Crutchlow pede volta da suavidade da Yamaha e aposta em reação de Morbidelli em 2023

Piloto de testes da marca dos três diapasões, Cal Crutchlow considerou que, na busca por mais velocidade de reta, a YZR-M1 acabou perdendo as características tradicionais da moto. Na visão do britânico, é importante recuperar a suavidade e a calma da moto japonesa

Cal Crutchlow avaliou que a Yamaha precisa devolver a calma e a suavidade da YZR-M1 na temporada 2023 da MotoGP. Na visão do piloto de testes da marca, essas características foram perdidas na busca por mais velocidade de reta, o que acabou tornando o protótipo mais agressivo e impactou diretamente na performance de Franco Morbidelli.

Enquanto Fabio Quartararo chegou à última corrida do ano com chances matemáticas de título, mas acabou derrotado por Francesco Bagnaia, Morbidelli sofreu ao longo de todo o ano e fechou a temporada apenas em 19º, com 206 pontos a menos que o francês.

Cal Crutchlow acredita que Franco Morbidelli poderá ser mais forte na temporada 2023 da MotoGP (Foto: Divulgação/MotoGP)
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Na visão do britânico, que é piloto de testes da casa de Iwata, as dificuldades de Franco são reflexo de uma mudança no estilo da moto, que acabou por exigir uma pilotagem mais agressiva, o que vai contra o estilo natural do ítalo-brasileiro.

Vice-campeão de 2020, Morbidelli chegou ao time de fábrica na reta final de 2021, depois de uma cirurgia no joelho, substituindo Maverick Viñales, dispensado após tentar quebrar propositalmente o motor da moto. O melhor ano de Franco, porém, foi um ano de muita competitividade para a M1, com pódios para todos os quatro pilotos da marca e vitórias para três deles. Em 2022, apenas Quartararo fez da Yamaha uma moto competitiva.

Na visão de Crutchlow, além da velocidade pedida insistentemente por Quartararo para poder lidar com as Ducati, as Yamaha precisa, também, recuperar a doçura perdida, como o próprio Lin Jarvis, diretor da equipe, reconheceu.

“Falando honestamente, acho que a Yamaha precisa voltar a fazer isso para que você não precise ser um piloto agressivo. Essa é a realidade”, disse Crutchlow. “O problema é que — e foi por isso que Franky teve de se tornar um piloto agressivo — a moto ficou assim. E essa não é a filosofia da Yamaha”, apontou.

“Precisamos tornar a moto mais suave e calma. Precisamos trabalhar nisso para o próximo ano e isso vai tornar a moto melhor, no geral”, garantiu.

Cal destacou que a M1 sempre foi a moto mais lenta de reta, mas conseguia recuperar o tempo no restante do traçado. Agora, porém, ela é uma moto mais difícil de guiar, o que dificulta a performance geral.

“A Yamaha sempre foi a moto mais lenta [em linha reta], mas, mesmo assim, a mais rápida na pista na maioria das vezes. Agora, ela está tentando ser mais e mais rápida [na reta] e está mais difícil [de pilotar]”, considerou. “Então acho que, de certa forma, a filosofia precisa voltar”, defendeu.

“E Frankie é um piloto suave de coração. É por isso que espero totalmente que Frankie esteja bem no ano que vem. Ele teve um ano difícil, mas isso não significa que ele não vá voltar”, avaliou.

Cal ficou de fora do teste de Valência, quando Quartararo e Franco apontaram problemas com o novo motor, que perdeu velocidade em comparação com as atividades anteriores, mas tinha rodado uma semana antes, em Jerez, e feito uma avaliação positiva do pacote da YZR-M1 para 2023.

“A nova moto é muito boa em termos de velocidade máxima, mas precisamos trabalhar no resto das coisas para o próximo ano, aí irmos para Sepang de um jeito melhor e estou ansioso para isso”, encerrou.