Bird desaprova tentativa da Fórmula E de correr em Silverstone: "DNA está nas ruas"
Sam Bird disse que a procura cada vez maior da Fórmula E por circuitos permanentes gera uma mudança de filosofia que a categoria não deveria ter e destacou que as provas vão gerar cada vez mais comparações com a Fórmula 1, que tem uma proposta bem diferente
A notícia de que a Fórmula E analisa uma mudança da etapa inglesa do calendário de Londres para Silverstone traz uma mudança brusca de cenário, que sairia de uma pista urbana e travada para um circuito permanente e muito mais largo. Esse é um novo passo da modalidade para executar uma mescla no calendário entre circuitos permanentes e urbanos, um objetivo desde o ano passado. Porém, nem todos os pilotos aprovam a alteração de filosofia, e Sam Bird se disse preocupado sobre um possível esquecimento das origens da categoria e comparações com outros campeonatos.
"Vir para cá é ótimo, e acho que estar na Itália é incrível", disse Bird ao portal RacingNews365 em Misano. "Os fãs italianos são incríveis, tivemos grandes corridas em Roma e eu adorava. É uma pena que não estejamos mais lá, porque acho que era o melhor circuito que tínhamos na Fórmula E e um dos melhores da história", destacou.
"Estamos em Misano, que é um grande circuito para carros normais, mas nós não corremos com carros normais. O problema de ir para circuitos normais, como Misano e Silverstone, é que você terá pilotos andando 25s abaixo do que na Fórmula 1. E isso não parece bom", pontuou.
Na opinião de Bird, o DNA da Fórmula E está fincado nas corridas de rua, o que não deveria ser alterado pela categoria. Com carros cada vez mais velozes, uma das preocupações da modalidade é que as pistas urbanas limitem este potencial, além de oferecerem uma camada a mais de preocupação com os muros de proteção.
"Não parece bom para nós. Seremos comparados a outras categorias, mas somos uma categoria única — e que funciona bem em circuitos de rua. Esse campeonato foi construído em pistas urbanas, e nosso DNA está nisso. Não deveríamos perder isso de vista", analisou.
Bird disse que não se preocupa com as comparações em Xangai e Mônaco, palcos em que a F1 também corre, pois o traçado chinês será bem diferente e a prova em Monte Carlo traz mais emoção do que na principal categoria do automobilismo. Sobre Silverstone, porém, Sam demonstrou incômodo e acredita na possibilidade de gerar comparações que não deveriam ser feitas, já que a filosofia da Fórmula E é completamente diversa.
"Faremos apenas um terço do circuito [na China], então [as comparações] não importam. Acho que Mônaco é um pouco diferente, porque damos aos fãs de lá uma ótima corrida. Então, podem dizer que somos mais lentos, mas a corrida é mais animada. Mas Silverstone é de pé embaixo e muito larga, você consegue imaginar a gestão de energia lá?", questionou.
"A velocidade dos carros está aumentando e conseguimos a chegar a números bem legais. Mas seremos comparados à F1, e não temos a aerodinâmica e a aderência [da F1]. Então, o que as pessoas vão esperar?", comentou.
Por fim, Bird repetiu: não quer ver a Fórmula E "perder sua identidade", que sempre foi de levar a importância da eletrificação para grandes centros urbanos. Para ele, a ida cada vez maior a pistas permanentes causa uma mudança desnecessária de filosofia.
"Só não quero que a Fórmula E perca de vista o fato de que somos e fomos criados sob a premissa de levar a eletrificação ao coração de grandes centros", ressaltou Bird. "Se formos a muitos circuitos permanentes, me preocupo sobre perdermos nossa identidade", finalizou.
A rodada dupla de estreia do eP de Misano acontece entre os dias 12 e 14 de abril. O GRANDE PRÊMIO transmite todas as atividades de pista AO VIVO e COM IMAGENS no YouTube.
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