Vice-prefeito é afastado por suspeita de fraude no autódromo de Santa Cruz do Sul

Elston Renato Desbessell e outros cinco servidores municipais foram afastados de suas funções por suspeitas de fraudes em licitações, incluindo na reforma do autódromo gaúcho que recebeu a Stock Car em 2022

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) iniciou, na última terça-feira (14), a fase ostensiva da chamada 'Operação Controle' com o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), na cidade de Santa Cruz do Sul. A investigação é de suspeitas de fraudes — que podem chegar até R$ 47 milhões — e uma delas na licitação da reforma do Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul.

Estão sendo cumpridas 139 ordens judiciais contra os investigados: o vice-prefeito da cidade, Elstor Renato Desbessell (PP), e outros cinco servidores municipais, todos afastados de suas funções, suspeitos de envolvimento nos crimes e com restrições patrimoniais por fraudes em licitações, peculato – desvios de valores públicos realizados por funcionários públicos – e lavagem de dinheiro.

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A investigação começou em junho de 2022 e descobriu que o núcleo político é chefiado por um vereador que tem ligação com algumas empresas ao atuar como advogado delas. A "organização criminosa planejou, fraudou e direcionou licitações, bem como fez contratos de aluguéis de secretarias municipais em casa de festas e em empreendimento imobiliário de empresas investigadas, sem interesse público, com dispensa de licitação, valores com sobrepreço e prorrogações contratuais fraudulentas", informou o GAECO.

Uma das acusações se dá pela reforma do Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, que recebeu a Stock Car em novembro de 2022 e que tem contrato com a categoria para voltar em 2024. De acordo com o GAECO, além de fraudada e superfaturada, a obra foi executada com má qualidade. O vice-prefeito, quatro servidores municipais, quatro vereadores, cinco empresários e outras seis empresas são investigados pelas irregularidades.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul iniciou, na última terça-feira (14), a fase ostensiva da chamada 'Operação Controle' com o GAECO (Foto: Reprodução/MPRS)

"Há indícios de possíveis fraudes e peculatos na reforma e pavimentação do autódromo, com direcionamento de licitação, superfaturamento e depois ainda com aditivos contratuais injustificáveis, que elevaram o valor contratual em mais de R$ 3 milhões. Além disso, a obra foi mal planejada e mal executada, colocando em risco a segurança dos pilotos da Stock Car em novembro do ano passado", disse João Beltrame, promotor de justiça.

“Há indícios de que a organização criminosa tentou obter ilegalmente de valores públicos. Nesse caso, uma das empresas investigadas elaborou novamente um projeto técnico e definiu os valores da obra – orçada em mais de R$ 8 milhões – e inseriu no edital uma cláusula restritiva de concorrência para o fim de direcionar o certame", completou Érico Barin, também promotor de justiça.

O GRANDE PRÊMIO procurou a assessoria do vice-prefeito, bem como a Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul. Até a última atualização desta reportagem, não houve retorno. Também procurada pelo GP, a Stock Car afirmou que "espera que tudo seja esclarecido o quanto antes".

"Esperamos que tudo seja esclarecido o quanto antes e torcemos para que Santa Cruz do Sul possa voltar em breve ao calendário de todas as categorias brasileiras, não só da Stock Car. No mais, manifestamos nosso apreço tanto pela pista e o público gaúcho em geral, que há mais de quatro décadas nos recebe com entusiasmo e paixão pelo esporte", disse a principal categoria nacional.

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