Mercedes nega preocupação com censura da FIA: "Temos de ver como será aplicado"

Medida polêmica da FIA causou preocupação na Fórmula 1, mas Toto Wolff — chefe da Mercedes — acredita que a interpretação do regulamento não será tão dura como se espera

A Fórmula 1 divulgou, logo antes da virada do ano, que os posicionamentos políticos dos pilotos serão censurados a partir da temporada 2023 — obviamente, a nova resolução da FIA causou clamor e caiu como uma bomba na mídia especializada, trazendo o foco para a gestão polêmica de Mohammed Ben Sulayem, presidente da entidade. Por outro lado, o austríaco Toto Wolff acredita que as coisas podem ser diferentes na prática.

O chefe da Mercedes sugeriu que a aplicação das regras na vida real pode não ser tão rígida como prevê o regulamento, e vê "boas intenções" na medida proposta pela FIA. No entanto, pediu para que a entidade converse com pilotos que já tenham se posicionado no passado, uma clara referência aos protestos do heptacampeão Lewis Hamilton.

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"Precisamos ver como isso realmente será aplicado", disse Wolff. "Entendemos que esportes não estão aqui para fazer política, mas pelo contrário: para unir. Não tenho dúvidas de que Mohammed [Ben Sulayem] e a FIA têm boas intenções, querem fazer a coisa certa. É apenas sobre alinhar isso com os pilotos que já se posicionaram no passado", explicou.

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Lewis Hamilton protesta no topo do pódio do GP da Toscana de Fórmula 1 (Foto: Reprodução)

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"Sempre que Mohammed falou com Lewis [Hamilton], ou o contrário, isso terminou em uma conversa positiva", afirmou. "Então, não tenho dúvidas de que, uma vez que as pessoas sentem juntas à mesa, as coisas não vão parecer tão duras quanto um comunicado fora de temporada", destacou.

Chefe da Williams a partir da temporada 2023, James Vowles foi mais enfático do que o ex-chefe e disse que os pilotos deveriam ter o direito de expressarem aquilo que acreditam. Para isso, também pediu uma conversa interna entre os competidores e a FIA, para que se possa resolver a situação sem envolver a mídia externa.

"Em termos de posicionamentos políticos, sinto que nossos pilotos devem ter liberdade para expressar o que acreditam e o que sentem, obviamente em um ambiente sensível e controlado", afirmou Vowles. "Precisamos apenas de uma conversa sobre o que foi feito até aqui, acho que é o principal. Divulgar na mídia provavelmente não é o melhor caminho", avaliou.

"Precisamos de uma boa conversa interna, porque tenho certeza de que todos queremos a mesma coisa: o crescimento do esporte, o esporte se tornando melhor como resultado", ressaltou. "Mas ao mesmo tempo, também [precisamos] dar voz às pessoas", encerrou.