Fórmula 1 decide adiar GP da Emília-Romanha em meio a caos climático na região de Ímola

Decisão da Fórmula 1 chega após pedido das mais altas autoridades italianas. Ímola amanheceu com autódromo bastante atingido nesta quarta-feira (17)

A Fórmula 1 anunciou, na manhã desta quarta-feira (17), o adiamento do GP da Emília-Romanha de 2023 em meio ao caos climático que se instalou nos últimos dias no norte da Itália e já causou, inclusive, mortes e desabrigados. A decisão veio após a estrutura do circuito de Ímola amanhecer bastante comprometida pela tempestade que castigou o local na última terça-feira.

A definição vem após a Fórmula 1 esperar a primeira noite de caos desde que se instalou na pista, na terça-feira, para avaliar como proceder e o que aconteceria. Com direito a apelos das autoridades locais para não ir adiante com o evento, a decisão foi mesmo interromper trabalhos.

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“A F1 quer mandar seu apoio às comunidades e pessoas atingidas pelos recentes acontecimentos na região da Emília-Romanha. Também estamos à disposição para trabalhar com os serviços emergenciais, que estão fazendo tudo para ajudar aqueles que mais precisam neste momento”, diz o comunicado oficial da categoria.

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"Conforme as discussões entre F1, o presidente da FIA, os ministros, o presidente do Clube de Automobilismo da Itália, presidente e prefeito da região da Emília-Romanha, decidimos não proceder com o GP da Emília-Romanha neste fim de semana", continuou.

"A decisão foi tomada porque não é possível garantir segurança aos nossos fãs, às equipes e a todos que trabalham no evento. É a coisa certa e mais responsável a se fazer em vista das situações que as cidades da região estão enfrentando. Não seria certo colocar ainda mais pressão nas autoridades e serviços emergenciais neste momento tão difícil", encerrou.

O desastre climático no norte da Itália nos últimos dias (Foto: AP)

A situação já era difícil na segunda-feira, mas havia a expectativa de que o clima daria trégua para o restante da semana, o que mudou logo nas primeiras horas da terça-feira.

Com a previsão meteorológica apontando para tempestade na região e possíveis inundações, dadas as quantidades de rios na Emília-Romanha, a decisão do Departamento de Proteção Civil foi emitir um alerta vermelho para ventos fortes e alto risco de inundações com chance de deslizamentos de terra. O governo local estimava até 100 mm de chuva sobre as áreas de maior perigo na terça-feira, mas o volume podia atingir até 150 mm, considerado preocupante — o índice pluviométrico indica a quantidade de água por cada metro quadrado.

Pouco depois, o Autódromo Enzo e Dino Ferrari foi evacuado quando parte da logística de organização, equipes e imprensa já atuava no local. Um pouco depois, a ordem foi que todas as unidades de força que já estavam no local fossem levadas a áreas mais altas, por conta do perigo de enchentes causadas pela alta do rio Santerno, que fica ao lado da pista.

É necessário destacar que as fortes chuvas na região não são um fenômeno apenas da última terça-feira. Pelo contrário. Antes disso, a tempestade dos últimos dias no norte da Itália já causara duas mortes, de acordo com a rede de TV RAI, além de um terceiro desaparecido.

“Nunca caiu tanta água em 36 horas”, declarou o governador da região da Emília-Romanha, Stefano Bonaccini. Até o fim da manhã de terça já haviam sido mais de mil intervenções, entre fechamento de escolas e bloqueio de estradas e mais de 900 pessoas haviam evacuadas de suas casas por conta do risco de enchentes.

O Conselho de Ministros, sob recomendação do ministro da Proteção Civil e de Políticas Marítimas, Nello Musimeci, aprovou o estado de emergência nacional na região que abriga as províncias de Ferrara, Forlì-Cesena, Módena, Parma, Placência, Ravena, Reggio Emilia e Bolonha — esta última, a 40 km do Autódromo Enzo e Dino Ferrari, que receberia a Fórmula 1 neste final de semana.

O paddock de Ímola, completamente alagado após as chuvas que assolaram o norte da Itália (Foto: Twitter/Steffen Dietz)

Toda a situação envolvendo o clima instável lançou questões a respeito do impacto que as fortes chuvas poderiam trazer para o final de semana da Fórmula 1. No entanto, fontes ligadas à categoria afirmaram que a visão geral era de que seria possível ir adiante com o evento, mas que havia um plano operacional em andamento para lidar com a probabilidade de chuva para garantir que as instalações para os torcedores, incluindo estacionamentos, sejam utilizadas durante todo o evento. Equipes e estafe da F1, inclusive, mantiveram as viagens para a Emília-Romanha conforme o planejado.

O mais desalentador, contudo, era que a previsão do tempo indicava a continuidade das chuvas por toda a semana, até domingo. Com a alta dos rios, era difícil imaginar que o cenário ficaria mais tranquilo ainda que as chuvas diminuíssem de intensidade em relação à terça-feira.

No dia seguinte, esta quarta-feira, logo pela manhã, estava claro que os estragos deixados pela chuva de terça-feira seriam grandes demais para seguir adiante. Não apenas pela estrutura da Fórmula 1, mas pela força humana que a região da Emília-Romanha teria de gastar no socorro aos habitantes.

Assim, o primeiro vice-ministro da Itália e ministro da infraestrutura, além de ex-primeiro ministro, Matteo Salvini, defendeu publicamente o adiamento da corrida.

“O adiamento do GP em Ímola, previsto para o fim de semana, é adequado diante da emergência pelo mau tempo que assola Emília-Romanha”, disseram fontes do Ministério à agência de notícias Ansa. “Também tendo em conta os contatos diretos entre o ministro, as instituições e associações implicadas”, seguiu.

“Vamos nos dedicar aos resgates. Nesta fase, temos de concentrar todos nossos esforços para fazer frente à emergência, evitando também sobrecargas de tráfico em uma região muito afetada”, defendeu Salvini. “A esperança é que o GP possa ser realizado em um momento posterior. Os fãs da F1 vão entender e apoiar essa escolha”, avaliou.

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O paddock da F2 em Ímola: totalmente alagado na manhã da quarta-feira (Foto: Reprodução/Albert Fabrega/Twitter)

O presidente da região da Emília-Romanha fez coro e pediu que a população ficasse fora do curso das águas.

“Não se aproximem dos rios. Quem vive em regiões próximas a cursos d’água deve se mudar para andares mais altos”, postou Bonaccini no Facebook.

De acordo com a agência de notícias Reuters, as autoridades de Emília–Romanha confirmaram que três corpos foram encontrados nas cidades de Forli, Cesena e Cesenatico. 14 rios transbordaram na região, obrigando moradores a subirem nos telhados dos prédios, como aconteceu em Cesena, onde bombeiros fizeram resgates usando helicópteros e botes.

Além disso, os estragos eram claros até mesmo em Ímola, com inundações no paddock da F2 e da área reservada aos profissionais de TV. A decisão foi tomada sem muita demora.

A Fórmula 1 mexe a estrutura e tem de viajar logo, porque tem o GP de Mônaco marcado para a semana que vem, entre os dias 26 e 28 de maio.

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