Bastianini ressurge em hora oportuna. Bagnaia x Martín fica em banho-maria na Malásia

Ameaçado com um rebaixamento para a Pramac, Enea Bastianini respondeu na pista e mostrou que aquele piloto que encantou na Gresini segue por lá. Depois de ceder dois pontos na corrida sprint, Francesco Bagnaia recuperou três e manteve a liderança da MotoGP com duas etapas para o fim

Enea Bastianini respondeu na pista em meio a uma clara ameaça de rebaixamento para a Pramac. Pressionado pela boa forma de Jorge Martín, que briga com Francesco Bagnaia pelo título de 2023, o italiano mostrou que segue vive e colocou um ponto final em um longo jejum com uma atuação dominante para garantir a vitória no GP da Malásia deste domingo (12).

Promovido à equipe principal da Ducati em 2023, o #23 não teve vida fácil ao longo do ano. Logo na primeira corrida, foi derrubado por Luca Marini em Portugal e teve de se afastar da MotoGP para se recuperar. Depois, quando ainda tentava pegar a mão com a GP23, caiu na Catalunha e mais uma vez teve de ficar sob os cuidados do departamento médico.

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Até o fim de semana em Sepang, Enea tinha somado apenas 45 pontos. Só na Malásia, o italiano acumulou outros 31. E a resposta veio no momento ideal, já que a Ducati já admite publicamente a possibilidade de trocá-lo por Martín na equipe principal.

Focado em recuperar a performance que ficou perdida, Bastianini respira aliviado e, como bem definiu no sábado, coloca a cabeça para fora da água depois de meses submerso.

Ducati colocou os dois pilotos de fábrica no pódio pela primeira vez no ano (Foto: Ducati)

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“É fantástico e emocionante”, disse Bastianini à emissora italiana Sky Sport. “Depois de um período de merda, não há outro nome para isso, é ótimo voltar a vencer. Hoje eu não queria mais nada, só queria vencer. Não me importava com o resto, sabia que conseguiria. Forcei desde o início e, no final, tentei manter a vantagem. Fiquei completamente destruído”, relatou.

“Me senti realmente no limite e, para permanecer neste limite, cometi alguns pequenos erros que talvez não tenham sido percebidos. Hoje eu só queria isso: vencer. Algo explodiu dentro de mim neste fim de semana e comecei a me divertir outra vez. É muito bom. Estou muito feliz”, comemorou.

Por fim, Enea comentou as declarações de Paolo Ciabatti, diretor-esportivo da Ducati, que admitiu no sábado a possibilidade de rebaixá-lo para a Pramac.

“Enviei uma pequena mensagem à Ducati. Não sei qual será a decisão deles. Recebi a confirmação para 2024 em Misano, mas veremos se alguma coisa muda”, completou.

No que diz respeito à briga pelo título, dá para dizer que o campeonato segue em banho-maria. Depois de ceder dois pontos a Martín na corrida sprint, Bagnaia ganhou três no GP e, assim, vai para o Catar com uma vantagem ligeiramente maior do que aquela com que chegou na Malásia. Agora, os dois estão separados por 14 pontos.

A disputa entre os dois, aliás, aconteceu também na pista, com um confronto direto vencido por Pecco. O #1 fez duas belas ultrapassagens e garantiu o terceiro lugar, sem a menor chance de duelar com Bastianini e Álex Márquez, que foram absolutos desde a largada.

“Foi divertido para quem assistiu a corrida. Aqueles momentos com Jorge foram um pouco no limite para os dois, quando eu o ultrapassei ou quanto ele me ultrapassou na curva 14”, indicou. “Mas foi muito importante terminar na frente dele hoje. Não foi fácil. Perdemos tempo nesta luta em relação aos primeiros, mas, depois, começamos a forçar para cortar a diferença. Mas não foi o bastante, pois nós perdemos muito tempo”, avaliou.

“Foi, de verdade, [uma corrida] muito dura, porque o feeling que eu tinha com a dianteira era melhor do que ontem, mas ela se movia muito. Mais do que ontem na freada”, comparou. “Mas eu tinha mais confiança nas curvas, então foi melhor. Temos de ver isso para as próximas corridas, mas estou contente”, destacou.

Mais do que o pódio, o titular da Ducati celebrou o fato de ter conseguido abrir um pouco de vantagem no campeonato.

“É um ponto mais em relação a onde começamos. Vamos seguindo assim, o que é muito importante. Era, de verdade, uma luta muito bonita de ser ver, porque em duas corridas, tivemos dois mano a mano. Vai ser importante ir bem no Catar, pois ele é muito rápido em Valência. Será importante fazer um fim de semana como este no Catar”, finalizou.

Quase 7s atrás de Bagnaia em Sepang, Martín ficou apenas na quarta colocação e fechou a disputa irritado por ter de controlar a pressão dos pneus no forte calor malaio.

“Foi uma corrida complicada. Fiz o máximo que podia fazer hoje”, disse Martín. “Obviamente, não é onde eu queria estar. Queria recuperar alguns pontinhos em relação a Pecco, mas dei tudo”, garantiu.

“Teve um momento, com seis voltar para o fim, que pensei: ‘É melhor acabar, somar os pontos que der’. Tentei no início, me via mais forte do que ele, mas, quando a temperatura do pneu dianteiro subiu, comecei a sofrer muito”, relatou. “Tentei manter a pressão, ver se ele cometia algum erro, se saia da linha ou o que quer que fosse, mas, no fim, fui eu que comecei a errar. Decidi ficar ali e levar o máximo de pontos para casa”, explicou.

Por fim, Martín avaliou que é positivo já ter pelo menos o vice-campeonato nas mãos, mas já fez as contas do que precisa fazer para virar o jogo com apenas os GPs de Catar e Comunidade Valenciana pela frente.

“Um ponto mais distante, mas com uma corrida a menos. Temos de recuperar oito por fim de semana, ou sete ou oito para poder ganhar o Mundial”, apontou. “Confirmei que já posso ser só campeão ou vice, então acho que isso já é positivo. Mas, obviamente, temos de lutar”, encerrou.

MotoGP volta a acelerar no final de semana de 19 de novembro, com o GP do Catar, no circuito de Lusail, para a penúltima etapa do calendário. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade.