Williams ensina sobre resiliência na F1 2023. E feitos de Albon já deixam de ser milagres

Se a vida lhe der limões, faça uma limonada! O célebre ditado pode ser perfeitamente encaixado na Williams, que arregaçou as mangas após ter seu simplório assoalho exposto ao mundo e fechou a primeira parte da temporada numa honrosa — e realista — sétima posição no Mundial de Construtores da Fórmula 1 2023

Definitivamente, lanterna é coisa do passado para a Williams na Fórmula 1. Não que a equipe de Grove tenha voltado aos tempos de glória dos anos de 1990, longe disso. A realidade ainda é dura por lá: o time é limitado não apenas ao teto orçamentário, mas à própria estrutura obsoleta da fábrica, então os resultados alcançados por Alexander Albon ainda são grandes feitos. Contudo, já dá para deixar de chamar de milagres.

Após 12 GPs, a Williams chegou às férias de verão na Europa com 11 pontos no Mundial de Construtores, todos com o tailandês. Só que as últimas idas de Albon ao top-10, no Canadá e na Inglaterra, não foram meramente circunstanciais. Em Montreal, inclusive, Esteban Ocon admitiu que era impossível acompanhar o ritmo do carro #23, muito mais rápido em reta, e esse é um dos principais pontos: mesmo problemático, o FW45 é um carro que tende a se sair melhor em pistas de alta velocidade.

Relacionadas

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

A Williams ainda é 'F1 C', mas já deixou de ser a pior do grid (Foto: Williams)

Lá no circuito Gilles Villeneuve, Albon também beliscou o Q3, largando em nono. Depois, em Silverstone, outra pista de alta, alcançou novamente o top-10 da classificação, alinhando em oitavo e mantendo o posto até a linha de chegada. Uma performance suficiente para fechar a primeira parte do Mundial em sétimo e que também muito ensina sobre resiliência.

Resiliência é a capacidade de se adaptar em situações difíceis. De todas as equipes do grid, e por mais que times como Mercedes e Haas também tenham problemas significativos cada uma à sua maneira, a Williams é a que mais entendeu o célebre ditado 'se a vida te oferecer limões, faça uma limonada'! Totalmente exposta após ver o seu simplório assoalho revelado ao mundo, a equipe arregaçou as mangas e, mesmo sem os recursos das principais rivais, promoveu atualizações importantes que surtiram o efeito desejado em seu modesto alvo para 2023.

A prioridade da Williams hoje é bem clara: ser a líder da chamada 'F1 C', que ainda é composta por AlphaTauri, Alfa Romeo e Haas. O sétimo lugar atual, aliás, é algo que James Vowles, o chefão da equipe de Grove, faz questão de salientar que não é mera "questão de sorte".

"Tivemos momentos de sorte, mas também tivemos resultados que estavam no papel, com o desempenho de nosso carro, mas não apareceram na pista. Na Austrália, por exemplo. Onde estamos agora é uma justa reflexão do momento de nosso desempenho. Algumas pistas não vão casar com o carro, mas nossos rivais, como a Haas, vão começar a pontuar, mas em outras pistas teremos a oportunidade de novamente brigar por pontos. Vai ser a história do fim do ano", declarou o dirigente.

Albon, por sua vez, celebrou o fato de que, agora, a Williams consegue se ver na briga por pontos nos finais de semana e que isso só aumenta a confiança e a motivação de todos. E admitiu: se dissessem no início do ano que a equipe inglesa chegaria em agosto em sétimo, não acreditaria.

Ainda há uma batalha árdua e mais complexa pela frente: ter o direito de melhorar suas instalações sem que isso se configure em quebra do teto orçamentário. É uma disputa mais difícil porque também implica nas demais colegas, e algumas já cresceram o olho e lançaram mão do argumento lógico: ora, se a Williams pode usar de capital extra para investir em sua fábrica, por que não eu?

Nomes como Toto Wolff — que trabalhou com Vowles por anos na Mercedes e conhece a fundo o profissionalismo do britânico — entendem e apoiam a causa de Grove, mas também estão cientes de que a solução precisa ser outra. E enquanto um veredito não é dado, a Williams toca o barco como tem feito até aqui: com os pés no chão, dando um passo de cada vez. Porém são passos muito mais firmes e certos da direção a seguir do que antes.