CEO da McLaren critica gestão da Indy e avalia permanência: "Precisam continuar evoluindo"

Apesar de comemorar nova sede da McLaren, Zak Brown explicou que time pode deixar Indy no futuro: "sucesso não chega somente cortando custos", disse

Zak Brown, CEO da McLaren, é uma das vozes mais críticas à gestão da Penske Entertainment à frente da Indy. Ao longo dos anos, o dirigente tem sugerido e pedido mais investimentos para a categoria crescer. O norte-americano manteve o discurso, mas foi além: disse que se o campeonato não crescer, o time pode sair da Indy no futuro.

Brown explicou que a possibilidade de deixar a Indy passa por alguns fatores, como a opinião do conselho e acionistas da McLaren, além da viabilidade comercial da categoria. Por enquanto, a operação se mostra saudável — e até por essa razão o time adquiriu a antiga sede da Andretti, que é quase três vezes maior do que o espaço atual dos papaias —, mas o dirigente pediu que a Penske Entertainment tenha uma postura mais ofensiva para crescer.

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"Tem algumas pequenas coisas que chegam juntas [à nova sede]. O carro é o que é, mas poderemos ter tecnologia que Penskes da vida podem ter, mas não temos espaço [físico] atualmente. Não acho que essa seja a bala de prata, mas estamos progredindo. Temos todos os ingredientes e fizemos a mistura, mas não pusemos no forno", disse Zak Brown em entrevista ao jornal Indianapolis Star.

"Mas se o esporte não faz as coisas certas, não vamos a lugar nenhum. As coisas corretas precisam ser feitas. De tempos em tempos, acionistas me perguntam: ‘por que estamos fazendo isso? Por que estamos fazendo aquilo? Qual é o modelo de negócios? Que valor isso agrega?’", prosseguiu o dirigente da McLaren.

Projeção da nova sede da McLaren (Foto: McLaren)

"Nós não compramos uma equipe da Indy para estar nela só por um tempo. Agora, poderíamos operar uma equipe no IMSA SportsCar com a nova sede? Com certeza. Amamos a Indy, a América do Norte é extremamente importante para nós, temos uma grande história na categoria, mas a Indy precisa continuar evoluindo", completou o CEO da McLaren.

Zak Brown voltou a criticar a postura focada em cortes de custo que Indy e concorrentes da McLaren tem adotado nas reuniões entre os chefes e donos de equipe. O norte-americano trouxe à tona uma discussão sobre o aumento no valor dos crachás, o que foi bastante contestado pelo dirigente, que apontou que as conversas precisam ser focadas no crescimento da categoria.

“Há uma diferença entre colocar dinheiro para manter a categoria funcionando e jogar no ataque. Como esporte, falamos muito sobre corte de custos e pouco sobre crescimento. O sucesso nunca vai chegar apenas cortando gastos. Claro, contenção é importante, mas sinto que nas reuniões em que participo, 70% é sobre cortes e 30% sobre crescer — e isso deveria ser o contrário”, destacou o dirigente da McLaren.

“Estava em uma reunião e alguém estava reclamando do aumento no custo dos crachá, e eu pensei: ‘Se o preço não tivesse subido, estaria tudo bem?' Não. Prefiro ter grandes números de audiência na TV, mais e melhores eventos que gerem muito mais receita comercial. Não me importo com quanto pago nos meus crachás", continuou Brown.

Pato O'Ward celebra vitória em Toronto com CEO da McLaren, Zak Brown (Foto: IndyCar)

"Quando falamos sobre o novo carro, recentemente, falamos demais sobre corte de custos e pouco sobre desempenho. Um dono de equipe disse: ‘podemos garantir que o que fizermos com o câmbio permita usar as mesmas relações de marcha? Porque já tenho um monte’ E eu fiquei tipo: ‘sério mesmo que você está falando de relações de marcha?’”, completou o CEO da McLaren.

Utilizando o Mundial de Endurance (WEC) como exemplo, Brown foi mais enfático: se a Indy deixar de crescer e não for viável comercialmente, a McLaren terá indicativos de quem chegou o tempo de sair da categoria.

“Se o esporte não crescer, então sim… mas estou com uma mentalidade de ataque, não de defesa, então vou fazer tudo que puder para garantir que o esporte cresça, falar sobre isso, ser construtivo e positivo", apontou Brown.

"Por que não entramos no WEC antes? Porque os custos estavam fora de controle e a competitividade não era boa. Então sim, se o cenário mudar e a Indy deixar de ser viável comercialmente — por causa de corridas ruins ou da perda de um parceiro de TV — essas questões certamente serão levantadas", encerrou o CEO da McLaren.

Indy retorna neste domingo (27) com o GP de Laguna Seca, que acontece no circuito localizado em Monterey, na Califórnia.

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