Haas vive de brilharecos aos sábados e desperdiça bom retorno de Hülkenberg à F1

Nico Hülkenberg tem se mostrado um tremendo acerto da Haas, dando mais experiência ao time, ficando longe dos acidentes e conquistando ótimos resultados em classificações. O problema é que o alemão é a única boa notícia de uma equipe que tem um carro que destrói os pneus e some nas corridas

A Haas parece não ter muito mais para onde correr na F1. Dona de orçamento modesto e inúmeras dificuldades operacionais, a equipe foi caindo gradativamente na ordem de forças nos últimos anos e, desde que foi parar na lanterna, nunca conseguiu reagir de forma muito impressionante.

O que se vê em 2023 é mais do mesmo na história da Haas na F1. Quinta colocada em 2018, a equipe em todos os outros anos não foi capaz de ir além da oitava colocação nenhuma vez. E é justamente o oitavo lugar a posição atual dos americanos.

[relacionadas]

E poderia ser pior, viu? Se a Haas sofria para achar uma grande performance de seus pilotos desde que Kevin Magnussen e Romain Grosjean caíram de nível após viverem boas temporadas, Nico Hülkenberg chegou para solucionar isso. Mas o veterano não faz milagres também, por mais que já tenha largado sete vezes entre os dez primeiros na F1 2023.

Nico Hülkenberg faz temporada de retorno da F1 muito boa (Foto: Haas F1 Team)

Depois de três anos apenas vivendo de momentos esporádicos como substituto na Aston Martin/Racing Point, Hülk voltou ao grid e mostrou que ainda tem muita lenha para queimar. Aos 36 anos, certamente está entre os cinco melhores pilotos em classificações e, numa análise mais ampla, não é exagero dizer que briga para estar no top-5 de performances no ano.

O problema é que a Haas simplesmente não ajuda. Apesar de um carro digno — não mais que isso, diga-se —, nos sábados, os americanos despencam todo domingo com um bólido que destrói os pneus. Se a Ferrari consome muito, a Haas faz isso ao quadrado.

Junto disso, um Magnussen que volta a parecer em viés de baixa. Ainda que tenha sido essencial para recuperar o time após o baque da saída de Nikita Mazepin e, principalmente, da grana russa, o dinamarquês já não oferece muita coisa no comparativo com Hülkenberg. Cuida melhor do carro do que Mick Schumacher, inegavelmente, mas não consegue repetir as boas performances do atual companheiro.

Kevin Magnussen não consegue dominar a Haas como fazia com Mick Schumacher (Foto: Haas F1 Team)

A Haas pode até pensar em trocar Magnussen nos próximos anos — ainda que o problema maior não seja ele — e construir um time ao redor de Hülk, mas e depois? O desgaste dos pneus parece algo crônico e a equipe já está perto do limite no desenvolvimento em paralelo ao da Ferrari. Não dá para se inspirar em muito mais coisa. Está perto do teto, pois.

Entra nessa equação também, além do óbvio investimento muito abaixo das rivais maiores e da falta de um time de engenharia de ponta na F1, a logística tenebrosa que envolve a Haas. É um time com bases americanas que tem peças saindo da Inglaterra e da Itália. Parece dinâmico? O próprio Guenther Steiner, chefe da equipe, sabe o tanto que isso segura o desenvolvimento interno.

“No momento, nosso modelo de negócio não funciona bem por causa da colaboração com Ferrari e Dallara, além da equipe de corrida no Reino Unido. No caso, o melhor a fazer é tentar uma boa administração dentro das condições possíveis”, reconheceu.

Nico Hülkenberg é um dos destaques da F1 2023 (Foto: Haas F1 Team)

A luta de 2023 da Haas é a mesma de 2022, 2021 e praticamente todos os anos desde a sua fundação na F1: pela sobrevivência. Não é de graça que a equipe é a mais vocal contra a entrada de uma 11ª escuderia no grid, afinal, sabe que não pode pensar em perder 1 centavo sequer.

Assim, os americanos precisam que Magnussen acorde para vida e Hülk siga no padrão de excelência que vem apresentando. Só assim, e contando com a inércia da Alfa Romeo e a ruindade da AlphaTauri, para não voltar para a lanterna e ficar, cada vez mais, perto do fim da linha na F1.

Fórmula 1 entrou de férias e retorna somente no fim de agosto, entre os dias 25 e 27, com o GP da Holanda, em Zandvoort, 12ª etapa da temporada 2023. E o GRANDE PRÊMIO acompanha tudo.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!