Hamilton vê Vini Jr. “incrivelmente corajoso” e cobra: “Precisamos fazer mais”

Questionado sobre os casos de racismo enfrentados por Vini Jr. na Espanha, Lewis Hamilton avaliou que o jogador do Real Madrid tem sido “incrivelmente corajoso”. O britânico lamentou que casos assim aconteçam em pleno 2023 e avaliou que a sociedade precisa fazer mais

Depois de manifestar apoio pelas redes sociais, Lewis Hamilton voltou a se pronunciar sobre os casos de racismo enfrentados por Vini Jr. na Espanha. O piloto da Mercedes avaliou que o brasileiro tem sido “incrivelmente corajoso” e cobrou mais ação do esporte e da sociedade no combate à discriminação.

No último domingo, o ex-Flamengo ouviu uma série de insultos racistas por parte da torcida do Valencia em uma partida válida pela LaLiga. Vini Jr. identificou um dos agressores e indicou ao árbitro, que chegou a paralisar o jogo em Mestalla para advertir o público, como prevê o regulamento da RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol).

Relacionadas

📺 As corridas do fim de semana na TV e no streaming

Lewis Hamilton cobrou mais ações para combater racismo (Foto: Jared C. Tilton / AFP)

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Além de as agressões não terem cessado, Vini Jr. ainda levou um mata-leão do espanhol Hugo Duro, jogador do Valencia, mas os árbitros do VAR mostraram ao juiz da partida apenas as imagens da reação do #20 do time merengue, o que resultou em um cartão vermelho.

Vini Jr. não se calou e reagiu com criticas à LaLiga. O caso ganhou proporções ainda maiores com o posicionamento do governo do Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou solidariedade ao atleta em uma coletiva de imprensa na reunião do G20, enquanto o Ministério da Igualdade Racial agiu para cobrar punições na Espanha. A pasta comandada por Anielle Franco ainda ganhou o apoio dos ministérios do Esporte, das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública, e dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Na esteira do que foi classificado como uma crise diplomática, sete pessoas foram presas — três pela violência na partida e outras quatro por um caso anterior, quando um manequim vestido com a camisa de Vinícius foi pendurado em uma ponte, simulando um enforcamento.

Além disso, a RFEF multou o Valencia em R$ 241 mil e determinou o fechamento do setor Mario Kempes, de onde vieram muitos insultos em Mestalla, por cinco jogos. A entidade ainda anulou o cartão vermelho aplicado a Vini Jr., já que considerou que a “omissão de toda a sequência de eventos” acabou por comprometer “fundamentalmente a decisão do juiz”.

Em Monte Carlo para o GP de Mônaco deste fim de semana, Hamilton foi questionado pela jornalista Mariana Becker, da Band, se já vivenciou situações parecidas e como reagiu e, mais uma vez, se mostrou solidário a Vini Jr.

“Sim. Fiquei devastado em saber que, em 2023, ainda vemos e ouvimos essas coisas”, começou Lewis. “E, realmente, bate em casa para mim. Realmente traz emoções de coisas que eu vivenciei, seja quando estava no Reino Unido, ou correndo na Itália, na França, na Espanha. As coisas que as pessoas dizem podem ser muito dolorosas”, sublinhou.

“Antes de mais nada, acho que ele tem sido incrivelmente corajoso”, elogiou. “Acho que é incrível o que alguns que estão vivenciando isso no campo estão fazendo em termos de serem uma ferramenta permanente, ficando fortes, sendo humildes na abordagem deles. Não sendo reativos, mas sendo responsáveis quando avançam, pois tem muitas crianças assistindo”, seguiu.

Hamilton lembrou que não há espaço para preconceito no mundo de hoje e cobrou a sociedade a fazer mais.

“Não há espaço para discriminação na sociedade de hoje, então os esportes precisam fazer mais, nós todos precisamos fazer mais. E se virmos e ouvirmos algo, precisamos fazer mais para apoiar”, alertou. “Espero que, em algum momento, eu possa ir ao Brasil e apoiar”, concluiu.

Hamilton já sentiu a mesma discriminação de que Vini Jr. foi alvo. Um dos episódios mais gritantes aconteceu em 2008, durante um teste da Fórmula 1 em Barcelona, quando torcedores espanhóis fizeram black face e imitaram macacos, com camisas onde se lia a inscrição ‘família Hamilton’.

Ainda que muitos espanhóis tenham dito na última semana que casos de racismo não aconteciam no país antes de Vini Jr. — a quem classificam como provocador —, naquele ano o próprio diário Marca noticiou que o inglês era chamado de “negro de merda” por um grande grupo na tribuna principal. Na época, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) chegou até mesmo a ameaçar a Espanha de perder o GP.

GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do fim de semana da Fórmula 1 em Mônaco AO VIVO e EM TEMPO REAL. No sábado e no domingo, há também a segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte.