Honda reacende preocupação por "conflito de interesses" e põe futuro na Indy em xeque

Episódio dos atenuadores modificados por parte da Penske não caiu bem na sede da Honda nos EUA, que ainda não renovou contrato com Indy

A parceria entre Honda e Indy passa por um momento turbulento há algum tempo, mas a crise dos atenuadores adulterados da Penske pode ter sido um ponto de virada irreversível na relação, com uma possível saída da montadora japonesa da categoria — cada vez insatisfeita com o conflito de interesses gerado pelo fato de que Roger Penske, dono da equipe, também é proprietário da Indy e sócio da Ilmor, que produz os motores Chevrolet. O contrato entre montadora japonesa e categoria encerra no fim de 2026.

De acordo com o Los Angeles Times, jornal norte-americano, o episódio deflagrado logo após a classificação das 500 Milhas de Indianápolis, maior evento da Indy, causou furor na Honda Racing Corporation (HRC) dos Estados Unidos pela reincidência da Penske, que já havia sido pega pela fraude no sistema do push-to-pass no GP de St. Pete, que abriu a temporada de 2024.

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A publicação destacou que a Honda preferiu não comentar a violação por parte do time de Roger Penske, mas indicou que a permanência na categoria após 2026 vai depender da "habilidade de Penske em se desvincular da função de fiscalizar a categoria que possui e na qual também compete".

A Honda teria enviado um comunicado no dia seguinte ao anúncio de que a Indy trabalha por um órgão fiscal independente e da demissão de toda diretoria da Penske — Tim Cindric, presidente, e os diretores Ron Ruzewski e Kyle Moyer. A montadora reforçou antigas preocupações: "altos custos para ser fornecedor de motor" na categoria, assim como o "potencial conflito de interesses que possa existir" e a "significante participação" de Roger na Ilmor, fabricante dos motores Chevrolet, única rival da Honda.

Álex Palou correu GP do Alabama com a Honda como patrocinadora principal (Foto: Indycar)

Vale relembrar que o caso do atenuador só ganhou repercussão após denúncia da Ganassi, pois a inspeção técnica não detectou a alteração na peça que não poderia ser modificada. Depois do flagra, surgiram imagens de que a Penske utilizava o atenuador fora das regras há algum tempo, inclusive, nas 500 Milhas de Indianápolis, sem nunca ter sido notado, o que fez a Indy ser bastante questionada.

Antes mesmo do episódio do atenuador, a Honda se mostrava cada vez mais preocupada com o conflito de interesses na categoria. Por conta disso, em 15 de abril, logo após o GP de Long Beach, o jornal estadunidense IndyStar publicou uma matéria em que a Penske Entertainment se recusou a responder sobre a preocupação da Honda em cima desta questão. "Nada a declarar. Continuamos as negociações com montadoras para além da temporada de 2027", disse a empresa via nota à publicação.

Oficialmente, a montadora mantém negociações para continuar na Indy, como confirmou Chuck Schifsky, diretor da Honda & Acura Motorsports. "A Honda continua em negociações contínuas com a administração e as equipes técnicas da Indy sobre o nosso futuro como fornecedora de motores para a categoria", resumiu o dirigente ao Los Angeles Times.

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