Regularidade x ascensão: Mercedes e Ferrari finalmente se encontram em briga pelo vice

De um lado, a Mercedes, dona da temporada mais linear do grupo abaixo da Red Bull na F1 2023. Do outro, a Ferrari, que subiu bem de nível na Itália e em Singapura, mas que parece ter voltado ao normal no Japão. Num campeonato já decidido há meses, a briga pelo vice de Construtores ganha algum brilho a partir do GP do Catar

A F1 2023 vai ficar para a história como uma das temporadas de maior domínio em todos os tempos e, isso, Ferrari e Mercedes não vão mais conseguir impedir. No entanto, apesar dos títulos já garantidos de Red Bull e, provavelmente no fim de semana, de Max Verstappen, há uma briga pelo vice do Mundial de Construtores que, por mais que não seja o sonho de ninguém, pode ser divertida.

Ninguém aqui quer fingir que uma disputa legal pela segunda posição vai salvar o ano, sabemos que não vai. No entanto, é algo que torna a reta final da F1 2023 menos enfadonha, especialmente pelos envolvidos na peleja: além de quatro ótimos pilotos, são duas das maiores equipes da história da categoria.

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De um lado, a Ferrari, equipe símbolo do que é a F1, a recordista da categoria, mas que, mesmo se um dia perder as principais marcas, vai continuar sendo o sinônimo do campeonato. Do outro, a Mercedes, equipe que dominou a F1 de 2014 até 2020, em uma das grandes dinastias da história.

E é até triste que os caminhos dessas duas gigantes tenham se cruzado tão pouco nesses anos todos de força da Mercedes. 2017 e 2018, tudo bem, quando os italianos tentaram desafiar a supremacia alemã, mas nada muito além disso. Tanto que a animosidade entre as duas nunca chegou nem perto do que rola entre Mercedes e Red Bull, entre Toto Wolff e Christian Horner.

Lewis Hamilton faz forte temporada 2023 na F1 (Foto: Mercedes)

Em 2022, a disputa entre as duas pelo vice ficou no quase. É que a Ferrari começou o ano muito forte, chegou até a sonhar com o título, mas logo foi amassada pela Red Bull. Depois, caiu ainda mais com novas diretivas da FIA, só que não o suficiente para ser alcançada por uma Mercedes que iniciou a temporada toda capenga e terminou levemente em alta com seu conceito zeropod.

Agora, há uma disputa, isso é fato. Com a Red Bull já campeã, a regular Mercedes surge em segundo, com 305 pontos, enquanto a Ferrari é a terceira colocada, com 285. A Aston Martin sumiu e não deve ir muito além dos 221 atuais, enquanto a McLaren, com 172, vive ótima fase, mas está muito distante. É um duelo pelo vice, então.

E a briga reflete bem o que é a temporada 2023 até aqui. Estão se enfrentando a Mercedes, equipe mais regular de todas que estão abaixo da Red Bull, e a Ferrari, time que também teve alguma consistência, mas que inegavelmente evoluiu, a ponto de atingir o maior ápice das rivais taurinas no ano, inclusive vencendo o GP de Singapura.

“Será apertado, porque Mercedes e McLaren também estão super próximas. Então, será um fim de temporada animado. Só é uma pena que seja pelo segundo lugar, e não pelo título”, reconheceu Charles Leclerc, botando alguma expectativa no duelo.

Sainz comemorou a primeira vitória da Ferrari em 2023 (Foto: AFP)

Daqui para frente, é até difícil fazer alguma projeção, ainda que as últimas provas indiquem clara tendência de alta na Ferrari, enquanto a Mercedes parece levar o campeonato todo em banho-maria. Ainda assim, os alemães têm um mérito impressionante de aparecerem em segundo quase o ano inteiro mesmo sem nunca estarem com o segundo melhor carro.

Isso vem muito por três motivos: primeiro e óbvio é que a Mercedes tem ótima dupla de pilotos. Ainda que George Russell não esteja nem perto da excelência apresentada em 2022, é muito talentoso e Lewis Hamilton dispensa maiores apresentações, é talvez o maior de todos os tempos. Indo além: o W14 é mais um carro bem confiável das Flechas de Prata e isso faz diferença, além do toque corriqueiro que o time consegue dar em estratégias e coisas do tipo. A Mercedes fabrica bem seus pontos, digamos assim.

A Ferrari, por sua vez, tem um carro melhor. Não o tempo todo, claro, mas hoje é melhor. E se a dupla da Mercedes é ponto forte, a dos italianos também não deve ser desprezada: Carlos Sainz vive seu melhor momento, enquanto Leclerc faz, sim, um bom trabalho.

Só que as ótimas duplas também podem causar problemas nessa disputa pelo vice. É que há uma tensão clara entre Russell e Hamilton, bem como um incômodo de Leclerc com o crescimento de Sainz. Em uma briga tão parelha, qualquer faísca interna pode servir para implodir tudo.

A F1 2023 certamente não vai ser lembrada por uma briga pelo vice, mas Mercedes e Ferrari podem, pelo menos, fazer disso algo divertido a partir do GP do Catar. É o que nos resta.

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