MotoGP festeja na França com espetáculo à altura dos 1000 GPs da história do Mundial

A festa pelo marco de 1000 GPs do Mundial de Motovelocidade foi marcadas por pitadas daquilo que fez a história do campeonato: domínio, disputas, performances maiúsculas e até uma troca de sopapos

A comemoração pelo milésimo GP da história do Mundial de Motovelocidade teve de tudo um pouco. O GP da França reuniu em Le Mans neste domingo (14) pitadas de tudo aquilo que compôs a brilhante trajetória do campeonato nascido em 1949: domínios, disputas acirradas, performances maiúsculas e até algumas cenas lamentáveis.

A quinta etapa da temporada 2023 marcava um dia especial para o campeonato. E, na pista, os pilotos fizeram uma festa à altura. Com o maior público da história do Mundial, a MotoGP esbanjou saúde, mas foi Marco Bezzecchi quem colocou o nome nos anais.

Marco Bezzecchi ficou com a vitória no GP da França (Foto: VR46)

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Com uma atuação quase irrepreensível - salve uma punição por ter colocado Marc Márquez para fora da pista -, o italiano da VR46 disparou tão logo assumiu a ponta e não mais deu chances à concorrência.

“Hoje só larguei melhor e, finalmente, consegui ficar em uma posição decente nas primeiras voltas, então a corrida mudou muito. Estou feliz, porque sofremos muito com esse problema até ontem, então tenho de agradecer a Gigi [Dall'Igna, chefe da Ducati Corse], que me deu uma mão, e também a Vale [Valentino Rossi], que fez isso de casa. Trocamos mensagens para tentar melhorar a largada de todas as formas, e hoje correu bem. E o ritmo de hoje foi muito bom. Estou muito feliz”, destacou Marco em entrevista à emissora italiana Sky Sport. “O ritmo estava muito bom. Na sexta-feira, estava só bom, mas talvez hoje tenhamos ido um pouco melhor. Volta após volta, me senti mais e mais confortável com a moto, então tentei seguir forçando até o final. Felizmente, deu certo”, comemorou.

Ainda, o #72 assumiu que já esperava a punição por ter colocado Marc Márquez para fora da pista na curva 8.

“Na verdade, fui um pouco otimista com Marc, então a punição cabia. Quando vi que tinha de ceder uma posição, tentei ficar calmo, pois sabia que era rápido. Assim que deixei Martín passar, imediatamente tentei voltar para a frente e, felizmente, deu certo”, relatou.

Se não havia disputa pela vitória, a briga pelo segundo lugar foi muito mais intensa. Levando a Honda um passo à frente das possibilidades da RC213V, Marc Márquez sustentou a posição em boa parte da corrida, mas teve de resistir à pressão de Jorge Martín, que tem uma moto reconhecidamente superior.

Durante muitas voltas, Marc resistiu e conseguiu dar o troco no espanhol, mas, com duas voltas para o fim, caiu e abandonou a disputa.

Marc Márquez não completou, mas saiu satisfeito (Foto: Red Bull Content Pool)

“Estava curtindo muitíssimo, como um garoto, como fazia muito tempo que eu não fazia”, disse Marc. “Me cansei muito, porque estava indo ao limite — como se viu durante a corrida —, mas era a única maneira de estar lá. Mas eu prefiro fazer uma corrida como esta e terminar assim, no chão, do que acabar em décimo”, disparou.

“O problema é que eu via o pódio muito perto e sabia que, se Jorge me passasse, na reta seguinte certamente Zarco também passaria”, avaliou. “Foi ali que cometi o único erro da corrida. Mas mostramos que estamos ali, que temos velocidade. Me custou demais ultrapassar e precisei fazer isso em pontos arriscados demais”, justificou.

Apesar da animação com o resultado, Marc reconheceu que, para poder pensar em campeonato, a RC213V precisa melhorar.

“Pesam para o campeonato os pontos que eu podia ter somado, mas, para brigar e ganhar o Mundial, é preciso melhorar a moto”, cobrou. “Nos boxes, já avisei que estou preparado, como há muito tempo não estava. Mas não dá para ir no limite em todas as corridas. Desta vez, salvamos com o pneu dianteiro duro. O mais importante agora é demonstrar que estou aqui e esperar que cheguem coisinhas do Japão”, seguiu.

