Verstappen entra para salão de gala da Fórmula 1 em tri poderoso e sem precedentes

Max Verstappen pavimentou o caminho até o tricampeonato com atuações brilhantes e um poder de domínio de todos os fundamentos do esporte raramente visto. É bem verdade que não teve adversários, devido à especial incompetência das equipes rivais, mas é ainda certo dizer: o holandês não se deixou levar apenas por guiar o carro mais rápido do grid. Max apresentou sempre seu melhor e se colocou imbatível. Agora, já senta na mesa dos grandes nomes da Fórmula 1 com honras

Enfim, o tricampeonato. Nunca houve realmente dúvida sobre o talento e a habilidade de Max Verstappen. Desde os seus precoces anos na F1, estava claro ali que se tratava de alguém que, mais cedo ou mais tarde, se tornaria campeão do mundo. O primeiro título veio depois de uma batalha épica contra um dos nomes mais fortes da história deste esporte, sacramentando aquela impressão inicial. Foi um campeonato duro — como tende ser o primeiro—, mas que o colocou à prova e no qual ele jamais esmoreceu. A segunda taça já foi construída de forma mais calma, corrida a corrida, na experiência. Mas é a terceira, conquistada agora, em um inusitado sábado, que dá a dimensão do que é feito esse piloto que mudou regras e reescreveu a jornada dessa modalidade chamada Fórmula 1.

Apesar do semblante de menino, Max sustenta já uma carreira sólida e madura no Mundial. Aos 26 anos recém-completados, o holandês guia como um veterano. Tem um estilo de pilotagem único, cerebral e um sentido aguçado, tanto que consegue ir além daquilo que o ótimo carro que pilota pode entregar — um exemplo é a abissal diferença que impõe ao companheiro de equipe, Sergio Pérez. Aqui, é importante dizer que, mesmo antes de ter nas mãos um equipamento vencedor, o taurino sempre esteve à frente da máquina. Acontece que, em 2023, ainda que Adrian Newey tenha projetado um dos melhores carros que já feitos em Milton Keynes, foi Max quem deu um toque de magia ao dominar a temporada de uma maneira talvez nunca vista.

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Verstappen soube se impor, não deu espaços a ninguém e nem se permitiu errar. Ao longo do campeonato, empilhou vitórias esmagadoras e diluiu qualquer sonho dos adversários. Entregou sempre o melhor. Equilibrou velocidade, agressividade e paciência. Aliás, talvez essa seja uma de suas qualidades que poucos falam: antes de ter atravessar esse período fantástico, Max viveu fases difíceis na Red Bull, especialmente durante a hegemonia da Mercedes. Mas jamais desistiu. E neste ano, não só impôs uma nova supremacia, como foi além dos anos de alta performance da esquadra alemã.

O piloto #1 da Red Bull abriu 2023 com vitória. É bem verdade que sofreu dois reveses: na Arábia Saudita e no Azerbaijão, quando viu Pérez trunfar. Por um momento, o mexicano se colocou na briga, mas Max tratou de anular qualquer intenção do colega.

Isso aconteceu no GP de Miami, quinta etapa do campeonato, quando havia um triunfo para cada lado. Foi lá que o holandês reestabeleceu a história e tratou de findar qualquer esperança de disputa. Foi impactante, porque o bicampeão largou apenas de nono, enquanto o rival saíra da pole. O piloto #1 abriu caminho rapidamente, enfrentou até alguma resistente de Pérez, mas foi soberano, para voltar a vencer. A partir daí, o líder do campeonato se tornou absoluto e passou a viver um Mundial à parte.

Verstappen emplacou impressionantes oito vitórias em sequência (Miami, Mônaco, Espanha, Canadá, Áustria, Inglaterra, Hungria e Bélgica, incluindo as sprints nesse período, que foram realizadas no Red Bull Ring e em Spa-Francorchamps. E foram triunfos em todo o tipo de situação. Largando da pole, longe dela, no piso molhado, em diferentes estratégias, temperaturas, pneus e até mesmo potenciais rivais.

Na volta das férias, o filho de Jos Verstappen retomou o caminho dos triunfos e ganhou na Holanda e na Itália. As conquistas o colocaram em um outro patamar: recordista de vitórias em sequência: dez, entre Miami e Monza. Aí veio a derrota em Singapura, em um fim de semana totalmente atípico da Red Bull, mas que o piloto ainda foi capaz de salvar um top-5.

Uma semana depois, no Japão, Verstappen voltou ao controle para vencer e garantir o hexacampeonato da Red Bull, bem como ficou a um passo do tri, que veio neste sábado (7), na sprint do GP do Catar. Não ironicamente, um acidente com Pérez na volta 11 acabou garantindo o título — soberania de Max foi tamanha que ele desembarcou em Lusail precisando de apenas 3 pontos para fechar o campeonato. Aconteceu antes mesmo da bandeirada.

Max Verstappen entrou para a pesada galeria dos tricampeões da Fórmula 1 (Foto: Red Bull Content Pool)

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Em um ano de impecável, Verstappen agora entra de vez no salão de gala do Mundial com um tri sem precedentes, diante de uma temporada próxima da perfeição que construiu, com uma série impressionante de triunfos e belas atuações, além da própria jornada, que começou quando tinha 17 anos apenas — algo que forçou a Federação Internacional de Automobilismo a mudar as regras para entrada de novatos, inclusive. Cresceu diante dos olhos do público, moldando seu talento natural e se transformando em um nomes mais importantes do automobilismo mundial.

Portanto, Max divide a mesa com multicampeões nesse ambiente seleto da Fórmula 1 e pode se colocar ao lado de Ayrton Senna, Nelson Piquet, Jack Brabham, Jackie Stewart e Niki Lauda com todos os méritos. E mais que isso, é simbólico pensar que a trajetória do holandês está muito longe de acabar.