Da mudança no volante ao C45 da Sauber: 5 detalhes da pré-temporada de Bortoleto na F1

Gabriel Bortoleto encerrou na sexta-feira (28) a primeira pré-temporada da carreira na F1. Os três dias no Bahrein foram intensos, em um misto de adaptação ao carro e à Sauber, além dos testes gerais e quilometragem. O brasileiro precisou lidar com problemas técnicos do C45 e de um dano no assoalho, fechando a semana com mais 900 km rodados. O GRANDE PRÊMIO agora detalha os trabalhos em Sakhir

Gabriel Bortoleto completou a primeira pré-temporada da carreira na Fórmula 1 na última sexta-feira (28), no Bahrein, em que teve a chance de conhecer um pouco mais do projeto da Sauber para 2025 e ampliar a preparação para a estreia, daqui a duas semanas, na Austrália. Ao todo, foram 941 km percorridos no circuito de Sakhir, em três dias intensos de testes. Gabriel dividiu os trabalhos com o companheiro de equipe, Nico Hülkenberg, e andou à tarde nos primeiros dois dias, encerrando a participação na manhã da sessão final. O brasileiro terminou as atividades satisfeito e destacou o foco na coleta de dados em diferentes configurações. "Estou muito feliz com o trabalho que desenvolvemos", disse.

Mas a semana barenita da F1 também se apresentou um desafio. Além das baixas temperaturas, que certamente terão grande impacto com relação às informações em termos de comportamento do carro e pneus, a chuva que se fez presente no segundo dia, principalmente, acabou ainda por interferir no programa dos times. E teve mais: falta de luz na sessão vespertina do dia 1, um ônibus que entrou inadvertidamente na manhã do dia final, sem contar um estouro do vidro da cabine de largada na sexta-feira, que também atrasou as atividades.

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No caso mais específico de Bortoleto, a Sauber apresentou uma falha técnica no dia final, e isso tomou tempo de pista, além de um dano no assoalho. Portanto, o GRANDE PRÊMIO lista agora cinco detalhes importantes da semana de testes do piloto #5.

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Gabriel Bortoleto levou o C45 à pista na sessão da tarde do dia 1 no Bahrein (Vídeo: Reprodução/F1)

O C45 da Sauber

A equipe suíça vive uma transição ainda, uma vez que vai mudar de estrutura a partir de 2026, quando a Audi assume de vez o comando, mas foi capaz de dar um passo à frente com o novo carro. Isso porque parece ter investido um pouco mais, até por conta da nova dupla de pilotos: o experiente Nico Hülkenberg e o novato Gabriel Bortoleto. Em termos de projeto, há uma expectativa grande em torno do primeiro modelo assinado por James Key. É bem verdade que o C45 é bem semelhante ao antecessor — o assoalho é o mesmo da atualização da parte final da temporada passada —, mas é possível apontar pequenas mudanças, especialmente dentro do objetivo de entregar consistência em 2025.

Ao contrário do que fez a Haas — que trocou mais informações com a parceira Ferrari —, a Sauber tentou se distanciar da fornecedora das unidades de potência. O caso é que o time optou por uma identidade própria, da caixa de câmbio à suspensão traseira no conceito push-rod. A parte dianteira do carro já vai mais no caminho das soluções de maior parte do grid, ou seja, uma suspensão em pull-rod, por exemplo. E um bico mais arredondado em um desenho da asa dianteira que também tem suas particularidades, tudo para melhorar o direcionamento do ar. É um modelo de linhas mais limpas, grandes entradas de ar e uma leve inspiração nos concorrentes mais fortes.

Mas há uma questão importante: o carro verde e preto ainda permanece na lanterna do grid e, em performance pura, parece distante ainda dos rivais. A Sauber enfrentou problemas ao longo da semana e só andou mais do que Aston Martin e Red Bull, as últimas colocadas no quesito quilometragem. As voltas rápidas parecem mais complexas do que no último ano, embora o ritmo de Hülkenberg em condição de corrida tenha sido mais constante. "Isso foi apenas 80 por cento do novo carro. O resto virá em Melbourne", disse Key ao fim das ações no Bahrein.

De toda a forma, o time sob a chefia de Mattia Binotto tem muito ainda a fazer em termos de desenvolvimento e performance. "Ainda precisamos entender algumas características deste carro", falou o dirigente italiano.

O carro da Sauber não tem grandes inovações, mas é um passo à frente (Foto: Sauber)

Bortoleto em números

Como todos os novatos do grid, Gabriel Bortoleto também se concentrou no trabalho de adaptação ao carro da F1 e à própria Sauber. O brasileiro terá Jose Manuel López como engenheiro de corrida neste ano. O espanhol estava na McLaren desde 2020, atuando na maior parte do tempo como engenheiro de performance e é alguém que já conhece bem o piloto de 20 anos. Assim, Gabriel foi capaz de avançar em outros aspectos da preparação para a estreia, como a coleta de dados, testes aerodinâmicos e a condução de stints em diferentes configurações do carro — e compostos de pneus: C2 e C3, especialmente.

