KTM confirma melhora e sai na frente em dia de força europeia na MotoGP na França

O primeiro dia de testes para o 1000º GP da história do Mundial de Motovelocidade começou centrado na força europeia. Diferente de outros tempos, quando as motos japonesas mandavam na MotoGP, a sexta-feira (12) na França trouxe KTM, Aprilia e Ducati como protagonistas, com o Japão colocando uma única moto no top-10 — a Honda de Marc Márquez.

O brilho de Aprilia e Ducati não chega mais a ser novidade. As duas marcas ofuscaram as rivais em muitos momentos do ano passado, mas o primeiro dia em Le Mans serviu para confirmar que a RC16 cresceu de verdade e não apenas tirou vantagem dos testes feitos por Dani Pedrosa em Jerez de la Frontera, palco da corrida passada.

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No desembarque em território francês, Jack Miller colocou a casa de Mattighofen no topo da folha de tempos, com 1min30s950, 0s119 melhor do que Aleix Espargaró, o segundo colocado. A melhor Ducati foi a de Marco Bezzecchi, que fechou em terceiro.

Vencedor do GP da França de 2021, Miller garantiu que “com certeza, vai lutar por isso”.

“É bom, sabe, a moto é forte. Ser forte na América, em Jerez e aí aqui? São pistas diferentes. É incrível. Estou ansioso para cada corrida com essa moto”, disse Jack. “È uma equipe incrível e um projeto incrível. Estou amando. Chegar para um fim de semana sabendo que posso ser competitivo desde o início é realmente bom”, sublinhou.

Elogiado pela boa aderência pelos rivais, Miller apontou que falta grip em alguns pontos, mas falou em encarar a pista curva a curva.

“Uma sexta-feira perfeita é sempre bom, mas tomara que possamos traduzir isso em um bom sábado e em um domingo melhor”, torceu. “Le Mans é uma pista estranha, não dá para forçar ao limite máximo como dá para fazer em outras pistas. O grip é baixo em alguns pontos. Em outros, é fantástico. Então temos de encarar curva a curva. Mesmo assim, a moto estava boa desde o começo”, certificou.

“Nas curvas ou em setores onde não estava muito confiante nesta manhã, fui capaz de trabalhar nelas no treino 1 e, especialmente, no treino 2, para lenta, mas certamente melhorar”, falou. “Fazer aquela volta no final foi bom. A KTM tem um bom manejo com o vento, não parece afetar muito. Estava ventando mesmo na curva 1 — é um ponto difícil, com toda a aerodinâmica da moto, mergulhar ali. Mas parece permanecer estável. Forcei com tudo”, garantiu.

Aleix fechou o dia no circuito Bugatti satisfeito, já que entende que a RS-GP está funcionando bem. O mais velho dos irmãos Espargaró também avaliou que pode ir para sábado pensando na pole-position.

“A moto está funcionando realmente bem, especialmente com o pneu dianteiro macio”, afirmou Aleix. “Obviamente, é só sexta-feira, mas é sempre importante ser rápido e estou satisfeito”, destacou.

O catalão destacou, também, a chegada de novos componentes aerodinâmicos, que estão ajudando a Aprilia a ganhar performance.

“Estamos usando alguns novos itens aerodinâmicos que me ajudam na aceleração e na curva 1, onde entramos realmente muito rápido e a moto tende a se mover muito”, indicou. “Amanhã vamos mirar a pole-position, mas sabemos como é sempre difícil aqui em Le Mans”, completou.

0s200 mais lento do que o ponteiro, Bezzecchi foi o terceiro colocado e celebrou o fato de já ter alcançado uma vaga no Q2, a fase final da classificação.

“As duas primeiras filas são sempre a nossa meta e chegar ao Q2, de fato, simplifica muito as coisas. A corrida já ganha uma perspectiva diferente”, comentou Marco. “Me sinto bem e consegui ser incisivo desde o início, mesmo que tenha encarado tudo com calma, especialmente nesta manhã, para podermos entender as sensações com o pneu dianteiro com este tipo de temperatura”, continuou.

O vice-líder do Mundial de Pilotos 2023 avaliou que ainda é possível melhorar, mas afirmou que já ter um bom ritmo.

“Certamente, tenho alguma margem na freada, posso melhorar em alguns pontos, mas estou bem feliz”, declarou. “Tenho bom ritmo e fui bem também com o tempo de ataque”, frisou.

O tradicional poderio da Ducati não passou em branco, mas os holofotes passaram longe do time titular. Dupla da Pramac, Jorge Martín e Johann Zarco ficaram em quarto e quinto, fechando um top-5 coberto por 0s326.

Mesmo com queda, Martín avaliou que conseguiu “salvar o dia” e avaliou que tem um bom ritmo em Le Mans.

“Em termos de ritmo, não me encontro mal, acho que sou dos mais rápidos, mas quando tento fazer uma volta [lançada], não tenho feeling nenhum. Não posso forçar, não posso parar a moto… E daí surgem todos os problemas”, disse Jorge. “Espero encontrar algo para amanhã. Acho que temos um pouco a direção a seguir, então estou tranquilo e acho que podemos dar um passinho amanhã”, ponderou.

Diante do cenário apresentado nesta sexta-feira, o #89 colocou a KTM como uma adversária, não só em Le Mans, mas em toda a temporada.

