Fórmula 1

5 coisas que aprendemos no GP de Singapura da Fórmula 1 2025

George Russell manteve a soberania da surpreendente Mercedes e venceu o GP de Singapura, seguido por Max Verstappen e a dupla da McLaren — que se envolveu em treta na largada. Em dia de grande atuação de Fernando Alonso, o GRANDE PRÊMIO separou cinco lições importantes tiradas da etapa em Marina Bay

A procissão da Fórmula 1 no GP de Singapura, neste domingo (5), não trouxe grandes surpresas. Em um traçado conhecido pela dificuldade de ultrapassagem, George Russell manteve a ponta na largada e rumou tranquilamente para a vitória, à frente de um Max Verstappen que nunca teve chance real de atacar. Mais atrás, Lando Norris mergulhou para cima de Oscar Piastri na largada e enfim deu uma apimentada na briga, que pode ter novos desdobramentos internos na McLaren. A equipe, aliás, selou o segundo título seguido do Mundial de Construtores.

Entre os principais ingredientes da prova, ficou também a surpresa de Russell pelo desempenho absurdo da Mercedes, acostumada a gostar de locais frios. Em uma das etapas mais quentes do ano, o inglês nem precisou se preocupar com a concorrência e venceu sem problemas. Outro que teve grande atuação foi Fernando Alonso, prejudicado por uma parada lenta da Aston Martin, mas em dia iluminado.

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Por fim, a falta de ação na corrida levantou novamente a questão: qual o sentido de fazer uma corrida sprint em Singapura em 2026? Mais uma vez, a etapa não teve grandes disputas e nem mesmo uma briga pela vitória, que tinha um dono claro desde o início. O único momento de emoção, como sempre acontece, foi na largada — que teve até mais tranquilidade dessa vez. Nem o safety-car, que poderia ter adicionado uma camada de imprevisibilidade, apareceu.

Além do pódio, formado por Russell, Verstappen e Norris, o top-10 do GP de Singapura teve Piastri, Andrea Kimi Antonelli, Charles Leclerc, Fernando Alonso, Lewis Hamilton, Oliver Bearman e Carlos Sainz. O brasileiro Gabriel Bortoleto terminou na 17ª colocação.

GP de Singapura terminou em festa da campeã McLaren. Mas não sem treta (Foto: AFP)

Assim, o GRANDE PRÊMIO separou cinco coisas que aprendemos no GP de Singapura, 18ª etapa da F1 2025.

McLaren é campeã culposa da Fórmula 1 2025

Consolidando algo que já se esperava desde as primeiras corridas da temporada, a McLaren conquistou o título do Mundial de Construtores no GP de Singapura. E a ocasião não poderia ser mais simbólica. Na equipe que inegavelmente construiu o melhor carro da Fórmula 1 desde meados da temporada passada, as patacoadas e sorrisos amarelos se acumularam demais em momentos que deveriam ser tranquilos. Em outras palavras, é uma esquadra que erra com frequência, mas tem vantagem o suficiente sobre as outras para isso. Assim, não sofre consequências.

A corrida de Marina Bay é um grande exemplo: logo na largada, Norris empurrou Piastri, que foi ao rádio reclamar ao invés de resolver na pista. Depois, para cobrir Leclerc, o time chamou o australiano e (mais uma vez) foi lento no pit-stop — mas voltou à frente. Isso se dá pela competência do time de projetistas, que construiu um carro capaz de anular várias dessas fraquezas. É, sim, uma esquadra campeã mundial, mas que definitivamente não mostra a perícia esperada de quem ocupa o topo do esporte.

Ninguém entende a Mercedes — principalmente ela mesma

Montanha-russa da Fórmula 1 desde 2022, ano da estreia do novo regulamento técnico, a Mercedes deu mais uma prova disso no GP de Singapura. Russell teve problemas no início do fim de semana, mas surgiu como um raio na classificação para conquistar a pole e nem olhou para trás no domingo. Mesmo com Verstappen largando de macios, o britânico disparou e não sofreu ameaças ao longo das 62 voltas em Marina Bay.

E a entrevista pós-corrida foi cirúrgica. Afinal, Russell simplesmente explicou que ninguém na Mercedes faz ideia de como o carro performou tão bem ao longo do fim de semana. Afeito ao frio, o W16 sobrou no calorão de Singapura e novamente deixou claro que o time pouco compreende sobre o equipamento. Com um novo regulamento surgindo no horizonte, a esperança em Brackley, certamente, é deixar essas oscilações para trás em 2025.

Verstappen é pimenta que a F1 precisava na temporada

Vivendo uma briga insossa pelo título, com Norris e Piastri abrindo passagem um para o outro em frequência anormal, a Fórmula 1 precisava de uma apimentada na briga. E Verstappen chega justamente para assustar os dois, claramente inferiores em termos de nível — mas com um carro melhor. A pressão de um tetracampeão mundial tende a mudar as coisas, e o empurrão de Lando em Oscar na largada (com direito a toque em Max) foi um sinal levemente diferente do que a relação tem mostrado até agora.

Em outro momento da corrida, Norris foi questionado se renunciaria a parar primeiro para permitir que Piastri cobrisse Leclerc — e recusou. A urgência de também evitar a aproximação de Verstappen apressou as coisas, e a relação da dupla da McLaren também deve mudar por consequência disso. Agora, é entender se a Red Bull vai conseguir competir com o time inglês até o fim da temporada, o que pode gerar momentos mais quentes em um campeonato desnecessariamente morno.

Alonso merece carro para competir

Que corridaça de Fernando Alonso, senhoras e senhores. Largando em décimo, o bicampeão mundial se manteve nos pontos até trocar os pneus, quando foi absurdamente prejudicado por um pit-stop de 9s da Aston Martin. O lance rendeu até uma disparada do espanhol pelo rádio, ameaçando desligar a comunicação, mas o que veio a partir daí foi uma atuação sublime, daquelas que fazem pensar o que aconteceria se o veterano tivesse carro para competir à frente.

Com ultrapassagens em um circuito apertado e leitura de corrida suficiente para manter o ritmo constante, Alonso foi ganhando posições e escalou o pelotão até chegar ao oitavo lugar, atrás de Hamilton. Ainda aproveitou os problemas de freio do heptacampeão e colou no fim, o suficiente para herdar o sétimo posto com a punição ao britânico. À frente, Fernando só teve duas McLaren, duas Mercedes, uma Red Bull e uma Ferrari, em apresentação monstruosa que deixa questionamento no ar: o que aconteceria se Adrian Newey projetasse um carro competitivo logo de cara em 2026?

Sprint em Singapura faz cada vez menos sentido

A divulgação do calendário de 2026 com uma corrida sprint em Singapura levantou sobrancelhas no ato, mas faz ainda menos sentido após a realização da etapa deste ano. Mais uma vez, o fim de semana foi decidido com a pole de sábado, e Russell nem teve a vitória ameaçada. Norris protagonizou a única mudança nos carros da frente, com um mergulho que envolveu toques em dois pilotos na largada, e Alonso parece ter sido o único em condições de ultrapassar.

De resto, a corrida foi uma procissão e não trouxe momentos de emoção, nem quando Norris encostou em Verstappen. Nunca pareceu que haveria espaço para um ataque, assim como em quase todas as disputas de posição ao longo das martirizantes 62 voltas. O único castigo maior, realmente, é imaginar um fim de semana com duas corridas no traçado de Marina Bay, experiência que a Fórmula 1 vai proporcionar aos fãs em 2026.

Fórmula 1 retorna de 17 a 19 de outubro, em Austin, palco do GP dos Estados Unidos.

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