No combinado dos tempos, Bortoleto apareceu na frente de Nico Hülkenberg, com 0s4 separando os dois. O brasileiro obteve a 18ª marca no geral, com 1min31s057. Ao todo, foram 174 voltas nas três sessões — completa, a Sauber somou 1.915 km em 354 giros no traçado do Bahrein. Gabriel andou 59 voltas no primeiro dia — marcado pela interrupção de energia na pista —, aí foram mais 80 giros no dia 2 e 35 na sessão final, também atrapalhada por bandeiras vermelhas, um ônibus que entrou no circuito e problemas técnicos com C45. O estreante também experimentou um acerto de reta interessante da Sauber, que o fez registrar a segunda maior velocidade da quinta-feira, em 322 km/h, só atrás da McLaren de Lando Norris.

Mas o tempo de volta foi o que menos importou para o piloto, que falou em experiência e lições da pré-temporada. "Foram três dias sólidos de testes. Consegui aprender muito sobre o carro e a equipe. No geral, foi produtivo para todos nós. Agora, vamos usar as duas próximas semanas para analisar os detalhes e fazer os ajustes finos, para entendermos o que funcionou bem e em quais áreas podemos melhorar. A estreia da temporada, na Austrália, já está chegando — e vamos continuar trabalhando duro", explicou o brasileiro.

Lando Norris perseguiu Gabriel Bortoleto no Bahrein (Vídeo: Reprodução/F1)

'Pé no saco' com engenheiros

Ainda dentro do trabalho de se ambientar com a Sauber, Gabriel Bortoleto também pediu mudanças em alguns elementos do carro, admitindo — e, claro, brincando — que chegou a ser "um pé no saco" com os engenheiros. O volante do carro entrou na lista das solicitações — assim como Lewis Hamilton fez com a Ferrari, após as primeiras voltas com um modelo mais antigo da equipe. "Realmente preciso agradecer à equipe de eletrônica, e também à equipe que desenvolveu o volante na Sauber. As pessoas não veem todo o trabalho árduo que eles executam na fábrica", contou o piloto de 20 anos.

"Mas sou muito grato por tudo o que eles fizeram por mim até agora, porque fui um pé no saco com eles, sabe: ‘Podem mudar isso, por favor? Podem mudar aquilo, por favor?'”, explicou. "Mas eles fizeram tudo, e fizeram a tempo para estarmos aqui", completou.

Antes de assumir o C45 nos testes oficiais, Gabriel teve a oportunidade de completar algumas voltas no circuito de Barcelona, na Espanha, e em Ímola, na Itália, para se habituar aos mecanismos e processos dos carros da Sauber.

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Gabriel Bortoleto conversa com engenheiro durante de sessão de testes (Foto: Sauber)

Primeiros problemas e danos no C45

Gabriel Bortoleto não teve grandes problemas nos dois primeiros dias de pré-temporada da Fórmula 1 no Bahrein, mas o cenário foi diferente na manhã do dia final, quando acabou perdendo um tempo valioso de pista. Inicialmente, a equipe suíça detectou um vazamento hidráulico. Os engenheiros trabalharam na investigação da razão para a falha, mas o reparo foi rápido. Mais tarde, Gabriel precisou interromper um stint e voltar aos boxes, agora por conta de uma avaria no assoalho do C45.

A suspeita foi de que uma escapada do #5 na curva 4 tenha danificado o piso do carro. É claro que a Sauber correu para resolver o problema, fechando a garagem para o trabalho dos mecânicos. "Foram três dias muito produtivos com muitos testes, diferentes situações de pista, diferentes compostos de pneus e milhares de dados para analisar. Os dias foram finalizados sem muitos problemas, apenas coisas pequenas que naturalmente acontecem quando você coloca um carro novo na pista. Acho que o trabalho foi positivo e estou me adaptando muito bem ao carro. Vamos voltar para a fábrica, juntar todas as informações que adquirimos daqui", disse Bortoleto após a sessão.

Um dano no assoalho tirou tempo de pista de Bortoleto no dia final (Foto: Sauber)

O que disse a chefia

James Key, o diretor-técnico da Sauber, terminou a semana de testes satisfeito com o trabalho "sólido" do grupo. O engenheiro também destacou o foco em coletar informações e entender um pouco mais sobre o carro, descartando preocupação quanto aos tempos de volta. "Foi um teste produtivo, que nos permitiu reunir dados úteis que servirão como base para a primeira corrida da temporada, em duas semanas. Conseguimos realizar todo o planejado nesses três dias. O C45 apresentou um desempenho sólido, completando mais de 350 voltas no total, uma prova do trabalho duro feito pela equipe durante o inverno. Apesar de termos perdido algum tempo na sessão final do Gabriel, devido a um vazamento hidráulico, a equipe prontamente investigou e resolveu de forma bem rápida", afirmou o britânico.

"Como sempre nesses testes, os tempos de volta não foram nosso foco, pois cada equipe seguiu suas próprias prioridades. Vamos voltar para casa, avaliar os dados e esperar até Melbourne para ter uma imagem mais clara. É seguro dizer que apresentamos um desempenho consistente e buscaremos continuar avançando conforme a temporada se desenrola", completou.

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Com o período de testes coletivos oficialmente encerrado, a próxima atividade da Fórmula 1 é a estreia da temporada, no GP da Austrália. A etapa está programada para acontecer entre os dias 14 e 16 de março, com cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.