Verstappen passa ileso por bagunça dos pneus e vence GP do Catar. McLaren completa pódio

O caos previsto não aconteceu. O que se viu, na verdade, foi mais um passeio de Max Verstappen, fechando o fim de semana do tricampeonato com a vitória no GP do Catar

A promessa era de um verdadeiro caos, mas ficou só na expectativa. E ainda que o salseiro tivesse acontecido no Catar, dificilmente Max Verstappen seria afetado. Mais uma vez, com a tranquilidade que virou marca na temporada 2023, o holandês cruzou a linha de chegada em primeiro, fechando o fim de semana do tricampeonato na Fórmula 1 com chave de ouro.

A corrida começou a ser desenhada horas antes da largada, após FIA e Pirelli determinarem, em conformidade com as equipes do grid, que os stints realizados não poderiam ultrapassar 18 voltas com pneus novos; com os usamos, a perna seria ainda menor, uma vez que os giros já realizados em sessões anteriores seriam levados em consideração.

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Tudo isso em nome da segurança, após a Pirelli constatar um desgaste perigoso dos compostos de mais de 20 voltas no único treino livre realizado sexta-feira. Mesmo com a mexida nos limites de pista de duas curvas, julgou-se ser mais prudente determinar quantas trocas de pneus deveriam acontecer.

Para se ter uma ideia do pandemônio que poderia se formar, nem todos os pilotos foram à pista com pneus médios novos, como o caso de Hülkenberg. Seu pneu de faixa amarela em melhor vida útil já tinha quatro giros na conta, ou seja: se tal composto fosse o escolhido para um determinado stint, o piloto da Haas só poderia dar 14 voltas na pista com ele antes de parar novamente.

E foi um conta-reconta a todo momento. Só que, na prática, o troca-troca mexeu pouco com as estratégias dos ponteiros, tirando George Russell. O britânico acabou se envolvendo num acidente com o companheiro de equipe, Lewis Hamilton, na primeira curva e precisou fazer uma corrida de recuperação, arriscando os macios no último stint para brigar pelo pódio contra os carros da McLaren. Só que não houve tempo para o #63 buscar o top-3.

No final, Oscar Piastri, vencedor da sprint, ganhou a queda de braço contra Lando Norris e completou em segundo. Russell ficou em quarto, com Charles Leclerc levando a única Ferrari presente na corrida — Carlos Sainz não largou por um vazamento de combustível no carro — ao quinto posto.

Fernando Alonso assegurou o sexto lugar, Com Esteban Ocon, Valtteri Bottas, Lance Stroll e Pierre Gasly fechando o top-10.

A Fórmula 1 volta daqui a duas semanas, entre os dias 20 e 22 de outubro, em Austin, com o GP dos Estados, o primeiro da última perna tripla da temporada. E o GRANDE PRÊMIO acompanha tudo.

Um desolado Lewis Hamilton após a trapalhada na primeira curva do GP do Catar (Foto: AFP)

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Confira como foi o GP do Catar de Fórmula 1:

No grid, duas mudanças importantes: Pérez teve de trocar vários componentes no motor e largou do pit-lane, enquanto Carlos Sainz foi surpreendido com um vazamento de combustível em sua SF-23 e nem foi para o grid. Com isso, um buraco formou-se onde seria o 12º, se após a volta de apresentação, Hülkenberg não prestou atenção e colocou o carro exatamente no colchete onde o #55 alinharia. Os 10s de punição foram inevitáveis.

Quatro pilotos decidiram começar a prova catari com a borracha mais macia: Lewis Hamilton, Valtteri Bottas, Liam Lawson e Kevin Magnussen, sendo que o finlandês da Alfa Romeo foi para a corrida sem compostos novos. O restante do grid foi para os médios, exceto Pérez, que começou dos boxes após trocar motor e escolheu os duros novos disponíveis, mesmo sabendo que não poderia ir além de 18 voltas.

O #44 da Mercedes justificou sua opção pela borracha mais macia prometendo ataque já na primeira curva, e foi o que aconteceu. Só que o cálculo foi um pouco além da conta: em terceiro, Hamilton tentou tomar a posição de Russell na partida para atacar Verstappen, mas George manteve o traçado e até espalhou um pouco para fechar qualquer espaço. Lewis, então, forçou para cima do companheiro pelo lado de fora e o acertou em cheio, levando a pior e indo parar na brita da curva 1.

