De Vries explica escolha por Mahindra em retorno à Fórmula E: "Acreditamos no projeto"

Anunciado pela Mahindra ao lado de Edoardo Mortara, Nyck de Vries explicou escolha e disse acreditar no projeto. Segundo Frédéric Bertrand, CEO da equipe, o foco era encontrar dois pilotos vencedores e dipostos a apostar nos planos para o futuro

A saída de Nyck de Vries da Fórmula 1 deu a impressão de que um retorno à Fórmula E seria questão de tempo, dado o histórico do campeão de 2020/21, mas o destino não veio sem supresa: a Mahindra, penúltima colocada da última temporada, à frente apenas da Abt Cupra — sua própria cliente. No entanto, a decisão de assinar com a equipe indiana passou, principalmente, pelos planos desenhados para o futuro.

Depois de um primeiro ano decepcionante como fornecedora, a Mahindra junta os cacos e pensa em uma forte expansão para o futuro. Os planos de Frédéric Bertrand, que assumiu como CEO em 2023 após deixar o cargo de diretor da Fórmula E junto à FIA, passam pela contratação de novos funcionários, desenvolvimento da fábrica e aumento da confiança, em projeto previsto para os próximos três anos.

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E, segundo De Vries, foram justamente os planos da equipe para o futuro que o atraíram ao projeto. Segundo ele, é possível dar passos à frente com o aprendizado do último ano, mas é necessário entender como será a dinâmica de trabalho entre a equipe e os pilotos, que assinaram contratos válidos por múltiplos anos — ainda que a duração não tenha sido divulgada.

"Coletivamente, é nisso que acreditamos. Acho que o fato de a equipe ter ótimos fundamentos não deve ser subestimado, mas é sobre colocar todos juntos, no caminho certo", disse De Vries ao portal inglês Motorsport. "E, com algumas mudanças e contratações adicionais, podemos acelerar esse aprendizado. Acreditamos coletivamente neste projeto", garantiu.

De Vries e Mortara se juntam à Mahindra após um ano difícil para os três em 2023 (Foto: Mahindra)

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"Na Fórmula E, todos temos o mesmo carro, os mesmos pneus", disse De Vries. "Obviamente, os trens de força são diferentes, mas acredito que, com o tipo de aprendizado que o time teve no último ano, podemos continuar andando à frente", apostou.

"Tenho certeza de que podemos dar bons passos à frente este ano e, espero, começar a capitalizar e colocar as coisas no lugar certo. Não é preto no branco, precisamos ver como será a sinergia entre todos nós, mas não tenho dúvidas de que temos bons ingredientes para chegar ao sucesso em um futuro próximo", encerrou.

Segundo Bertrand, De Vries e Edoardo Mortara reúnem as principais características que o time procurava: além de compreenderem as dificuldades, fizeram parte de equipes vencedoras em anos passados — Nyck foi campeão pela Mercedes em 2020/21, enquanto o suíço, na época piloto da Venturi, foi vice para o neerlandês e 3º colocado no ano seguinte.

Assim, para o CEO, que se despediu do brasileiro Lucas Di Grassi antes de confirmar a nova dupla, o mais importante para a Mahindra era encontrar dois pilotos que entendessem o estágio atual da equipe e o projeto para o futuro.

De Vries fechou com a AlphaTauri na Fórmula 1, mas só durou 10 corridas (Foto: Red Bull Content Pool)

"Era muito importante para mim encontrar dois pilotos que entendessem o projeto, que entendessem que temos um longo caminho à frente", disse Bertrand. "Precisávamos de dois caras dispostos a entenderem isso, e foi o que gostei desde o início sobre 'Edo' [Mortara], porque ele já tem esse histórico de ajuda, desenvolvimento e estruturação, além de ter feito parte de um projeto de sucesso", afirmou.

"Ele já fez isso na Fórmula 3 e no DTM, mas também na Fórmula E, e essa foi uma qualidade muito forte para mim. O mesmo serve para Nyck [de Vries]: ele possui a experiência de trabalhar com uma equipe de alto nível, como a Mercedes, e isso é muito importante para mim", apontou.

"Precisamos aumentar o nível de entendimento sobre o que é ser uma grande equipe", frisou. "Ter esses caras no time, com grande experiência nos últimos anos, além do ativo global que representam, é definitivamente o que precisamos", garantiu.

Por fim, Bertrand garantiu que não escondeu dos novos pilotos o fato de que a temporada 2023/24 vai representar mais um ano difícil para a Mahindra. No último campeonato antes do Gen3.5, que trará diferenças em sua homologação, o objetivo da equipe é começar a construir as bases para um futuro vencedor como fornecedora da Fórmula E.

Ofuscado por Max Günther, Mortara não conseguiu resultados de destaque na Maserati (Foto: Fórmula E)

"Eu os preparei, e eles estão completamente informados sobre o fato de que a próxima temporada não será a mais fácil que já experimentaram na vida. Mas é a temporada em que precisamos construir para o futuro. Será difícil, desafiadora e cheia de altos e baixos, mas precisamos de mais altos do que baixos", apontou.

"Eles sabem que será duro, não menti. Com a experiência que possuem, eles sabem disso. Além disso, eles viram a última temporada, então, sabem como será a próxima. Por outro lado, também acreditam que podemos melhorar nessa temporada, e acreditam que o futuro pode ser promissor. É por isso que se juntaram a nós", completou.

Fórmula E retorna oficialmente no dia 13 de janeiro, com a abertura da temporada, na Cidade do México. Antes disso, porém, a categoria realiza sua pré-temporada, em Valência, entre os dias 23 26 de outubro.