Por que Formula 1 terá dificuldades em barrar Andretti mesmo após aprovação da FIA
De acordo com reportagem da revista alemã Auto Motor und Sport, a Andretti atendeu todos os requisitos da FIA. E mesmo se as equipes da Fórmula 1 tentarem barrar a entrada da equipe americana em 2025, o caso pode parar na justiça por conta de uma diretiva da Comissão Europeia que protege a esquadra americana
A Andretti está às portas de conseguir sua tão almejada licença para fazer parte da Fórmula 1 a partir de 2025. De acordo com reportagem da revista alemã Auto Motor und Sport, a candidatura da equipe americana atendeu todos os critérios da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Para completar, uma diretiva da Comissão Europeia pode obrigar as demais equipes — até então irredutíveis — a ter de aceitar a nova colega.
Ao longo de seis meses, a entidade que rege o automobilismo avaliou com cuidado uma série de requisitos das quatro equipes que se candidataram a uma vaga na F1, entre elas, o tradicional time que leva o nome do campeão de 1978, Mario Andretti. Tais itens vão desde a estrutura, até a compreensão de cada uma a respeito do regulamento, passando pelo orçamento disponível para tocar o projeto.
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No caso da Andretti, o investimento visando a F1 foi alto, e não apenas em termos de infraestrutura, com a construção da nova sede em Indiana. O maior sinal de que a ambição de estar na dita elite do automobilismo mundial se tratava de um projeto sólido foi a união do time chefiado por Michael Andretti com a General Motors, gigante do setor automobilístico, levando à F1 a marca Cadillac.
O acordo, aliás, foi reconhecido por nomes fortes do paddock, como o chefe da Mercedes, Toto Wolff, mas ainda não era suficiente para convencer as atuais equipes que compõem o campeonato a aprovar a chegada de mais uma. O motivo? Divisão da receita proveniente das premiações. E uma das soluções pensadas para liberar a chegada de outras seria aumentar a chamada 'taxa de diluição', atualmente em US$ 200 milhões (R$ 995 milhões, na cotação atual), para US$ 600 milhões (R$ 2,9 bilhões).
A questão, no entanto, é que se aprovada pela FIA, uma diretiva da Comissão Europeia (EU, da sigla em inglês) pode garantir a estreia da esquadra estadunidense na Fórmula 1 em 2025. De acordo com a AMuS, em 2000, o órgão executivo da União Europeia forçou a federação a alterar a lei esportiva referente à participação em eventos de automobilismo. O artigo 2 da diretiva afirma que a participação de uma equipe não pode ser impedida ou prejudicada, a menos que a associação alegue razões de segurança ou comprove uma preocupação legítima de que a presença desta possa comprometer o processo.
É neste caso que se aplica a Andretti, uma vez que a aprovação parte da própria FIA. A Fórmula 1, portanto, teria de provar os itens mencionados para justificar uma negativa ao time americano. A taxa de diluição também poderia representar uma violação à diretiva da EU. E caso a categoria insistisse na decisão, o caso poderia terminar com uma longa disputa judicial se o lado de Michael e companhia se sentir lesado.
Há, contudo, outro ponto citado pela AMuS e que pode ser o caminho que deixe as equipes da F1 conformadas com a presença da Andretti no grid. O Liberty Media, grupo que detém os direitos comerciais sobre a classe, pode não incluir a novata no atual Pacto de Concórdia ou mesmo cobrar uma taxa absurda para o acordo de 2026. Isso deixaria a Andretti apta para a competição, mas vetada da premiação em dinheiro.
Só que há o outro lado da moeda: cada participante tem o direito de impedir a transmissão pública de sua propriedade intelectual, e se a Andretti resolver usar desta opção, teríamos largadas sempre em tela preta, por exemplo, e em todos os outros momentos em que um carro do novo time surgisse na transmissão — algo que não agradaria nada de modo geral.
Espera-se que a FIA torne pública sua decisão este mês.