“O chassi novo contribui um pouquinho, mas não é a solução”, frisou. “Não sei se a solução vai chegar ou não nesta temporada. Eu sou muito exigente comigo mesmo e vou me preparar ao máximo para as próximas três corridas. Estamos longe no Mundial e, quando você perde corridas, o título é um objetivo pouco realista, mas vou seguir dando o máximo”, completou.

Melhor para Martín, que voltou ao pódio da MotoGP e ainda reduziu o atraso que tinha em relação ao líder do campeonato. O espanhol de Madri, contudo, ficou sem a foto que queria.

“A largada saiu bem, mas tive um toque com [Luca] Marini e fui parar em décimo. Depois, fui ganhando posições, mas, quando cheguei em Marc, já sabia que não seria fácil”, assumiu Jorge. “Já ontem eu estive estudando onde poderia ultrapassá-lo, mas não tinha nada claro. Tentei em três ou quatro lugares até que funcionou. Gostaria de ter terminado no pódio junto com ele”, afirmou.

O piloto da Pramac acredita, porém, que sem o duelo com Márquez, poderia ter dado combate a Bezzecchi.

“Tive dois momentos com Marini: um no início, que foi quando fui para décimo, e quando ele caiu, que achei que o atingiria. Mas foi a luta com Marc que me impediu de brigar pela vitória”, apontou. “Acho que tinha um pouco mais, mas teria de ter sido um pouquinho mais ágil”, avaliou.

Para completar a festa dos mais de 116 mil espectadores presentes em Le Mans, Johann Zarco aproveitou para assegurar o terceiro lugar.

“Me sinto muito bem, pois, no fim, eu estava um pouco no limite. Queria alcançar Marc e Jorge, mas estava no limite e não queria cometer nenhum erro”, contou Zarco. “Felizmente, Marc cometeu um erro. Pensei em colocar alguma pressão no meu companheiro de equipe, mas ele estava realmente forte, então o terceiro lugar é bom”, avaliou.

“Estou muito feliz, pois, em comparação com ontem, conseguiu uma largada melhor. Também lidei com a primeira chicane muito melhor, então isso foi positivo para arriscar brigar pelo pódio. Mas Álex Márquez atacou muito forte na curva 6, preferi evitar para não cair e perdi um pouco de tempo. Aí teve a queda do Marini e do Álex, então outros pilotos para evitar. Depois, o ritmo foi bom. Também fiquei surpreso com Augusto Fernández, que estava muito rápido”, acrescentou.

O dia, porém, não foi feito só de belas imagens. Francesco Bagnaia e Maverick Viñales caíram depois de um toque e, ainda na área de escape, o espanhol foi agredir ao italiano, que revidou.

Francesco Bagnaia e Maverick Viñales trocaram tapas e empurrões após acidente (Vídeo: Reprodução / Redes sociais)

“Foi um incidente de corrida, uma circunstância infeliz que, provavelmente, poderia ter sido evitada pelos dois pilotos”, avaliou Pecco. “Ele me passou e a moto dele escapou um pouco da trajetória. Eu mudei a direção naquele ponto, onde teria feito de qualquer forma, mas ele seguiu na direção dele e nossos caminhos se cruzaram. Foram duas trajetórias corretas que se cruzaram no ponto errado. Foi um choque bem violento”, detalhou.

O titular da Ducati só apontou para Viñales ao mencionar as cenas lamentáveis na área de escape. “Só não gostei da reação dele depois da queda, mas a adrenalina e a tensão às vezes pregam peças. Ele ficou muito assustado por ter chegado próximo da barreira de pneus. Isso pode te levar a ser agressivo”, minimizou.

Viñales, por sua vez, assumiu que é difícil saber se existe um culpado no incidente.

“Espalhei demais, depois voltei ao traçado e me encontrei com Pecco naquele momento, achei que ele deixaria um pouco mais de espaço. É difícil dizer se há um culpado entre nós, corridas são assim”, declarou Maverick. “Pecco e eu somos pilotos corretos, não derrubamos ninguém. Temos de nos acalmar um pouco, senão ninguém chega ao final da corrida. Poderíamos ter vencido hoje, é difícil perder pontos”, lamentou.

“A briga? Acontece com a adrenalina, cheguei ao limite. Os pilotos precisam se acalmar mais, temos de dar o exemplo. Fiquei muito irritado porque tinha um grande potencial. Fiquei triste com a queda, foi difícil de aceitar”, concluiu.

MotoGP volta às pistas no dia 11 de junho, para o GP da Itália, em MugelloGRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2023.