Pourchaire joga com experiência a favor, mas novatos dão cartão de visitas no Bahrein

Se o Bahrein mostrou um Théo Pourchaire sobrando e determinado a deixar os erros de 2022 no passado, os novatos da F3 mostraram que adaptação não será problema para a nova temporada da Fórmula 2

Se no ano passado, Théo Pourchaire sucumbiu à experiência de Felipe Drugovich aliada ao ótimo entrosamento do brasileiro com a MP, é o francês que agora terá a chance de usufruir de tal trunfo na temporada 2023 da Fórmula 2. Na rodada de abertura, realizada no Bahrein, o piloto da ART confirmou o favoritismo e passeou tanto na classificação, ao colocar 0s7 sobre o companheiro de equipe, Victor Martins, quanto na corrida principal.

Pourchaire não esconde que teve momentos irregulares em 2022. A ART mesmo chegou a admitir em entrevista que o vice-campeonato do jovem de 19 anos não foi tão ruim diante da consistência de Drugovich. Agora em seu terceiro ano na classe, Pourchaire está determinado a deixar os erros que o fizeram ter chances remotas de título para trás.

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"Eu me encontrei nessa situação no ano passado, mas cometi alguns erros", disse o francês na coletiva de imprensa pós-corrida, no Bahrein. "Agora, vou tentar não cometê-los novamente. É por isso que estou no meu terceiro ano. Ter essa experiência vai me ajudar", reconheceu.

De quebra, a performance de Théo também indicou uma clara superioridade do carro da equipe sediada em Yonne frente às rivais. Na corrida de domingo, Pourchaire só perdeu a liderança quando parou para a troca obrigatória de pneus. O bólido da ART rendeu tanto com compostos duros quanto com macios na escaldante pista de Sakhir, que costuma ser cruel para a borracha.

Saldo da rodada do Bahrein é positivo e ainda trouxe boas surpresas (Foto: F2)

Ralph Boschung surgiu como um herói improvável no fim de semana. Sete temporadas e 96 corridas depois, o suíço enfim soube o que era a sensação de ser o primeiro a ver a bandeira quadriculada na F2. A vitória na sprint, porém, costuma trazer mais perguntas do que respostas por se tratar de um grid invertido, e o piloto de 25 anos foi justamente o pole-position por ter feito apenas o décimo tempo na classificação.

Acontece que a Campos ousou ao apostar numa estratégia oposta à da maioria e deu a Ralph a chance de mostrar que o rendimento do carro espanhol está muito bem, obrigado — ao menos em Sakhir. Pouco a pouco, escalou o pelotão e chegou a vislumbrar a possibilidade de mais uma vitória, mas terminou numa incrível segunda colocação.

"Sem dúvida, queríamos marcar pontos, o máximo possível. Tomamos a decisão pelo plano B. Foi uma espécie de aposta. Começamos com os outros pneus (macios), e acho que éramos o único carro entre os dez primeiros com esse tipo. Acabei fazendo uma mega primeira volta, e carro estava simplesmente incrível. Tenho de agradecer muito à equipe", celebrou Boschung.

Mas enquanto Pourchaire e Boschung seguiam tranquilos na liderança, o bicho pegou do terceiro para trás logo após a janela de pit-stops. E tudo graças a um barbadiano franzino que resolveu mostrar já primeira corrida da F2 que a arrancada que o levou ao vice-campeonato da F3 no ano passado não foi mera obra do acaso.

Zane Maloney passou pelos adversários da maneira com quis: por dentro, por fora, freando antes na curva, freando depois (e levando Arthur Leclerc a dar um passeio na área de escape). A todo momento, a cada nova ultrapassagem, a pergunta que se fazia era "será que esses pneus macios vão aguentar?". Mas o jovem de 19 anos gerenciou muito bem a borracha e só não brigou contra Boschung porque faltou volta no fim.

"Vimos ontem que tínhamos um carro muito rápido, mas não imaginava que seria tanto. Tentei administrar os pneus no primeiro stint e depois consegui forçar o ritmo e ficar à frente dos outros. O ritmo [do carro] foi incrível, um trabalho incrível da equipe", celebrou o piloto da Carlin.

Zane Maloney ultrapassou em Sakhir como bem entendeu (Foto: F2)

No geral, foi uma boa estreia, mas com alguns lamentos, em especial dois: o primeiro, o incidente logo na primeira volta que tirou Martins da corrida. Apesar da largada ruim, o atual campeão da F3 é claramente o primeiro na fila de desafiantes a Pourchaire, não apenas por ter o mesmo equipamento, mas por ter mostrado tanto na classificação, ao colocar o carro em segundo, quanto com o pódio na sprint race que já está adaptado à nova categoria.

O outro foi Enzo Fittipaldi, que na mesma confusão da primeira volta se viu de 13º para sexto, mas caiu muito de rendimento após o pit-stop. Enzo explicou que o carro perdeu muita performance com os pneus macios e que foi difícil segurar os adversários. Conseguiu sair da corrida principal com mais dois pontos, mas ainda é pouco para quem tem a vantagem de já conhecer o caminho da F2.

A próxima rodada será daqui a duas semanas, na Arábia Saudita. Há muitos nomes que ainda vão surgir ao longo do ano, mas o saldo de Sakhir é positivo. E já indica que, se o visto no último fim de semana se mantiver, será Pourchaire contra o resto. Um resto muito talentoso e sedento para frustrar os planos do francês mais uma vez.