Mario Andretti se diz "ofendido", mas rejeita desistir da F1: "Se querem sangue, terão"
Mario Andretti, ex-piloto e campeão na Fórmula 1 e na Indy, revelou que terá reunião com Liberty Media em Miami e destacou que Andretti "fará o que for preciso" para entrar no grid da F1
Mario Andretti afirmou que irá até as últimas circunstâncias se for preciso para que a Andretti se torne uma equipe de Fórmula 1. Lenda do automobilismo e pai Michael Andretti, proprietário do time, não tem gostado da postura da categoria, que rechaçou inúmeras vezes a iniciativa, e isso tem magoado o ex-piloto de 84 anos.
A Andretti deseja ingressar na F1 desde 2021 e esteve próxima de comprar a Sauber, em acordo que colapsou nos momentos prévios à assinatura. A partir disso, o grupo tem investido em infraestrutura para entrar na categoria de maneira totalmente autoral. Em 2022, a equipe anunciou a construção da nova sede na cidade de Fishers, a cerca de 30 minutos do Indianápolis Motor Speedway. Com mais de 50 mil m², o espaço seria capaz de abrigar as operações da Andretti na Indy, Indy NXT e IMSA, além da possível iniciativa na Fórmula 1.
Como se isso não bastasse, o grupo anunciou no início de 2023 a parceria com a Cadillac, ramificação de luxo da General Motors, para motorização a partir de 2028. No início deste mês, a Andretti inaugurou uma sede em Silverstone, visando iniciativas na Europa — não somente a Fórmula 1, mas também as categorias de base, com o discurso de proporcionar uma chance condizente aos pilotos norte-americanos.
Ao longo dessa linha do tempo, a F1 sempre se apressou em minimizar a Andretti com discursos de que a equipe não agregaria à categoria ou que não seria competitiva — discurso entoado não somente pela Liberty Media, mas acompanhado por diversos dirigentes das outras equipes. Esse tipo de fala é que tem feito Mario Andretti se sentir magoado. “Estou ofendido. Sendo honesto, não acho que merecemos isso”, comentou o ex-piloto à AP.
“Temos feito grandes investimentos e acho que isso deveria ser o suficiente para sermos bem-vindos. O valor da competição será maior com 11 equipes do que [permanecer] com dez. Não sei, mas quero que me digam onde estou completamente errado”, continuou.
A Fórmula 1 não escondeu que seu maior desejo é ter a Cadillac como fornecedora de motor, o que representaria o ingresso da GM, única das grandes montadoras a nunca ter competido na categoria. A Liberty Media bancou essa postura, mesmo com a fabricante garantindo que seu interesse é entrar em conjunto com a Andretti.
No início desse ano, o time foi rejeitado pela F1 mais uma vez — agora, de maneira oficial. O discurso é que a "candidata não agregaria valor à categoria", o que deixou Mario Andretti ainda mais furioso. O ex-piloto promete guerra, mesmo sabendo da pequena chance de ingressar com a Cadillac em 2028 — o único aceno positivo da Liberty Media, que afirmou que pode reconsiderar a situação para daqui quatro anos, caso a montadora realmente tenha sua própria unidade de potência.
“Aquele foi outro comunicado ofensivo. A GM disse várias vezes que é Andretti ou nada, então somos nós quem resolvemos isso. Ainda assim, [a F1] tentou uma jogada. Há uma corrente oculta, que não entendo, mas se querem sangue, estou pronto”, disparou.
“O que queremos dizer é: não importa o que nos pedirem, nós faremos o que for preciso. Por enquanto, só nos deram desculpas sem argumentos, como: ‘oh, não desejamos que venham’ ou ‘não queremos que fiquem envergonhados’”, completou.
Mario Andretti revelou que se reunirá com a alta cúpula da Fórmula 1 daqui duas semanas, quando a categoria desembarca em Miami para a sexta etapa do certame.
“Tivemos só uma reunião com eles e isso é um problema, não acho que tenha sido suficiente. Por isso, agradeço pelo próximo encontro. Perdemos algumas oportunidades ao longo do caminho, mas temos de olhar para frente e não para trás”, pontuou.
O ex-piloto prosseguiu destacando o trabalho que tem sido feito pela Andretti para chegar com consistência na Fórmula 1, ressaltando novamente a aliança com Cadillac e a nova fábrica construída em Silverstone. Para ele, tudo tem corroborado para dissipar qualquer desconfiança em cima da iniciativa.
“Continuo com esperanças, pois não paramos de trabalhar nisso. Nossas atitudes mostram que não é somente conversa fiada. Estamos juntando tijolos e argamassa e mostramos isso com a sede em Silverstone”, declarou Mario Andretti.
“Não seremos humilhados. A GM deixou claro que está empolgada com o projeto e eles possuem um longo acordo conosco. Com tudo isso, não sei mais o que podemos fazer”, finalizou.
A Fórmula 1 retorna de 3 a 5 de maio para a disputa do GP de Miami, o primeiro de três que acontecem nos Estados Unidos na temporada 2024.
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