Pier Guidi detalha risco de abandono antes de vitória em Le Mans: "Parecia tudo perdido"

Alessandro Pier Guidi dirigia o carro #51 da Ferrari no sábado (10), quando foi para a brita na primeira chicane de Mulsanne e teve de ser rapidamente reposicionado na pista pelos comissários. Piloto italiano disse que, naquele momento, "parecia tudo perdido", mas destacou a reação para a vitória

A vitória da Ferrari #51 nas 24 Horas de Le Mans, prova que foi finalizada neste domingo (11), em Sarthe, teve capítulos de drama e de emoção. Foram três sustos quando Alessandro Pier Guidi estava no volante do bólido e que fizeram o italiano pensar que "tudo estava perdido". Entretanto, seja com o piloto de 39 anos, seja com os parceiros James Calado e Antonio Giovinazzi, o carro conseguiu se recuperar e se manteve entre os melhores para receber a bandeirada.

Após o histórico resultado para a escuderia de Maranello, os obstáculos foram relembrados por Pier Guidi. O primeiro deles no sábado (10), próximo à meia-noite, quando o piloto italiano foi para a brita na primeira chicane de Mulsanne e teve de ser rapidamente reposicionado na pista pelos comissários. Logo na sequência, um safety-car ajudou o carro #51 a continuar na luta pela vitória.

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"Para ser honesto, foi um momento difícil. Tentando evitar uma colisão, eu fui para o lado molhado [da pista] e acabei na brita. Só esperava que os fiscais fossem rápidos e, no final, eles fizeram um trabalho incrível [recuperando o carro], porque eu não perdi uma volta. E então, com o próximo safety-car, eu estava de volta ao jogo", contou Pier Guidi.

"É claro que os poucos minutos na brita não foram uma sensação agradável, parecia que tudo estava perdido, eu estava na liderança. Foi uma pena. Mas ainda havia muito tempo pela frente e nós sabemos que nas 24 Horas de Le Mans tudo pode acontecer. Eu não desisti, continuei tentando, e quando voltei para o jogo, eu disse: 'ok, podemos fazer isso'", completou.

Alessandro Pier Guidi passou por três momentos de tensão antes de vencer as 24 Horas de Le Mans (Foto: AFP)

E, de fato, foi possível para o trio do bólido #51. Eles se recuperaram e voltaram à liderança antes dos outros dois sustos. O segundo veio no começo da manhã deste domingo, quando o carro da Ferrari demorou a pegar após pit-stop e a parte elétrica precisou ser reiniciada para voltar à pista. Isso custou, momentaneamente, a liderança. Já o terceiro obstáculo surgiu a menos de 30 minutos para o fim, com o mesmo problema elétrico depois de uma parada.

"Tivemos um 'falso' sinal vermelho e não conseguimos ligar o carro. Tivemos de reiniciar todos os sistemas, e parte do procedimento era segurar esses dois botões, e foi o que fiz para reiniciar. Isso aconteceu duas vezes, talvez na segunda eu estivesse mais preparado do que na primeira, e conseguimos reiniciar", relatou Pier Guidi.

A maior tranquilidade observada no último problema do #51 pode estar relacionada à vantagem de mais de 2min em relação ao principal concorrente #8, da Toyota. Entre a primeira e a segunda falha nos pit-stops, Ryo Hirakawa perdeu o controle do bólido da montadora japonesa, rodou e bateu. Isso deixou o trio ferrarista em boas condições de vitória.

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Calado, Pier Guidi e Giovinazzi comemoram histórica vitória da Ferrari nas 24 Horas de Le Mans. O trio conquistou o triunfo com a Ferrari #51 (Foto: WEC).

Aliás, Calado e Giovinazzi também ressaltaram as dificuldades após a prova. O inglês se disse "surpreso por termos chegado ao fim" e apontou que a "confiabilidade era o nosso maior medo". Por sua vez, o italiano e ex-piloto da Alfa Romeo, na Fórmula 1, destacou o trabalho da equipe e afirmou que "não esperávamos sobreviver por 24 horas, por isso devemos estar muito orgulhosos".

A vitória do #51 encerrou um jejum de 59 anos da Ferrari. Em 1964, Jean Guichet e Nino Vaccarella completaram as 24 Horas de Le Mans com a 275P para o que seria, ao longo de um longo e tenebroso inverno, a última vitória da Ferrari de fábrica. O carro da marca italiana também ganhou no ano seguinte, 1965, por uma equipe de ligações sanguíneas com a escuderia de Maranello, mas nunca mais outra vez.