Pirelli corre contra tempo para viabilizar banimento dos cobertores de pneus na F1
Além de testes na próxima semana, a Pirelli terá sessões em junho e julho para comprovar eficiência de pneus sem aquecimento artificial na F1
Que a Fórmula 1 tem tomado decisões em prol da sustentabilidade ao longo dos últimos anos, não há dúvidas. E uma deles é a possibilidade da extinção dos cobertores de pneus a partir da temporada de 2024, cuja fornecedora, a Pirelli, já iniciou um processo de adaptação.
Ao todo, a fabricante italiana terá maistrês testes ao longo deste ano para desenvolver essa ideia em pista. A primeira das oportunidades ocorrerá já na semana seguinte à abertura do campeonato, no Bahrein, quando algumas equipes testarão os compostos sem aquecimento oriundo dos cobertores.
Além disso, dois dias de testes estão previstos para depois dos GPs da Espanha, em 4 de junho, e da Grã-Bretanha, em 9 de julho. Após isso, será batido o martelo se a F1, de fato, não terá aquecimento artificial dos pneus a partir do campeonato de 2024.
“A ideia de remover os cobertores é algo que discutimos há anos”, garantiu o chefe da Pirelli F1, Mario Isola. “E é uma meta comum – o que significa FIA, F1, equipes, Pirelli, promotores – alcançar a neutralidade de carbono até 2030”, concluiu.

Atualmente, a Pirelli foca esforços na criação de pneus intermediários e slicks capazes de alcançar a temperatura adequada de maneira mais rápida, sem o aquecimento artificial. Nesse sentido, os pneus de chuva parecem mais adiantados, uma vez que a fornecedora exclusiva da F1 já testou com aparente êxito essas opções, no ano passado.
“Testamos alguns pneus para chuva antes das férias de Natal”, contou Isola. “Essa também foi a nossa prioridade porque no ano passado os pilotos não estavam satisfeitos com os pneus para chuva. Encontramos um novo composto capaz de funcionar sem cobertores”, enfatizou.
“Fizemos uma comparação com o pneu velho com manta, no frio, porque em dezembro não tivemos calor”, seguiu. “E testamos em Paul Ricard, Fiorano e Portimão. Nesses circuitos diferentes, com três equipes diferentes e cinco pilotos diferentes, os comentários foram positivos – melhor aquecimento e melhor desempenho”, concluiu.
Vale destacar que a economia com a extinção dos cobertores de pneus se dará por conta da dispensa da energia elétrica utilizada para aquecer o composto. Muito embora seja um dos grandes defensores de ações sustentáveis na F1 atual, Lewis Hamilton demonstrou preocupação com a possibilidade de extinção dos cobertores de pneus após um teste, em fevereiro passado, no circuito de Paul Ricard.
"Acho que é perigoso", garantiu o heptacampeão. "Testei (os pneus) sem cobertores e haverá um incidente em algum momento. Então, como fator de segurança, acho que é a decisão errada", finalizou.
Isola, contudo, destacou algumas condições para rechaçar a opinião de Hamilton. Entre as quais, o fato de os pneus ainda não serem as versões que estarão à disposição das equipes, no ano que vem.
“Lewis testou os pneus em Paul Ricard no início de fevereiro”, comentou o chefão da Pirelli. “Estava bastante frio nesse período e claramente testamos alguns pneus que não são a versão final dos que queremos homologar sem cobertores”, concluiu.
A temporada 2023 de F1 começará neste domingo (5), com o GP do Bahrein.