MotoGP promete atualizar concessões mesmo sem acordo unânime das fábricas

Diretor-executivo da Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, Carmelo Ezpeleta assegurou que o sistema de concessões da MotoGP será atualizado no próximo ano para se adaptar ao atual nível de competitividade da categoria

Chefão da MotoGP, Carmelo Ezpeleta garantiu que o regulamento de concessões será atualizado para o próximo ano mesmo sem o acordo unânime dos construtores. O diretor-executivo da Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, porém, prometeu buscar consenso.

Em junho passado, Carlos Ezpeleta, que, além de filho de Carmelo, é diretor-esportivo da Dorna Sports, sugeriu uma atualização no sistema para permitir que fábricas em dificuldade, como é o caso de Honda e Yamaha, pudessem ganhar desempenho.

Carmelo Ezpeleta garantiu que mudanças serão feitas no sistema de concessões da MotoGP (Foto: Divulgação/MotoGP)

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Pelo regulamento atual da FIM (Federação Internacional de Motociclismo), as concessões são válidas para novos construtores, fábricas que não vencem desde 2013 ou em casos em que uma marca passou toda uma temporada sem marcar pontos de concessão, ou seja, pódios.

Construtores que contam com concessões têm direito a nove motores por temporada ao invés de sete e também têm o direito de desenvolver os propulsores ao longo do ano, já que as peças não são congeladas na primeira corrida. Além disso, eles podem fazer seis wild-cards por temporada e têm mais liberdade para testar inclusive com os pilotos titulares. Essas benesses, contudo, estão atreladas ao desempenho e são perdidas conforme resultados positivos se acumulam.

Honda e Yamaha, porém, não se encaixam em nenhum dos critérios que beneficiaram Ducati, Suzuki, Aprilia e KTM em momentos do passado. A marca da asa dourada tem uma vitória com Álex Rins em 2023, no GP das Américas, enquanto a casa de Iwata foi ao pódio com Fabio Quartararo também em Austin, com um terceiro lugar. Esses pontos de concessão, aliás, consideram apenas as corridas longas.

Ainda assim, a Dorna acredita que o melhor caminho seja ajudar as casas japonesas no confronto com as marcas europeias, que avançaram mais ao longo dos últimos anos. Nem todo mundo concorda, porém. Enquanto a Ducati se mostrou disposta a ouvir a proposta, a Aprilia descartou logo de cara e a KTM chegou a dizer que seria uma “humilhação” para as marcas do Japão.

Na visão de Carmelo, existe uma preferência para que mudanças técnicas feitas durante o prazo de vigência dos contratos dos construtores — que é de cinco anos — tenham a aprovação unânime da MSMA (Associação das Fábricas de Motocicletas Esportivas), mas também é possível modificar as regras apenas com o voto da maioria.

“Por que é difícil? Por que você tem de convencer as pessoas”, disse Ezpeleta ao jornal espanhol Marca. “Temos uma teoria de que as mudanças técnicas no meio do período, que é de cinco anos, sejam feitas com unanimidade. Mas se não puderem ser feitas de forma unanime… bom, teremos de pensar pela maioria. Mas prefiro convencer as pessoas”, comentou.

Ezpeleta usou uma dose de oportunismo para lembrar que a Ducati teve acesso às concessões com o aval de Honda e Yamaha, que hoje precisam de ajuda para acelerar o desenvolvimento.

“Teremos mudanças. As concessões foram criadas quando a Ducati, naquela época, não vencia. E Yamaha e Honda foram generosas em permitir que as marcas que entrassem se beneficiassem”, recordou. “E vamos tentar conseguir isso outra vez para o próximo ano”, avisou.

“Não é que sejam concessões para Yamaha e Honda, é um sistema de concessões mais adaptado para a realidade dos resultados de agora. É uma questão de ser competitivo”, defendeu. “Do ponto de vista moral, aqueles que fizeram concessões são, em teoria, os que mais necessitam agora”, completou.

MotoGP retoma as atividades no fim de semana do dia 3 de setembro, com o GP da Catalunha, a ser disputado em Barcelona. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das classes menores Moto2Moto3 e MotoE.

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