Verstappen devolve ordem na China, mas luta por melhor do resto vê embate múltiplo

Nem mesmo uma falha durante a sprint deste sábado serviu para intimidar Max Verstappen. O neerlandês venceu a prova curta e, horas depois, ainda cravou a pole do GP da China. O ritmo imposto é claro: ninguém terá chance com o tricampeão. Enquanto isso, a luta pelo posto de melhor do resto segue mais acirrada do que nunca

A abóbora virou carruagem sem nem dança na China. Isso porque a sprint até ensaiou coroar alguém diferente, mas não foi desta vez. Primeiro, porque Lando Norris sequer foi capaz de aproveitar a pole e, mais tarde, porque ninguém teve ritmo suficiente para segurar Max Verstappen — que ainda deu uma colher de chá no início, quando enfrentou um problema com a carga da bateria. Aquelas 19 voltas da corrida curta, sobretudo as últimas dez, apenas confirmaram que o tricampeão continua firme em seu campeonato próprio. Tão forte que também cravou a pole do GP chinês com facilidade horas depois. Em resumo, ninguém parece ameaçá-lo, mas nem tudo está perdido.

A verdade é que a sprint foi uma espécie de teaser do que deve acontecer neste domingo. Do ponto de vista de Verstappen, o cenário é muito claro: a performance do RB20 em suas mãos é muito superior — inclusive, talvez seja o desempenho mais contundente deste começo de temporada. Prova disso é a tranquilidade com que se livrou dos rivais e alcançou a liderança na prova curta, depois de largar em quarto. E um detalhe: a falha da bateria o colocou quase em pé de igualdade com a concorrência. Logo após a largada, Max sentiu o problema e logo acionou a equipe, que pediu apenas um ajuste na configuração para resolver o defeito. A partir daí, Verstappen retomou o ritmo costumeiro e não teve dificuldades para superar quem estava à sua frente. Dez giros depois, encerrou a disputa com 13s de vantagem para Lewis Hamilton, o segundo colocado.

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Horas mais tarde, Verstappen ainda voltaria à pista para dominar a classificação. A pole veio fácil, a quinta consecutiva e 37ª da carreira. Ainda, foi a 100ª posição de honra no grid da Red Bull. E para completar o dia taurino, Sergio Pérez acompanhou o colega e garantiu o segundo posto na primeira fila.

Quer dizer, se nada muito estranho acontecer em Xangai, a tendência é de um novo massacre do tricampeão Verstappen. E aqui nem mesmo Pérez tem chance. Durante a sprint e a classificação, em nenhum momento o mexicano se colocou como ameaça. Na verdade, sem o mesmo desempenho de Max, Checo deve liderar o pelotão que busca o posto de melhor do resto. Aliás, o grupo deve protagonizar uma batalha das mais interessantes. A prova curta mostrou que há uma paridade enorme entre Ferrari e McLaren, mas também com Fernando Alonso aceso ali. A excepcional terceira posição no grid comprava que o bicampeão será um elemento chave para a corrida deste domingo — pensar que o espanhol quase abandonou a tentativa final, após pequenos erros nas curvas 1 e 2.

Mas há uma ressalva: os pneus — até mesmo para a Red Bull de Verstappen. A sprint foi disputada basicamente em cima dos compostos médios, mas a corrida principal vai exigir mais, e a expectativa é de um desgaste alto ao longo das 56 voltas. Portanto, será uma prova de ao menos duas paradas. A questão aqui é o uso dos compostos, porque há uma chance de uso do pneu macio.

"Considerando o elevado nível de desgaste visto até agora no treino livre de ontem e na sprint de hoje, dois pit-stops são claramente a estratégia mais rápida. A combinação do C3 (médio) e C2 (duro) é a melhor no papel, mas o C4 (macio) também pode virar uma possível. Em termos de desgaste, o pneu que requer mais cuidado é o dianteiro esquerdo, mas os traseiros também podem sofrer dificuldades", disse o chefe da Pirelli, Mario Isola.

Ainda, enquanto Alonso parte em busca de tentar incomodar Pérez, McLaren e Ferrari devem protagonizar um embate ferrenho logo atrás. A equipe laranja colocou seus pilotos em quarto e quinto, com Norris à frente de Oscar Piastri. O inglês terá mais uma chance de provar seu valor, após os equívocos na sprint. E embora não seja uma pista das mais adequadas ao MCL60, há trechos de alta velocidade em Xangai que servem de apoio aos britânicos. O ritmo final na corrida curta também foi promissor.

"A classificação em Xangai ​confirmou que o nosso carro é competitivo com pneus novos. Quarto e quinto são posições fortes para começarmos a corrida amanhã, com a esperança de marcarmos pontos importantes", disse o chefe do time britânico, Andrea Stella.

Lando Norris terá uma segunda chance neste domingo (Foto: McLaren)

Por outro lado, há a Ferrari. O pragmático circuito chinês também não é o melhor para a SF-24, mas os italianos têm a seu favor um carro que cuida dos pneus. Essa será uma arma importante. Além disso, a equipe vermelha também trabalhou mais para a corrida do que para a classificação — no grid, Charles Leclerc está em sexto, logo à frente de Carlos Sainz. Para o time de Frédéric Vasseur, o desafio é maior, especialmente devido às condições dos carros ao redor, mas, a longo prazo, a chance da decisão ser correta é alta.

"Comprometemos a nossa classificação ao dar prioridade à corrida", confirmou Leclerc. "Mas estamos brigando com o desempenho mais do que o esperado, não esperávamos ficar atrás de Alonso e da McLaren. A degradação dos pneus terá um papel importante, ainda estou confiante na possibilidade de pódio", completou o monegasco.

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Vasseur compartilhou a declaração do piloto e ainda apontou outro cenário dentro da expectativa de uma briga múltipla neste domingo. "Pelo que deu para notar na sprint, parece que temos um bom ritmo na configuração de corrida", afirmou o dirigente francês. "Mas, amanhã, será uma corrida longa em que a degradação dos pneus terá um papel importante, além de uma boa estratégia e trabalho nos boxes. Vamos nos preparar bem e cercar os detalhes, porque vimos que a ultrapassagem é possível se você não ficar preso em um trem de DRS como aconteceu na sprint."

Portanto, a primeira parte da prova será fundamental.

E uma última menção aqui vai para a Mercedes, que foi da glória ao desastre em pouco menos de 3 horas. Apesar da heroica corrida do heptacampeão, que aproveitou bem a segunda posição no grid para a prova de 100 km/h, a equipe alemã vive um calvário. Não é capaz de acertar a configuração do carro e vai penar no GP da China, porque há um déficit considerável de performance. Só uma reviravolta salva a dupla de Toto Wolff, especialmente Hamilton, que errou em sua tentativa final no Q1 e agora parte apenas da antepenúltima posição.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da China, em Xangai, e transmite sprint shootout, classificação e corridas em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. No domingo (21), a largada está marcada para as 4h.