Chefe da F1 cutuca ego de Ben Sulayem, mas descarta briga: "Sou maior que tudo isso"

Chefão da F1, Stefano Domenicali apontou os erros da gestão de Mohammed Ben Sulayem, mas dispensa "troca de socos" e busca melhorias para o esporte

Na última semana, foi anunciado pela FIA que Mohammed Ben Sulayem deixaria de exercer um papel mais direto nas operações da Fórmula 1. O presidente do órgão regulador entregou o dia a dia das conversas com os chefes da maior categoria do esporte nas mãos de Nikolas Tombazis, que assumiu recentemente a diretoria de monopostos da entidade que rege o esporte.

Isso aconteceu na esteira das muitas controvérsias entre o presidente árabe e a F1, desde a saga do teto orçamentário e a divulgação do calendário até o valor financeiro da categoria, a proposta da Andretti e a 'regra' para impedir protestos dos pilotos. Antes mesmo do anúncio, o chefão da F1, Stefano Domenicali, já havia se colocado contra as decisões de Ben Sulayem, dizendo que não colocaria "mordaças em ninguém".

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Em entrevista recente à Sky Sports, o mandatário reiterou sua posição e apontou os erros da nova gestão da FIA. "Essas coisas não deveriam acontecer. Para o bem do esporte, cada um precisa fazer o seu trabalho. A credibilidade da nossa marca está relacionada a todos fazerem o trabalho perfeito na função que desempenham", disse ele.

Presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem foi afastado do dia a dia da F1 (Foto: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Content Pool)

“É normal para um novo presidente que ele tenha um manifesto a respeitar. Porque essa foi a proposta dele na frente dos membros que o apoiaram. Mas é preciso tempo para ajustar, para avaliar o papel certo dentro da FIA. Não é segredo que a chave do sucesso é cada um fazer o seu trabalho, da maneira certa, para beneficiar o crescimento do esporte", completou.

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De acordo com uma porta-voz da FIA, a decisão de nomear Tombazis para o trabalho com a F1 já havia sido tomada no mês passado, depois que a entidade estabeleceu uma nova estrutura de gerenciamento para o Mundial. Entretanto, Domenicali comenta na entrevista que é preciso de mudanças, se alguma ponta estiver solta.

"Nós fazemos nosso trabalho como detentores dos direitos comerciais. As equipes fazem seu trabalho. O mesmo para a FIA que teve um ano para desenvolver, crescer, trabalhar em uma nova equipe. Eles devem entregar o trabalho. Todos nós temos nossa credibilidade nisso. Se alguém não está fazendo o trabalho certo? Isso é um problema", comentou.

"Discutimos isso com Mohammed. Ele é o presidente. É uma grande função. A ação dele será ligada à estratégia, como deve ser, e as pessoas vão cuidar do dia a dia", seguiu.

Por fim, Stefano lembrou a parceria com a FIA e o acordo de 100 anos entre as partes, quando a entidade cedeu os direitos comerciais da categoria em 2001.

“No acordo de 100 anos, eles são os reguladores. Juntos, eles moldam o esporte conosco. Eu não quero lutar. Se esta é a abordagem, está errada. Eu tenho uma perspectiva maior. Eu não tenho um ego. Eu não vou trocar socos! Não é meu papel. Eu sou maior do que isso", finalizou.