“As KTM vão bem, estão sendo rápidas, especialmente em volta lançada, que, no fim, é o que marca a diferença hoje em dia, principalmente na sprint, mas também é chave para o domingo. Seguramente, serão rivais para o ano todo”, apostou.

Parceiro de Martín, Zarco também se mostrou impressionado com a performance das KTM, principalmente no quesito aderência.

“Pelo que pude constatar, conhecendo os pilotos, vemos que estão muito em forma e confortáveis. Eles têm muita aderência na traseira”, avaliou Johann. “Eles estavam na frente em Jerez, com muita temperatura e a pista de repente escorregadia. E aqui, quando você tem de atacar e ainda tem aderência, parece que eles conseguem mais ou pelo menos controlam bem a moto. Eles simplesmente têm uma base muito boa”, elogiou.

O #5 considerou que a equipe fez um bom trabalho assegurando vaga direto na fase final da classificação.

“Fizemos o trabalho indo direto para o Q2 amanhã. Isso é importante. As condições constantes do dia nos permitiram ganhar confiança com a moto. Afinal das contas, claramente, foram as condições mais frias que encontramos desde o início do ano. Vimos que muitos pilotos ficaram surpresos”, expressou. “É lógico, o pneu dianteiro está sofrendo para trabalhar — ou quando queremos fazê-lo funcionar, ele bloqueia e aí temos quedas. Então trabalhamos e estamos trabalhando nos detalhes com os meus técnicos — e isso é bom”, alegou.

“Amanhã, com esses detalhes, espero ter mais controle da moto para ganhar velocidade, buscar a primeira fila e estar pronto para a primeira corrida. Entre a manhã e a tarde, as sensações foram melhores. Não ouve uma grande melhora em performance pura, mas tudo bem. Estamos no bolo e isso é bom”, encerrou.

Com a melhor volta em 1min31s342, Maverick Viñales colocou a segunda moto da Aprilia na sexta colocação e destacou que a equipe conseguiu usar em Le Mans várias coisas que provou em Jerez.

“Hoje foi um dia muito bom”, resumiu Maverick. “Levamos para a pista muitas coisas que testamos nos testes, coletando uma boa quantidade de dados, e o fato de terem funcionado, mesmo em um circuito muito diferente, é extremamente positivo. Agora temos os dados para melhorar o nosso potencial e para tentar forçar mais amanhã”, seguiu.

“Me sinto forte e acho que temos margem de melhora no sábado”, opinou. “Hoje era importante passar para o Q2 e fizemos exatamente isso, então agora vamos esperar pelo que o clima vai fazer, mas, de qualquer forma, estamos prontos para fazer um bom trabalho”, assegurou.

Única moto japonesa no top-10, Marc Márquez colocou a Honda na oitava colocação. Apesar de ter sofrido duas quedas ao longo do dia, o espanhol celebrou o trabalho desta sexta-feira.

“Hoje eu estou muito feliz, no geral. Foi um bom dia”, disse Márquez. “Caí duas vezes: a segunda foi ‘aceitável’, porque eu estava forçando no limite em uma volta rápida — pode acontecer. Depois de um mês e meio em casa, não é fácil sair e forçar logo de cara, então temos de ficar felizes com o que fizemos hoje, já que garantimos vagas no Q2”, seguiu.

Agora, o hexacampeão da MotoGP foca em garantir um lugar dentro do top-9 do grid na primeira corrida desde o GP de Portugal, quando lesionou a mão direita.

“O objetivo para amanhã é manter a posição nas primeiras três filas do grid. Claro, o clima pode mudar muito as coisas por aqui, mas vamos seguir trabalhando e nos adaptando ao que quer que aconteça”, frisou. “Ainda preciso trabalhar um pouco para seguir melhorando meu ritmo e também para melhorar a performance em geral”, completou.

Líder do campeonato, Francesco Bagnaia fez 1min31s467 na melhor volta do dia e ficou com a nona posição. O italiano contou que sofreu com um pneu traseiro, mas, ao trocar, conseguiu avançar.

“Meu ritmo foi um dos melhores nesta manhã e eu me senti imediatamente confortável”, relatou. “Tentamos fazer um tempo de ataque, mas não tive uma boa sensação com o pneu traseiro. Também usamos o mesmo pneu no início da sessão da tarde e tive algumas dificuldades. Felizmente, quando trocamos o pneu para a última volta lançada, tudo voltou ao normal, e nós percebemos qual tinha sido o problema”, explicou.

“No geral, foi um dia positivo mesmo assim. Estamos no top-10 e a sensação com a moto também é boa. Ainda temos de melhorar um pouco, mas diria que estamos lá”, avaliou.

Correndo em casa, Fabio Quartararo não conseguiu vaga direto no Q2 da classificação. O piloto de Nice ficou só em 12º, 0s700 do líder.

“Estamos tentando achar uma base e dando nosso melhor para dar um passo amanhã. Estou sempre dando 100% de mim na moto, o tempo todo”, falou Fabio. “Estou fazendo meu melhor, tentando encontrar a solução e trabalhando duro. Nos falta performance”, assumiu.

"Estamos tentando melhorar o feeling. Os fãs são a parte mais positiva de ontem. Vou dar 100% para deixá-los felizes”, encerrou.

A classificação da MotoGP está marcada para sábado, às 5h50 (de Brasília). A largada da prova sprint acontece às 10h. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade.