Trocas de local e exclusivismo: McLaren lista razões da impopularidade da F1 nos EUA
CEO da McLaren, Zak Brown citou as "três principais razões" de a Fórmula 1 nunca ter se tornado realmente popular nos Estados Unidos e elogiou o trabalho do Liberty Media nos últimos anos
Enquanto a Fórmula 1 tenta cada vez mais aumentar o engajamento com o público dos Estados Unidos, Zak Brown citou "as três razões principais" de a categoria nunca ter alcançado o devido sucesso no país. O CEO da McLaren citou as constantes trocas de local para sediar as corridas, os anos de ausência do calendário e o exclusivismo, que só teve um ponto final, de acordo com ele, após a chegada do Liberty Media.
Na década de 1950, quando o Mundial ainda estava dando os primeiros passos, havia apenas uma prova fora do continente europeu, que era exatamente as 500 Milhas de Indianápolis. Desde então, a F1 carimbou passagens por Sebring (1959), Riverside (1960), Watkins Glen (1961-1980), Dallas (1984), Phoenix (1989-1991), Indianápolis (2000-2007), Austin (2012-presente), além de Miami e Las Vegas, que passaram a organizar o evento em 2022 e 2023, respectivamente.
Em uma entrevista ao podcast How Leaders Lead, apresentado por David Novak, Brown abordou esse tópico como uma das razões de o esporte nunca ter construído uma grande base de fãs em solo norte-americano. "Primeiro, nunca conseguimos encontrar um local permanente, desde os anos 70", começou. "Já estivemos em Long Beach, depois Watkins Glen, depois Dallas, depois em um estacionamento em Las Vegas por dois anos, depois em Phoenix", citou.
"Aí ficamos cinco, seis, sete, oito anos fora. Não havia F1 na América do Norte. Depois voltamos em Indianápolis. Aí tivemos o que chamamos de 'tiregate', então não entregamos um bom espetáculo. Depois sumimos de novo. Nenhum esporte vai se tornar popular na América do Norte se não estiver presente ou se não tiver uma data e um local fixos", declarou o dirigente da McLaren.

Como terceiro e último motivo, Zak afirmou que a categoria ficou inacessível ao público geral durante a maior parte da história, com a situação só vindo a mudar a partir do momento em que o Liberty Media adquiriu os direitos comerciais e decidiu abrir os bastidores. A série 'Drive to Survive' da Netflix, por exemplo, tornou-se o maior símbolo desse momento de crescimento na audiência.
"Também éramos um esporte muito exclusivo — ou, ao menos, éramos percebidos assim, e não muito inclusivos. Foi aí que, quando o Liberty assumiu o controle do esporte, pensaram: 'uau, o esporte é enorme, mas não se conecta com a base de fãs como fazem a NBA, a NFL, a MLB, até mesmo a Premier League'", admitiu, referindo-se às ligas de basquete, futebol americano e de beisebol dos Estados Unidos, respectivamente, além do campeonato inglês de futebol.
"Isso funcionou por um tempo, mas agora vivemos uma era de engajamento, não apenas de consciência. Não estávamos engajando com nossos fãs. Não os deixávamos participar. Era mais um 'olhe, mas não toque'", analisou. "Com o tempo, passamos a ter três corridas nos Estados Unidos, começando por Austin, que é um dos melhores GPs do nosso calendário. Então passamos de não estar aqui e sermos exclusivos, para estar aqui, sermos inclusivos e muito focados em engajamento", apontou.
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"A F1 aprendeu — e continua aprendendo — que esporte é entretenimento. Às vezes, ouvimos na F1: 'não, não somos entretenimento'. Mas, do meu ponto de vista, se você compra um ingresso para assistir a um filme, uma corrida, um jogo de beisebol, um show de rock ou um espetáculo de fogos de artifício, você quer ser entretido", sublinhou.
"O esporte agora reconhece que há um aspecto de entretenimento no que fazemos — e os fãs estão respondendo a isso", concluiu Brown.
A Fórmula 1 volta às pistas apenas após o recesso de verão, entre os dias 29 e 31 de agosto, para o GP dos Países Baixos, em Zandvoort.