Chefe da Mercedes expõe "carro complexo" e questiona números: "Onde está a limitação?"

Toto Wolff, chefe da Mercedes, disse que os dados coletados em Melbourne mostraram o downforce da forma prevista, porém não se convertia em tempo de volta

Depois de admitir que "está perdida" desde a mais recente mudança de regulamento, com a volta do efeito-solo, a Mercedes permanece em busca de respostas e soluções para melhorar a performance do W15. E os testes recentes indicam que se trata muito mais de uma questão de mecânica do que de aerodinâmica, embora o chefe, Toto Wolff, reconheça que "não faz sentido".

Uma das principais deficiências do carro de 2024 é a perda de desempenho em curvas de alta velocidade. A investigação inicial partiu de uma suspeita quanto aos níveis de downforce, porém análises mais profundas mostraram que a pressão aerodinâmica produzida pelo carro era exatamente a prevista. Contudo, não se convertia em nenhum benefício de performance.

[relacionadas]

Diante disso, o time começou a mudar a mentalidade e passou a trabalhar com a possibilidade de ser um problema mais relacionado com a mecânica do que com a aerodinâmica. Mudanças na configuração foram testadas no Japão, porém Wolff afirmou que ainda se trata de um carro "muito complexo".

"Medimos o downforce com nossos sensores de pressão e eles indicam que temos 70 pontos mais de downforce numa determinada curva em Melbourne comparado ao ano passado", começou o chefe da Mercedes à revista inglesa Autosport. "Mas, em tempo de volta, não é um 1 km/h mais rápido. Não faz sentido. Portanto, onde está a limitação?"

George Russell sofreu nas curvas de alta do circuito de Suzuka (Foto: AFP)

"Queríamos eliminar alguns itens da lista para entender: detectamos alguma limitação? Acredito que sim", continuou o dirigente. "Tudo o que vimos nesses dois anos aponta que deveria haver muito mais downforce do que acreditamos. Medimos a pressão aerodinâmica e ela está lá. Mas simplesmente não conseguimos extrair o tempo de volta que deveríamos e que as simulações nos mostram. Não é trivial", frisou.

O efeito-solo retornou à F1 em 2022, e o que se viu a partir daí foi um completo domínio da Red Bull sobre as demais equipes do grid. De início, a Mercedes optou por um conceito diferenciado com os sidepods quase nulos, mas a alternativa mostrou-se falha, tanto que o time abandonou o desenho na metade do ano passado.

Para 2023, a saída foi trabalhar em um conceito mais convencional, porém o déficit para os taurinos ainda é enorme. Para completar, Ferrari e McLaren surgem com projetos mais sólidos neste início de ano.

"O carro é muito complexo para nós, onde o colocamos em termos de equilíbrio aerodinâmico e equilíbrio mecânico", disse Wolff. "Esses dois precisam se correlacionar, e seguimos uma certa trajetória nos últimos anos. Continuamos andando em círculos e chegamos a ponto de dizer 'Ok, precisamos fazer algo diferente’", concluiu.

Fórmula 1 volta daqui a duas semanas, entre os dias 19 e 21 de abril, para o GP da China, retorno da etapa ao calendário pós-pandemia.

:seta_para_frente: Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
:seta_para_frente:Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!