F1 pede, e advogados de Massa estendem prazo de resposta para ação de título de 2008

Os advogados de Felipe Massa estenderam a data-limite da Fórmula 1 e da FIA para responder sobre a ação judicial que busca reconhecer o brasileiro como campeão da temporada 2008

Os advogados que representam Felipe Massa deram a Fórmula 1 e a FIA mais um mês para responder sobre a ação judicial movida pelo piloto sobre o Mundial de 2008. A data-limite de resposta era 12 de outubro, e agora passa a ser 15 de novembro, dias depois do GP de São Paulo.

Segundo o advogado Bernardo Viana, em nota oficial, a própria FIA e a Fórmula 1 pediram uma extensão do prazo para completar a investigação interna sobre. As partes concordaram por entender que a nova administração da categoria (em vigor desde 2016), olha para o assunto com boa fé.

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Felipe Massa busca ser reconhecido como campeão mundial de Fórmula 1 de 2008 após declaração de Bernie Ecclestone, ex-chefão da categoria, que afirmou em março que sabia do escândalo de manipulação do GP de Singapura, quando a Renault ordenou que Nelsinho Piquet batesse de propósito para beneficiar Fernando Alonso, o que prejudicou o brasileiro, que eventualmente perdeu o título para Lewis Hamilton por apenas 1 ponto.

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Felipe Massa (Foto: Ferrari)

“Acho que tudo o que aconteceu no final, o resultado e a investigação, não foi do jeito correto. Quem saiu punido?”, questionou Felipe, em entrevista ao GRANDE PRÊMIO, publicada em setembro.

“No ano anterior, a McLaren foi desclassificada do campeonato de Construtores e pagou US$ 100 milhões [por conta do escândalo de espionagem conhecido como ‘Spygate’]. O que aconteceu com a Renault? Nada. Mudaram o título, é uma coisa muito séria”, recordou.

“Sabíamos que tinha uma regra que dizia que, quando um piloto recebesse um título, o resultado não poderia ser mais mudado. Eu sabia dessa regra, confiei na Ferrari também, nos advogados da Ferrari, e ficou por aí. Aí, de repente, agora, 15 anos depois, a gente escuta uma situação completamente diferente, onde os chefes da categoria, como Bernie Ecclestone, Max Mosley, Charlie Whiting [diretor de provas, também já morto] sabiam disso em 2008 e não fizeram nada para não riscar o nome da Fórmula 1. Então isso mostra que, no final, a pessoa que mais saiu perdendo com tudo isso, numa manipulação, numa sacanagem, fui eu. Então, foi o que aconteceu, e nós vamos lutar para que a gente tenha uma justiça”, assegurou.

Entenda o caso:

No início de março, o ex-chefão da F1, Bernie Ecclestone, deu entrevista ao site alemão F1 Insider e revelou que já sabia do escândalo Crashgate, em Singapura, ainda em 2008, mas que decidiu não expor a informação, e que considera o brasileiro como o legítimo campeão mundial.

Na ocasião, a F1 viveu um escândalo de manipulação de resultado no GP de Singapura. O brasileiro Nelsinho Piquet bateu propositalmente com a Renault a fim de beneficiar o companheiro de equipe Fernando Alonsoque venceu a corrida e não tinha relação com a disputa de título. Massa foi um dos grandes prejudicados, já que partiu da pole-position e liderava até o acidente de Nelsinho.

Desde a declaração de Bernie, Felipe demonstrou o desejo de revisar o resultado do campeonato, inclusive avaliando uma possível ação na justiça. Ao GRANDE PRÊMIO, em março, o brasileiro falou sobre a decepção em ouvir o que foi dito pelo ex-mandatário da categoria.

“Uma situação inaceitável, que me deixou triste ao tomar conhecimento que o chefão da Fórmula 1 e o chefão da FIA souberam em 2008 e se calaram. Isso é muito grave e inadmissível para o esporte”, disse Massa.

O escândalo do Crashgate foi revelado em 2009, pouco tempo depois de Piquet ser demitido na Renault. Tanto Flavio Briatore, chefe de equipe, quanto Pat Symonds, diretor de engenharia, foram banidos da Fórmula 1, mas eventualmente reverteram a decisão na corte francesa e concordaram em se afastar do Mundial. Nelsinho nunca mais correu na categoria.

Na época, Felipe chegou a vocalizar pedidos para que o resultado do GP de Singapura fosse anulado, mas o estatuto da FIA tornou a opção impossível, já que segundo o Código Internacional Esportivo, a decisão do campeonato não poderia ser alterada após a cerimônia de premiação do órgão.

A investigação da FIA também não apontou evidências de que Alonso e a maior parte da equipe Renault sabiam do plano de batida proposital e auxiliassem na execução. O órgão entendeu que seria injusto mudar o resultado.