Mônaco entrega melhor classificação do ano e abre chance para Verstappen x Alonso na F1

A possibilidade de uma classificação equilibrada e tensa em Mônaco já se desenhava desde os primeiros treinos. Max Verstappen derrotou suas rivais, mas precisou lançar mão de tudo que era possível para superar um cada vez mais impecável Fernando Alonso. Assim, o Principado foi brindado com uma primeira fila de gala e se prepara para um duelo dos mais aguardados da F1 2023

A Red Bull tem razão. A volta que rendeu pole em Mônaco foi uma das melhores — se não a melhor — da carreira de Max Verstappen na Fórmula 1. E só foi assim porque o danado do holandês precisou enfim usar toda a habilidade para superar um Fernando Alonso em estado de graça em Monte Carlo. É que também a F1 se viu em um cenário surpreendentemente parelho, o que proporcionou a melhor e mais disputada classificação da temporada até aqui.

A batalha foi tão dura que Max chegou a raspar nos muros e arriscou tudo no fim do Q3. É bem verdade que o piloto #1 da Red Bull tem o campeonato muito nas mãos, apesar da precocidade da temporada, mas é igualmente certo dizer que Verstappen não está nem aí para isso. A posição de honra no Principado é fundamental, e é isso que importa. Em uma análise mais ampla, a dedicação do bicampeão também ajudou a escrever um dos capítulos mais emocionantes de 2023. E não só pelo equilíbrio técnico, mas também porque abriu caminho para um duelo dos mais interessantes entre os dois bicampeões do grid.

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Acontece que as ruas estreitas do circuito da Riviera Francesa tornaram o pelotão mais compacto em uma F1 que vive sob o domínio implacável da Red Bull e de Verstappen. Mas a sessão mais importante do ano reservou o melhor para fim, sem antes dar alguns spoilers. O primeiro deles coube a Sergio Pérez. O especialista em corridas urbanas colocou tudo a perder logo de cara. Ainda nos minutos iniciais do Q1, o mexicano escapou na primeira curva e estampou o RB19 #11 no muro. Fim de treino, e um amargor para lidar. Pérez larga da última posição neste domingo e terá trabalho para alcançar os pontos. O sonho de encarar Verstappen e a disputa do título ficou agora mais distante.

Sergio Pérez bateu no Q1 e larga em último no GP de Mônaco (Vídeo: Reprodução/F1 TV/DAZN)

Diante disso, a equipe austríaca enfrentou um sábado de contraste. De um lado, o vacilo de Pérez, que também abriu caminho aos rivais e, de outro, o espetacular Verstappen — o alento em meio ao quase caos. É que as primeiras duas partes da classificação, embora tenham sido também lideradas pelo holandês, acompanharam fatos como Yuki Tsunoda e Alex Albon em segundo e terceiro no fim do Q1. Ou situações como o trecho intermediário, que viu Lewis Hamilton espremer o que dava de uma Mercedes ainda em construção. Mas foi mesmo a fase decisiva que revelou o melhor.

E o fato de Esteban Ocon surgir na ponta da tabela após as primeiras tentativas de volta rápida é a maior prova disso. A Alpine voou em Mônaco — Pierre Gasly ainda colocou o outro carro no top-7. É significativo também colocar aqui que Ocon ficou a menos de 0s2 da pole. Larga em terceiro neste domingo, seria quarto, não fosse Charles Leclerc. Porém, a Ferrari merece um parágrafo a parte.

De fato, foi Alonso quem roubou a cena ao jogar tudo em uma volta perfeita em 1min11s449. O desempenho foi tão impressionante porque deixou a certeza de que só mesmo o espanhol seria capaz de tirar tudo de uma Aston Martin cada vez mais consistente. O carro verdinho gosta de trechos sinuosos e curvas de média e baixa velocidade, mas Fernando elevou bem o sarrafo. Era dele a pole.

No entanto, Verstappen ainda estava por completar seu giro final. Não foi fácil, porque Max vinha de parciais piores e sabia que havia apenas uma chance: o terceiro setor, o melhor trecho da Red Bull. E foi exatamente lá que o holandês tirou a posição de honra das mãos do outro bicampeão. A distância ridícula de 0s084 é o retrato fiel dos eletrizantes instantes finais da classificação e do trabalho do líder do campeonato.