"Fui tirado da corrida pelo meu próprio companheiro de equipe", bradou Hamilton pelo rádio, enquanto a primeira reação de Russell foi totalmente censurada pela transmissão. Ao rever o lance pelos telões, o #63 seguiu incrédulo: "Sinceramente, estou sem palavras. Não pude fazer nada. Totalmente ensaduichado", ao que o engenheiro retrucou: "Mantenha a cabeça no lugar, foque na corrida."

O safety-car, então, foi acionado, e Bottas, Magnussen, Stroll e Lawson aproveitaram para realizar a primeira rodada de paradas. Russell também conseguiu resistir na corrida após visitar o pit-lane, não sem antes seguir com as reclamações pela confusão com Hamilton.

Batida entre Hamilton e Russell na primeira curva do GP do Catar em Lusail (Vídeo: Reprodução/GIF F1)

A relargada aconteceu na abertura do giro 5, e Verstappen comandou a fila com a precisão já costumeira, abrindo 1s2 para Piastri — que escapou do enrosco das Mercedes na primeira curva e pulou de sexto para segundo.

Relegado ao fundo do pelotão, Russell efetuou boa ultrapassagem sobre Pérez no miolo do traçado de Lusail, conquistando a 13ª posição. Enquanto isso, Piastri tomava a volta mais rápida de Verstappen e diminuía a diferença em 0s1. Alonso, Leclerc, Ocon, Norris, Gasly, Hülkenberg, Tsunoda e Albon completavam o top-10 após oito voltas completadas.

Volta 11, Alonso e Gasly entraram para realizar suas respectivas trocas, os dois colocando compostos médios já usados. Piastri e Leclerc entraram na sequência, os dois também escolhendo compostos médios, porém a McLaren calçou o #81 com um conjunto usado.

A rodada de pits continuou, e agora Norris foi na leva calçar mais um jogo de pneus de faixa amarela. Russell também efetuou mais uma troca (médios). Enquanto isso, na pista, Verstappen seguia na liderança, com Albon, Pérez e Zhou na sequência — os únicos ainda sem paradas.

O pit-stop de Max veio no giro 17, sem nenhuma falha, mas proporcionou a Alexander Albon liderar ao menos até chegar à entrada dos boxes para realizar a sua própria troca mais que obrigatória. Pouco mais atrás, Piastri abria caminho e voltava à segunda colocação, 8s1 atrás do agora tricampeão.

Albon fez sua parada e retornou à pista em 14º com mais um jogo de pneus médios. Posições restabelecidas, Verstappen seguia na liderança, com Piastri, Bottas, Alonso, Stroll, Norris, Leclerc, Ocon, Gasly e Russell — com duas paradas — completando o grupo dos dez primeiros. No ranking da borracha, Lawson, Zhou e Hülkenberg eram os únicos com os compostos duros.

Volta 25, Leclerc, Piastri e Ocon foram chamados aos boxes para a segunda janela de pits. A Ferrari, então, optou por colocar o jogo duro novo disponível para o monegasco, assim como o francês da Alpine. O composto de Piastri também foi novo — o único conjunto médio que o australiano tinha. Norris entrou na 28 e também gastou o seu set novo de pneus de faixa amarela.

Na volta 33, Russell efetuou a sua terceira parada e calçou o seu W14 com um jogo novo de pneus duros, retornando em quinto, em posição interessante para ainda tentar uma briga pelo pódio contra os carros da McLaren após toda a confusão na largada. A diferença para Zhou — com apenas uma parada e com pneus já chegando no limite da vida útil — era de 0s6,

Na mesma volta, Alonso escapava da pista logo após a segunda parada, retornando de um jeito que não escapou do olhar dos comissários.

Volta 35, Verstappen fez nova parada para colocar o composto duro novo e retornou ainda na liderança, 6s à frente de Piastri, que já vinha com um médio de 10 giros completados. Norris, Russell, Leclerc, Alonso, Ocon, Bottas, Gasly e Stroll completavam o top-10 após o giro 39.

Mais uma janela de pit-stops, enquanto Pérez tomava mais 5s de punição — o segundo da noite por excesso de limites de pista — na conta. Logan Sargeant, por sua vez, abandonava, mas agora sem acidentes: o americano começou a passar mal durante a corrida e foi instruído pelo próprio chefe, James Vowles, a deixar a prova.

Volta 44, e Piastri fez sua terceira parada, essa agora para ir até o fim. E como tinha um jogo de compostos duros novos, a escolha foi certeira. Norris entrou na sequência e fez o mesmo, assim como Ocon, só que o francês calçou os médios zero km.

Volte em instantes.