Pourchaire vai de pódio em pódio rumo ao topo da F2 em dia de Fittipaldi protagonista
Houve uma dose de sorte, mas justiça seja feita: Théo Pourchaire impressiona pela regularidade na F2 2023. Já são nove pódios, os dois últimos na Bélgica — rodada marcada pela primeira vitória de Enzo Fittipaldi
Théo Pourchaire pode até não ser unanimidade em preferência no grid da Fórmula 2 — Victor Martins, por exemplo, mesmo com o início de temporada errático e ainda pecando em pontos como a largada, é mais combativo que o companheiro de ART. No entanto, é inegável que o jovem francês de ainda 19 anos usa de muita inteligência na disputa pelo título de 2023, e a maior prova disso é a liderança alcançada após a rodada da Bélgica.
É claro que o resultado foi ajudado pela bobeada de Frederik Vesti quando ainda levava o carro para alinhar no grid no domingo. Se Spa-Francorchamps já é traiçoeira por natureza, úmida vira uma loteria. Com a batida, o dinamarquês precisou secar dos boxes o principal adversário no campeonato para ir para as férias ainda na liderança, mas não adiantou.
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Pourchaire alinhou em quinto, dependendo apenas de si próprio para capitalizar em cima da chance que caiu dos céus. Contudo, justiça seja feita, já que o piloto da ART não deu apenas sorte; ele impressiona pela regularidade. Na Bélgica, com os dois segundos lugares conquistados, chegou ao nono pódio no ano, tendo ainda pontuado em outras seis corridas. Já são 168 pontos e uma virada que agora joga a pressão para cima de Vesti, que parecia até então ter o controle da disputa.
"Sem dúvida, é a forma perfeita de se entrar de férias. Estávamos perto dessa vitória e tivemos um pouco de sorte com o safety-car, mas isso faz parte. Estou orgulhoso pelo segundo lugar, liderando o campeonato. Tive um ótimo carro, e isso é muito bom. Tive um ótimo ritmo, pilotando bem no início, tentei ultrapassar [Oliver] Bearman e não consegui, mas o pit-stop foi excelente, então foi uma corrida quase perfeita", disse Théo após a prova de domingo.
Ainda que não vença o campeonato, Pourchaire demonstrou uma evolução de 2022 para cá e se coloca como um dos nomes mais fortes na briga por uma vaga na Fórmula 1 no ano que vem. Com a Alfa Romeo de saída da Sauber ao final deste ano, a base em Hinwil voltará a usar o nome original pelo menos até a chegada da Audi, em 2026, e o representante da ART é piloto Sauber.
Mas apesar da liderança, Pourchaire foi coadjuvante na Bélgica frente a um Enzo Fittipaldi que finalmente conquistou a tão sonhada primeira vitória na categoria na sprint, no sábado. Para completar, ainda foi ajudado pelas punições a Martins e Bearman no fim e foi ao pódio em terceiro na corrida 2. E isso depois de protagonizar uma belíssima disputa roda a roda com o companheiro de equipe, Zane Maloney.
No início do ano, quando o barbadiano foi confirmado na Carlin e também na academia da Red Bull, ficou claro que cada etapa seria uma batalha árdua para Fittipaldi. Um dos destaques da F3 no ano passado, Maloney subiu de categoria empurrado pelo arrojo e pela boa pilotagem. Como novato, seria natural vê-lo cometendo alguns erros, porém quando a chance surgia, ofereceu a resistência necessária para Enzo se provar ainda mais.

A veloz Spa-Francorchamps foi o palco desse duelo. Em vários momentos, Fittipaldi buscou espaço no principal ponto de ultrapassagem, a reta Kemmel, porém Maloney jogava duro. Seria preciso mais para ter sucesso na manobra, e o brasileiro esperou o momento certo para ganhar a posição que, no fim, valeu o pódio.
"Bom trabalho, pessoal, bom trabalho ao Zane também. Que batalha tivemos aqui! Disputa limpa da parte dele, é assim que fazemos. Bom trabalho, pessoal, bons pontos para a equipe", disse um eufórico Fittipaldi ainda pelo rádio.
No sábado, Enzo também teve calma e usou a experiência para ultrapassar Richard Verschoor na penúltima volta, cruzando a linha de chegada em primeiro. Após o feito, disse em coletiva que era uma honra carregar o sobrenome do avô bicampeão mundial de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi, porém estava ali "para fazer o próprio nome".
O jovem de 22 anos é de uma safra bastante promissora do automobilismo nacional, que ainda conta com nomes como Felipe Drugovich, atual campeão da F2, e também Gabriel Bortoleto, que está com uma mão e meia na taça da F3 2023. Faltou sorte — e carro — no início do ano para brigar efetivamente pelo título, mas Fittipaldi deu mais uma prova que isso é apenas questão de tempo. E talvez pouco tempo.