Martín x história: só três pilotos reverteram déficit de pontos na final da classe rainha

Wayne Rainey, Nicky Hayden e Jorge Lorenzo foram os únicos pilotos desde a criação do Mundial de Motovelocidade, em 1949, a conseguir reverter um déficit de pontos na corrida final da classe rainha para ficar com o título. Jorge Martín desembarca em Valência com 21 pontos de atraso para Francesco Bagnaia

Jorge Martín luta também contra a história no GP da Comunidade Valenciana deste fim de semana. Além de poder ser o primeiro piloto de equipe satélite a conquistar o título, o espanhol também precisa de uma virada poucas vezes vista na classe rainha do Mundial de Motovelocidade. Nos 74 anos de história do campeonato, apenas três pilotos conseguiram chegar ao último GP atrás na tabela e assegurar o campeonato.

O piloto da Pramac foi o principal adversário de Francesco Bagnaia ao longo de todo ano, mas conseguiu liderar a disputa apenas por pouco mais de 24 horas. Jorge, porém, vinha fazendo um bom trabalho para manter a disputa apertada. Até o GP do Catar.

[relacionadas]

No domingo passado, Martín viu Bagnaia receber a bandeirada em segundo, enquanto ficou apenas em décimo em um desempenho apagado que creditou a um pneu defeituoso. Assim, o #1 abriu 21 pontos de frente, mas com 37 ainda em disputa. Portanto, Pecco tem o primeiro match-point do ano já na corrida sprint de Valência.

Sendo assim, Martín tem uma dura batalha pela frente, uma vez que precisa impedir Pecco de aumentar mais quatro pontos na vantagem para ser campeã no sábado para tentar completar a virada no domingo. A história, todavia, joga contra o #89: só três pilotos conseguiram virar a mesa na corrida final em 74 anos de campeonato.

LEIA TAMBÉM
📌 Bagnaia tem nova chance de título na sprint da MotoGP em Valência. Confira matemática
📌 Classe rainha do Mundial de Motovelocidade decide campeão no último GP pela 20ª vez

Francesco Bagnaia e Jorge Martín vão disputar lugar na Torre dos Campeões em Valência (Foto: Divulgação/MotoGP

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Em 1992, Wayne Rainey conseguiu a virada, mas se valendo de um revés de Mick Doohan. Naquele ano, o australiano teve um início forte de temporada, mas precisou se afastar do campeonato das 500cc por causa de sérias lesões sofridas em um acidente na Holanda.

Por causa da ausência de Mick, o rival da Yamaha conseguiu descontar boa parte dos 65 pontos de vantagem na classificação do campeonato. Mesmo longe da melhor forma, Doohan conseguiu voltar à ativa para as duas corridas finais da temporada, e os dois pilotos foram para a África do Sul em Kyalami, separados por só dois pontos.

Em um esforço heroico, Doohan terminou a corrida em sexto, mas Rainey recebeu a bandeirada na terceira colocação e ficou com o título de 1992, consolidando a primeira virada da história.

14 anos depois, foi Nicky Hayden quem conseguiu reverter o placar para cima de Valentino Rossi na derradeira corrida. O italiano chegou ao GP da Comunidade Valenciana com oito pontos de vantagem para o titular da Honda depois de se recuperar de uma temporada marcada por problemas.

No circuito Ricardo Tormo, porém, o impensável aconteceu. Rossi caiu ainda no início, enquanto tentava se recuperar de uma largada ruim. O #46 até conseguiu voltar para a corrida, mas recebeu a bandeirada só em 13º. O ‘Kentucky Kid’, por outro lado, foi terceiro, atrás de Troy Bayliss — que substituía o lesionado Sete Gibernau — e Loris Capirossi. Assim, o norte-americano foi o último campeão da era das 990cc.

Oito anos depois, a Rossi voltou a sentir a dor de uma virada, mas, desta vez, o algoz foi Jorge Lorenzo, companheiro de Yamaha, que chegou para o GP em Cheste com sete pontos a menos. E em um campeonato dos mais polêmicos.

O multicampeão liderou a maior parte da temporada 2015, mas comprou uma briga com Marc Márquez após o GP da Austrália, acusando o #93 de atuar em favor de Lorenzo. Algo que os italianos acabaram por batizar de ‘biscottone’.

A tensão foi tanta que, na Malásia, na penúltima prova da temporada, Rossi e Márquez travaram um duro duelo que terminou com o piloto da Honda no chão. Valentino foi sancionado por direção irresponsável pelos comissários da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) e acabou recebendo uma pontuação no já extinto carnê de pontos que o jogou para o fundo do grid. Ele chegou a recorrer até na Corte Arbitral do Esporte, mas não teve jeito.

Largando em último, Rossi conseguiu escalar até a quarta colocação, mas uma vitória dominante de Lorenzo em Valência foi suficiente para o #99 virar o jogo e conquistar o título por uma diferença de cinco pontos.

MotoGP volta a acelerar neste fim de semana, com o GP da Comunidade Valenciana, no circuito de Valência, para a etapa que encerra a temporada 2023. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade.

Martín perde fôlego e deixa Bagnaia na cara do gol para bi da MotoGP