Marc Márquez vê precedente perigoso em mudança de regra após punição na MotoGP
Marc Márquez alertou para o fato de que, com a nova interpretação sobre o pagamento de punições aplicadas para corridas seguintes, pilotos lesionados optem por voltar à pista só para cumprirem as sanções, mesmo sem condições físicas para isso
Com o retorno à MotoGP agendado para este final de semana, em Le Mans, Marc Márquez foi questionado durante a coletiva desta quinta-feira (11) sobre a anulação da dupla volta longa aplicada após o acidente com Miguel Oliveira em Portugal. Após mais uma vez dizer que concordava com a sanção aplicada, o piloto da Honda deixou claro que a confusão causada pela própria Federação Internacional de Motociclismo (FIM) não era sua culpa. E ainda alertou para o problema que a mudança no texto pode causar daqui em diante.
Márquez se envolveu num acidente com Oliveira ainda nas primeiras voltas da corrida realizada em Portimão, após toque com Jorge Martín. Na ocasião, os comissários julgaram o espanhol da Honda muito agressivo e decidiram aplicar uma dupla volta longa.
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O hexacampeão aceitou a punição, mas o imbróglio começou a partir daí, e isso porque o painel dos comissários da FIM escreveu o texto dizendo que a sanção teria de ser paga no GP da Argentina, a etapa seguinte da temporada. Como Márquez precisou passar por cirurgia por conta de uma fratura na mão direita e ficou de fora da corrida em Termas de Río Hondo, a punição seria automaticamente anulada.
A notícia, é claro, correu na mídia, e então a FIM decidiu alterar o texto referente à dupla volta longa de Marc Márquez, agora esclarecendo que ela teria de ser paga na próxima corrida que o piloto participasse. A Honda, então, recorreu no dia 17 de abril, e o resultado saiu na última terça-feira, favorável ao natural de Cervera.
"As regras agora mudaram, mas quando fui até os comissários, estava em total acordo sobre ser punido, pois eu havia cometido um grande erro", começou Marc. "No papel e quando conversamos, era para o GP da Argentina, mas após dois dias, alguém mudou [o texto]. Não sei quem, mas alguém alterou a punição, e isso não é minha culpa", ressaltou.
"Recebi a punição no GP de Portugal, compreendi e concordei totalmente com ela porque cometi um erro. Mas estava no papel que era para a Argentina. Assinei isso e perguntei novamente aos comissários, e eles disseram que sim. Então passei pela cirurgia, e dois dias depois eles mudam. Mas isso não é um erro meu", continuou o piloto, dizendo ainda que a maior sanção que ele sofreu foi "ficar em casa por três corridas".
"Essa é a melhor maneira de aprender e a pior punição que você pode dar a um atleta", frisou o #93. Em seguida, Márquez também alertou para o precedente que a mudança no regulamento pode trazer para o futuro, com pilotos lesionados optando por simplesmente participarem de um GP apenas para cumprirem a sanção, mesmo sem condições físicas para isso.

Ele próprio, aliás, admitiu que teria sido mais fácil alinhar na Espanha apenas para pagar a dupla volta longa e depois parar nos boxes. "Parece que eles vão mudar isso no futuro, mas não acho que seja a melhor solução. Mudar a regra mudará algumas coisas que signifiquem para os pilotos correrem mais riscos. Teria sido mais fácil ir para Jerez, cumprir a punição e parar nos boxes. Isso que nós precisamos evitar, então eles precisam pensar em outra estratégia", seguiu Marc.
"Não li [o novo texto da punição] porque não me importa tanto, mas ouvi que a punição mudou para a corrida seguinte que você participar, mais ou menos, mas, para mim, isso só vai criar uma situação como a que já tivemos no passado, com [Luca] Marini na Moto2", lembrou, referindo-se à temporada 2018, quando o piloto da VR46 recebeu uma punição por colidir com Jorge Navarro em Jerez de la Frontera e cumpriu no GP da França, mas deixou a corrida cedo por causa das dores que ainda sentia do acidente.
Márquez acredita que a nova interpretação da regra pode fazer com que os pilotos forcem um retorno antecipado, criando uma imagem ruim para a categoria se cenas como que envolveu Marini se repetirem. E concluiu: "Não sei qual será a solução, mas não sou a pessoa que vai consertar isso, o chefe da FIM que é", disse Márquez, atribuindo a responsabilidade a Jorge Viegas, o presidente da federação.