Só hecatombe tira título de Bortoleto, mas briga por vice é bom brinde na final da F3 2023

Gabriel Bortoleto chega à Itália com uma mão e quatro dedos no título da Fórmula 3 2023, mas a disputa pelo vice é das mais interessantes e já pode colocar alguns nomes em evidência para 2024

Um cataclisma precisa acontecer já na sexta-feira (1), em Monza, para tirar o título de Gabriel Bortoleto na última rodada da temporada 2023 da Fórmula 3. Com 38 pontos de vantagem em 39 possíveis, uma pole-position que não seja de Paul Aron ou Josep María Martí basta para o brasileiro soltar o grito de campeão. E até mesmo os dois únicos adversários capazes matematicamente de operar um milagre têm ciência de que o que valerá mesmo nas duas corridas finais do campeonato é a briga pelo vice — essa sim imprevisível.

Abaixo de Bortoleto, seis pilotos estão na corrida pelo segundo lugar na tabela e muito próximos entre si. De Aron, o atual vice, até Gabriele Minì, o sétimo colocado, são 19 pontos de distância, e dos seis que estão nessa corrida, apenas Dino Beganovic, sexto com 94, não venceu, porém foi ao pódio quatro vezes — todas em corridas principais, que valem mais pontos. É, portanto, uma disputa das mais interessantes e que pode colocar alguns nomes mais em evidência já para 2024.

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Josep María Martí é um dos que podem operar um milagre na final da F3 (Foto: Campos)

Zak O'Sullivan, quarto com 101, por exemplo, foi o piloto que mais venceu esse ano, em quatro ocasiões, e o britânico compõe ao lado de Aron e Beganovic o equilibrado trio da Prema, que ganhou fôlego nas últimas etapas e só não chegou em condições muito melhores de título entre os pilotos porque também erraram na escolha de pneus na pista úmida de Spa-Francorchamps, na última etapa realizada. Mesmo assim, se fosse o caso de apontar favoritos no embate pelo vice da F3 2023, não seria mau palpite dizer que ele vai sair da equipe italiana.

A concorrência, entretanto, não pode ser desconsiderada, pelo contrário. Martí impressiona bastante pela velocidade e arrojo, além de ter conquistado três vitórias na temporada. O ponto contra aí são os erros — e alguns monumentais, como o atropelamento para cima de Ido Cohen na sprint da Bélgica —, e como resta apenas uma rodada para o fim, o preço pago pode ser ainda mais caro.

Franco Colapinto é mais um correndo por fora. Em quinto com 100 pontos, o argentino teve o seu ponto alto ao vencer a sprint da Inglaterra, mas conseguiu outros três pódios ao longo da competição. Foi o piloto da MP, aliás, que impediu o título antecipado de Bortoleto, defendendo-se bem do ataque do brasileiro na volta final da corrida 2 em Spa na briga pelo décimo posto. Dos seis postulantes ao vice, foi o segundo que melhor pontuou nas três últimas rodadas, fato que o ajudou a crescer na classificação.

Minì é o que mais depende de combinações para recuperar o vice que em Mônaco era dele, após a primeira das duas vitórias que tem na temporada. A questão é que o italiano não sabe o que é terminar na zona de pontos desde a vitória na sprint de Budapeste, e isso permitiu a ascensão dos demais rivais. Correndo em casa, o ideal para o jovem da Hitech seria repetir as performances do Bahrein e de Monte Carlo, quando conquistou a pole-position. Isso já o colocaria em vantagem na corrida de domingo, mais valiosa, e jogaria a pressão sobre os adversários.

É, em suma, um bom brinde para uma temporada praticamente definida em favor daquele que soube capitalizar pontos suficientes para zerar uma rodada e ainda chegar à etapa final dependendo da definição da pole-position para ser campeão. A regularidade de Bortoleto, aliás, é o que impede de dizer que 2023 foi um ano equilibrado, pois verdade seja dita: o momento em que o Gabriel se viu mais ameaçado na classificação foi ainda na etapa de abertura, em Sakhir. Dali em diante, venceu novamente e tomou as rédeas, obrigando os demais a correrem atrás do prejuízo. E quando a chance escancarou para eles, falharam miseravelmente.

É por isso que Bortoleto chega à Itália com uma mão e quatro dedos na taça com méritos.