A marca, aliás, é a menor diferença entre pole e segundo lugar até agora na temporada. É bom dizer ainda que essa é a primeira pole de Verstappen em Mônaco. E é a segunda vez que ele e Alonso vão dividir o espaço de maior prestígio do grid.

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Verstappen na pole por pouco, Alonso fica no quase: assista aos highlights da classificação da F1 em Mônaco (Vìdeo: F1)

Então, o que se tem agora é uma fila de gala e com grande potencial. Com razão, Alonso tem para si que Mônaco é um dos únicos circuitos em que é possível igualar a performance da Red Bull e buscar uma vitória que parece cada vez mais madura. Fernando desembarcou no Principado falando sobre isso, inclusive. Daí a importância da posição de frente no grid. A largada será fundamental se nada muito estranho acontecer, como chuva ou trapalhadas da direção de prova. Quanto ao ritmo de corrida, a equipe britânica perde para os taurinos. A diferença em condições normais é de 0s3. Porém, o traçado apertado e cheio de relevos ajuda mais quem vai à frente e nivela a performance. A esperança do espanhol mora aí. Vale acrescentar aqui também que essa é a primeira vez que o asturiano larga da primeira fila desde 2007.

Por outro lado, Verstappen também entende que o apagar das luzes será decisivo, mas confia no ritmo superior do RB19. Será uma corrida tática em situação normal. A Pirelli entregou a gama mais macia que, neste ano, vem apresentando uma durabilidade estrondosa. Portanto, o momento da parada única será igualmente importante.

Mas se Verstappen e Alonso entregaram tudo nesse Q3 e prometem uma batalha no domingo, a Ferrari é o contraponto. Depois dos treinos livres de sexta-feira, o sábado foi de puro desgosto para os italianos, apesar de Leclerc ter sido capaz de virar um tempo apenas 0s1 pior que os dois ponteiros. O caso é que sempre parece que há um entrave sério nas garagens vermelhas. Desta vez, o dono do carro #16 tomou uma punição que o fez perder a terceira colocação no grid. O monegasco surgiu lento à frente de Lando Norris. O bloqueio não foi perdoado pelos comissários, mas, pior que isso, foi a desculpa dada pela Ferrari: estava escuro.

Lewis Hamilton se entendeu melhor com o W14 'B" (Foto: Mercedes)

Ainda assim, a escuderia tem o que entregar no domingo. A SF-23 gosta de pistas como de Mônaco e apresentou um ritmo de prova consistente. Carlos Sainz, que larga em quarto, tem a melhor performance com os pneus duros. No geral, o carro ferrarista tem um desempenho de corrida muito próximo da Red Bull, na casa dos 0s2. Então, a questão é entender os detalhes e afastar os erros.

Por fim, há a Mercedes. A equipe octacampeã viveu um sábado difícil. Não bastasse ter de lidar com um carro quase que inteiramente novo em um circuito cheio de armadilhas, Hamilton bateu no TL3, e isso comprometeu todo o acerto para a classificação. O inglês precisou "peitar" os engenheiros para trazer o W14 mais perto do que ele precisava. A volta que o colocou no Q3 foi espetacular, no braço, como diriam. De fato, tanto o heptacampeão quanto George Russell tiveram trabalho com a nova versão do modelo alemão.

Hamilton larga em quinto e tem a chance de fazer um pouco se conseguir ir à frente. O caso é que o time chefiado por Toto Wolff não está tão atrás em ritmo de prova. Na verdade, a Mercedes está mais perto de Ferrari e Red Bull que a própria Aston Martin. O problema é realmente a natureza excêntrica de Mônaco. Portanto, a sorte é sempre uma boa aliada.

GRANDE PRÊMIO analisa todas as atividades da Fórmula 1 em Mônaco no Briefing, programa que vai ao ar após o segundo treino livre, a classificação e a corrida principal, sempre no canal do GP no YouTube. Além disso, o GP também comenta a definição do grid e a corrida em segunda tela na parceria com a Voz do Esporte. E acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP de Mônaco. Logo mais, a largada está marcada para as 10h (de Brasília, GMT-3).