a sétima colocação.
Na sprint, Acosta foi sétimo, pouco mais de 5s atrás de Maverick Viñales, o vencedor. Mas, tal qual aconteceu na etapa anterior, o brilho maior veio no domingo. Mais uma vez, o piloto de Mazarrón foi para cima de veteranos da categoria sem maiores dificuldades e, depois de disputas inclusive com Bagnaia e Marc Márquez, se instalou na quarta colocação.
Já no finzinho da disputa, uma quebra de Viñales promoveu o novato ao terceiro lugar, fazendo dele o terceiro piloto mais jovem a conseguir um pódio na classe rainha do Mundial de Motovelocidade.
Se Portugal era um ‘teste’, então Acosta o completou com sucesso.
“Não encontro as palavras para definir o que ele conseguiu”, disse Pit Beirer, diretor da KTM, em entrevista ao jornal espanhol Marca. “Ele está fazendo um trabalho fantástico. Sendo um novato, conseguir um pódio na segunda corrida dele na MotoGP é algo incrível”, seguiu.
“Para nós, parece que ele será um ativo importante neste campeonato, o que nos deixa muito contentes”, avaliou. “Bom, mas do que importante, super importante”, encerrou.
Mas não foi só o chefe que elogiou a atuação de Acosta. Companheiro de GasGas Tech3, Augusto Fernández tem sido massacrado pelo conterrâneo, também porque ainda não conseguiu se entender com o novo chassi de fibra de carbono da RC16, mas não se furtou a elogiar o ex-rival da Moto2.
“O pódio de Pedro é brutal. Tudo que ele está fazendo, no geral”, comentou. “Em um circuito novo, no qual ele nunca tinha treinado com a MotoGP. Temos uma referência muito boa na KTM. O temos dentro de casa, então vamos se podemos copiá-lo e nos aproximarmos”, apontou.
O elogio mais eloquente, porém, talvez tenha vindo de Jack Miller. Com contrato com a KTM só até o fim do ano, o australiano é diretamente pressionado pelo surgimento de Acosta e, até aqui, não está vencendo a batalha. Pedro é o quinto colocado no Mundial de Pilotos, o #43 aparece só em nono, 12 pontos atrás.
“Ele [Acosta] está o tempo todo tocando o solo, parece que a cabeça dele vai encostar no chão em algum momento. O estilo é impressionante, ainda mais quando você vê tudo logo atrás”, afirmou Miller. “Só queria pilotar assim, mas tenho um pouco menos de estilo. Ele está pilotando bem, consegue colocar a moto onde quiser, isso é positivo. Melhoramos muito a KTM nos últimos meses, ele está aproveitando o máximo. Agora temos que entender o que faz diferente e aprender. Tenho 29 anos, mas sigo aprendendo a cada corrida”, acrescentou.
Os elogios mostram que não foram apenas os fãs que foram conquistados por Acosta, mas os próprios adversários já o tem como ameaça e até como um modelo a ser seguido. E foi apenas a segunda corrida.
A MotoGP volta à pista entre os dias 12 e 14 de abril, para o GP das Américas, em Austin, terceira etapa do campeonato de 2024. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.